domingo, 6 de setembro de 2015

Esquiva da Esgrina

O trem corre nos trilhos, trepidando entre estações. Pessoas marcadas pela rotina voltam para suas casas. Pergunto-me quais são suas histórias, alguém ainda tem algum sonho? O que seus olhos cansados e fundos podem mostrar além do peso do mundo que carregam nas costas? Quem ainda olha pro lado? Quem pode ouvir o que jovens sonhadores tem a dizer? Será que alguém acredita no futuro? Ah, a rotina do homem assalariado, sempre com pressa, sempre atrasados. Atrasados pro trabalho, atrasados pra casa, atrasados pra vida. A dicotomia dança entre sorrisos e recusas, dando as mãos pela prolixidade de quem não quer ouvir a verdade do mundo. Os prédios engolem o céu da manhã e a individualidade engole desejos de bons dias. Santa capital, transformando seus homens em máquinas que consomem dinheiro e energia vital. Quantas mensagens cabem em uma tela brilhante, enquanto os olhos fixos nela não olham para o lado? Quantas histórias não contadas cabem no silêncio       eletrônico de uma vagão de trem?        
Ah criança, vai pra casa e aprende a sorrir com verdade, porque a vida passa levando a multidão apressada pelos vagões sem sentimento. Vai criança, vai brincar enquanto há tempo, espera que alguém no mundo ainda pode nos ouvir e agradecer. Somos o que a vida chama de incomodo, e o que essa gente taciturna finge que não vê. Não são só dados bancários, não são só metas batidas, são apenas crianças, e a inocência que acredita que tudo pode ser diferente.