domingo, 22 de março de 2015

A paz do fim

O outono chegou junto com uma lua nova e um recomeço. Não sei se foram os astros, não sei se foi o destino, não sei se foi você ou eu, mas foi, e foi sem dizer o porquê, sem explicar e sem despedir. Quando foi que paramos de fazer sentido? Em que esquina eu me perdi do seu abraço? Só sobraram folhas em brancos com uma história que durou tão pouco, algumas páginas pra prender o fôlego e um final trágico de uma curta metragem que não pode virar filme. Queria que você soubesse que sua ausência faz chover muito mais aqui dentro que lá fora, e não há escuridão que me preencha, não há desespero que me faça enlouquecer, só esse vazio que deixou de fazer sentido. Vem cá e me ofenda, me mostra o quanto eu to errada por querer acabar com tudo de novo, me mostra que eu sou idiota demais para isso e que você pode fazer diferente. Me ofende, me irrite, testa a minha paciência com o seu jeito de descontar sua raiva nos quatro cantos do quarto, só não me deixa aqui com esse buraco que o seu silencio transformou. Não me deixa perceber que o fim chegou e eu não posso mais fazer nada. Vem e me mostra que o mundo não é só isso afinal, que a gente pode se ajeitar na sua cama pequena de novo, enquanto você reclama que eu reclamo demais. Volta pro meu lado e caminha com mais calma, não precisa dizer nada, é do seu abraço que eu preciso agora, é do seu ombro que minha cabeça precisa pra descansar. A gente acabou e eu nem pude me acostumar com a escuridão do seu quarto, nem tinha decorado o caminho da sua casa direito ainda. Quantas amoras ainda faltavam acabar? Nós tínhamos tantas promessas, eu me pergunto cadê a sua de não ir embora, onde foi sua vontade de ficar comigo em mais um domingo sem graça? Sabe menino, seu coração deixou de ser meu abrigo e eu não posso voar para longe. Você me chamou pro mundo e me fez sair do fundo de onde eu estava, agora fico perdida num mundo que não é meu, você soltou minha mão e foi para longe, posso correr o risco de me encontrar agora?