domingo, 27 de fevereiro de 2011

So far away...

 Sabe, eu sou bipolar, vou da alegria à tristeza em segundos, posso sorrir como a pessoa mais feliz do mundo, para logo depois chorar como a mais infeliz.
 É, essa confusão de sentimentos é grande, e eu não consigo controlar. Mas acho que tudo isso aumentou quando eu encontrei seu sorriso no meio de tantos outros. Você não sorria pra mim, é claro, mas seu sorriso mexeu comigo garoto, você não sabe o quanto. E eu me arrependi de não ter reparado no teu sorriso antes, porque você esteve lá por tempo demais, e eu não vi.
E esse é outro de tantos defeitos que tenho, não reparo nas coisas, apenas quando elas vão embora. Sabe, acho que eu estava presa em um mundinho platônico, e esse mundinho era minha área de conforto, nunca foi cômodo sair de lá para reparar nos sorrisos a minha volta. Sabe, o sol batia no seu rosto e alguma coisa refletiu em mim, e eu agradeço a isso, pois meus pés nunca estiveram tão longe do chão como naquele momento, foi uma sensação única, meio clichê também, mas meu coração agradeceu com cada batida descompassada enquanto você passava por mim sem nem ao menos me notar.
Entre tantas coisas que eu gostava em você, seus olhos eram os que mais me confundiam. Era estranho, eu me perdia neles sem você nem se dar conta, e eu adorava a sensação, eles eram como ‘céu cinza chuvoso’. Eu sei que nunca foram assim, cinzas, mas eu sei que amaria eles em qualquer forma e cor.
 Eu odeio não ter auto-controle. Odeio quando a vergonha me faz não sorrir de volta, e então você chegou e quebrou essa barreira, ainda não sei como, mas você conseguiu fazer com que essa vergonha de ‘olhar de volta’ não existisse quando se tratava de você, mas eu agradeci, mesmo meu auto-controle chegando a zero quando você estava perto, e eu não tinha noção de mais nada.
 Lembro-me de quando uma das minhas melhores amigas disse “Tudo que é bom dura pouco”, e o tempo que eu tinha passava rápido, rápido demais. Logo só restaram cinco dias, apenas cinco dias, e eu não te veria mais.  Não haveria mais sorrisos e olhares, não haveria mais nada. Sim, eu te queria perto, tanto quanto eu nunca quis na vida, mas era tão difícil chegar até você, mesmo com amigos em comum, e eu tentava falar com você quando eu podia, mas eu sei querido, você nunca deu a mínima, e eu não te culpo.
Eu que fui a idiota da história, e eu continuo sendo. Porque eu ainda guardo para mim todos aqueles cinco dias.
 Sim, dois monólogos não fazem um diálogo, uma pergunta sem resposta também não.
 Os dias se passaram como se fossem um, e o último minuto chegou, aquele que eu queria evitar a qualquer custo. Eu nunca quis tanto o dom de poder parar o tempo quanto naquele dia. Você não sentiu nada, nem sequer notou minhas crises de bipolaridade. Garoto, eu senti em dobro. Você nunca teve motivos para se aproximar, nunca teve vontade, e você não sabe quanto isso machuca. O dom de me fazer invisível era só seu.
 E nunca vou esquecer o momento que eu fui embora, e depois você nem sequer olhou pra trás. Por mais que doesse, eu ainda queria me agarrar a um fio de esperança. E você nunca deixou nenhuma, eu que sempre alimentei expectativas falsas. Aquele dia eu não chorei, meu pensamento de “isso vai passar tão rápido quanto veio” ficou presente a noite toda. E nós entramos de férias.
  Um mês depois eu vi você, e tudo aquilo que eu não tinha esquecido voltou mais forte ainda. Foi um pequeno olhar, algo como um “Oi” e lá estava a idiota, sonhando acordada novamente. Esse foi meu maior erro, pois logo eu consegui descobrir como poder lhe ver de novo, e eu o fiz. Um diálogo e tanto, duas frases, e seu sorriso me tirou do controle de novo.
Aquilo me fez voltar lá novamente, e ainda não entendo se foi pressa, ou se você só não estava com vontade de olhar meu sorriso idiota de quando você está por perto, e você fingiu que não me viu. É garoto, na verdade eu queria que você tivesse fingido, pois pelo menos seria algum tipo de sentimento, mas eu sei, no fundo do meu coração eu sei, você não me viu, e sabe por que isso não me alivia? Porque eu nunca consegui chamar sua atenção, nem muito menos prender ela.

 Sabe, eu me sinto meio perdida, e ainda procuro nos outros um pouco de você, e quando eu encontro alguma mínima coisa que me faz lembrar você, é ainda pior.
Acho que minha ficha ainda não caiu, e que a estúpida esperança de ver você de novo continua comigo. Mas eu não vou mais voltar a te ver, nem vou mais arrumar pretextos para isso. Porque inevitavelmente as coisas não foram como eu esperava, e as coisas mudaram. Eu sinto falta dos meus amigos, das bagunças, do lugar, e olhar em volta e não ver mais nada do que era, me cansa e machuca. E de tantos sentimentos que eu tenho, a saudade é a pior deles.

 Eu também não gosto quando as coisas chegam ao fim, ou tem que chegar. Não gosto de despedidas, nem de abraços e lágrimas, mas pra mim não vai ter nada disso, e eu agradeço por isso, por não ter que me despedir de você como fiz com os outros. E essa é minha deixa garoto, mesmo sabendo que você nunca lerá isso, e nunca saberá de nada, preciso acabar por aqui.
Eu queria que você soubesse que eu sinto a sua falta, e que eu amo o jeito que você sorri.


And the light you left remains but it's so hard to stay, when I have so much to say and you're so far away... (8)