Minha vontade de escrever se foi. Foi sem dar sinal de paradeiro, ou retorno. Foi sem nem perguntar o que eu seria sem ela, como eu iria fazer quando as lágrimas não coubessem mais nos olhos, e eu estivesse com medo de deixá-las caírem. Ela me deixou aqui, sem saber o que fazer, tentando e tentando, sem sucesso algum.
Palavras soltas, verbos sem conjugações, interrogações, pontos finais, e virgulas, tudo se mistura, formando um nada, um nada tão grande que perfura todo o meu sentir, que me faz perder o ar dos pulmões. Eu tenho necessidade de dizer, através das palavras, tudo o que não ouvem atrás da minha voz, tudo o que não aparece, através do meu olhar, tudo o que meu sorriso tampa e mascara.
Mais uma vez eu me perdi nas linhas das minhas palavras, tentando fazer com que todo esse sentimento se exploda nas linhas brancas que estão diante dos meus olhos cheios de sentir. Mais uma vez eu não soube com quais palavras começar ou seguir, sem ter ao menos uma frase fazendo sentido. Concordâncias, verbos, substantivos, advérbios, artigos, sujeito, predicado, corretos, incorretos, simples, compostos, singular, plural, futuro, passado e presente se misturam. Minha vontade de me desfazer nas palavras fica maior a cada começo jogado de lado, a cada sentimento sendo quebrado sem saber como continuar. Mas, como expor aquilo que esta no ímpeto da alma? Aquilo que está intocável no coração? Ou lágrimas ou palavras, escolha. Eu prefiro escrever, prefiro criar um mundo meu, fazer e desfazer, iludir e aumentar. Essa é a minha vida.