sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

She will be loved



  Nos lábios dela sempre havia um sorriso, daqueles espontâneos que contagiam até o mais desprezível ser. Uma daquelas garotas que não se importa com o mal em volta. Ela transbordava alegria, exalava e atingia quem estivesse por perto. Contagiante? Bom, depende de quem esta perto. Talvez fosse falsa, talvez a alegria fosse de momento. Mas quem iria querer saber? Quem iria se importar com tal detalhe? Talvez o que mais valia no momento fosse a quantidade de pessoas a sua volta. Ela sabia o que precisava pra manter o sucesso e ela tinha, mas o sorriso inicial já não era o mesmo no final da noite. (...)  Ela odiava chorar. Fazia careta, borrava a maquiagem e mostrava toda sua fraqueza. Odiava a si mesma e socava o travesseiro. De quem era a culpa? Ela não queria pensar, nem descobrir no final da madrugada que era dela própria. Mas no fundo sabia o que realmente precisava, havia uma palavra que soava, no fundo de si própria, vazio. O que fazer com ele? Como se livrar dele? São perguntas feitas ao entardecer. (...) O sol se punha, laranja na metade cinza, deitada com os olhos na janela, seus pensamentos rondavam. Ela transbordava palavras, saiam pelos poros, fugiam pelo ar, juntavam a cima da cabeça, e ela tentava transformar em algo concreto. Tentava ler nas entrelinhas, e viravam borrões. E as perguntas se misturavam com a chuva na janela. Nada seria real naquele dia, mas era o que havia.


( - Com Sabrina Marx)