Alguns dias, somente isso, e todo o meu sorriso irá se perder em lágrimas. Eu deveria estar feliz, eu realmente deveria estar feliz por você ir embora, mas eu não estou. A presença da idéia de você partir de vez me assusta demais, me prende o ar na garganta, eu mal consigo respirar. Seria assim se você não tivesse me deixado? Seria assim mesmo que os seus braços me envolvessem e você dissesse que tudo ficaria bem? Você ainda sim iria embora? Não, eu nunca vou saber, por que seus braços nunca vão além da minha imaginação, que insiste em te ter aqui, insiste em fazer de você o mundo que eu queria que tivesse sido.
Nós nos separamos é verdade, mas isso nunca me impediu de sobreviver a base do seu sorriso que nunca foi meu. Quem poderia saber que por trás do sorriso feliz e do ‘Isso é passado” tinha alguém que se alimentava de cada fragmento solto no ar, de cada sorriso que nunca foi meu e de cada olhar que nunca me alcançou? Quem poderia saber que eu ainda te amava do mesmo jeito e que sem você meu mundo se partia em pedaços pequenos demais para serem recolocados de volta no lugar? Ninguém poderia saber, muito menos você. Eu fingi e menti muito bem o tempo todo. Atuei com maestria sobre não deixar você perceber. E o que eu ganho agora? Quando meu sorriso não é mais capas de esconder sua falta? Quando as mentiras de um outro alguém não são capazes de me distrair? O prêmio de consolação ou um simples parabéns por ter tentado?
Depois de 4 meses e as tantas vezes que fui e voltei são inacreditáveis. Algumas fichas caídas, soluços a noite, uma brecha de esperança num outro dia, a volta pelo caminho já trilhado milhões de vezes. Eu estou andando em círculos sabia? Rodando e rodando, sem nunca chegar a algum lugar. Posso te culpar por ter me deixado aqui? Ou apenas admitir que eu que nunca deveria ter entrado?
Eu nunca deveria ter começado a escrever sobre você. Esse deve ser o vigésimo texto, dizendo e dizendo, sem nunca realmente dizer nada. É como se os 2% esvaziados com cada 30 linhas se preenchesse a cada segundo. Mas me diga o que eu vou fazer, se nem meu maior remédio está curando a sua falta? Você nunca vai saber disso.
Mas logo eu nunca mais vou te ver, nunca mais vou ter seu sorriso me aquecendo e me aterrorizando de um jeito bom e ruim. Lembra das antíteses? É, elas voltaram. Qual vai ser o jeito se eu já nem lembro mais do seu sorriso por algumas horas que passaram?
Nós dois sofremos. Eu sinto a sua falta e ela não te da à mínima, não é? Eu corro atrás de você, enquanto você faz tudo por ela. Quem pode julgar a mim ou a você? Quem pode dizer que nós somos insanos por ir atrás do que nos faz feliz? Eu sou insana. Quero o que não é e nunca me pertenceu. Morro por algo falso que está vivo em minha memória. Mas quem poderia me culpar? Eu culpo.
E eu me pergunto, no final de todas essas perguntas, como eu posso escrever um futuro envolvendo o passado? Como eu posso querer você na minha vida, com todos os meus planos, se você foi embora a um tempo atrás? Você simplesmente não faz parte da minha vida, e eu tenho que entender isso antes que seja tarde, antes que o seu sorriso se vá e me deixe no escuro do meu caminho, sem ele me iluminando. Agora vá de uma vez, antes que eu me enlouqueça, antes que você me faça perder o resto de realismo que existe em mim em algum lugar. Antes que o sentido fuja mais ainda de mim. Somente vá, e, por favor, leve tudo o que é seu, tudo que eu não consigo soltar e deixar ir. Me desgarre das suas lembranças e leve-as com você. Vá e nunca mais volte, nunca mais encare e nunca mais sorria. Vá e me deixe aqui, eu encontro a saída, eu sempre encontrei tudo, sozinha.