segunda-feira, 12 de março de 2012

A hora do trem partir

Porque o mundo é grande demais e eu apenas uma, pequena e fria, mínima parte. E minha cabeça não funciona, nestes dias em que parece que o mundo irá me engolir. É nesses dias que toda a minha inexistência pesa sobre meus ombros, pesa demais, me esmaga e me apodrece, e eu me deixo apodrecer, sem tentar lutar contra o que me abala, contra tudo, contra mim mesma. Eu tenho medo da minha loucura, do que as noites de insônia pode me levar a fazer. Pontes altas, rodovias largas, remédios fortes e armas prontas, tudo parece atraente demais para o fim dessa existência medíocre que não parece existir. Você poderia me explica o que é a solidão? Eu, particularmente, não sei, mas gostaria de não senti-la. [...] Tenho medo de existir. Não é um medo comum, eu sei, mas eu só não quero ter que abraçar o mundo, quando nem ao menos consigo levantar da minha cama sem a dor da madrugada. Solidão, menina insistente está, puxa uma cadeira, se senta ao seu lado, e fica, faz companhia, te abraça, esvazia como quem suga as forças, parar se alimentar. E quem pode ir contra algo que nãos e vê? Lutar no escuro, vencer o nada. Mas me alivias saber que talvez isso passe, junto com a vinda da próxima chuva.

sábado, 10 de março de 2012

Paralelo

Está frio aqui, mesmo com o sol ardendo do lado de fora, eu sinto isso, desde que você saiu pela porta dos fundos, eu sinto isso o tempo todo. Seus braços saíram do redor da minha cintura e o chão parece se mover sob meus olhos, eu não estou mais segura, sinto como se fosse cair a qualquer momento, desde que você me soltou para o mundo.   Os seus lábios descolaram-se dos meus, e meus olhos se abriram, mas eu ainda não consigo enxergar, só vejo rabiscos do que antes eram imagens, você me guiava, e eu fechava os olhos e te seguia, sem ao menos me preocupar com o lugar que você estava em deixando. Ah e suas mãos, antes, entrelaçadas nas minhas, agora me fazem sentir medo, medo de tudo, e do nada. E sinto falta dos seus olhos e seu sorrisos, eles me deixavam perdidas, e eu adorava me perder neles, até me perder em você e não conseguir mais achar o caminho pra casa. Você se foi, e eu nem ao menos disse uma palavra, somente se foi, sem deixar-se despedir. 

sexta-feira, 9 de março de 2012

Passos Falsos

Fechou os olhos e como sempre, as últimas palavras dele a calou. A intensidade das verdades que foram jogadas no ar, foram contra seu pequeno corpo, sua pernas perderam as forças, como se fossem sugadas pelo chão. Quis sentar-se ou se jogar contra alguma parede atrás de si, queria apenas algo que desse apoio. Ouviu a porta se bater com força. Ele havia ido embora, de vez.
  -“Aquela estrela, olhe aquela estrela...”
 Imagens de alguns dias atrás invadiram sua mente, a voz dele se difundia com ao som acelerado de seu coração. E então caiu. Desabou e foi de encontro com o chão frio e as lágrimas, enfim, venceram-na, percorrendo seu rosto.
 -“Fica pra sempre?”
-“Fico.”
Eram coisas demais para ela, eram muitas memórias se fazendo presente. Ele não a amava, e tudo fora mentira, uma doce e curta mentira. Fora como subir na nuvem mais alta e vê-la se dissolver sob seus pés, logo não havia mais nada, só o chão e os machucados, recém abertos, e doía demais.
-“Aquela estrela, olhe aquela estrela...”
-“Aquela mais brilhante?”
-“Sim, aquela estrela, ela significa nós dois.”