Ei querido, como está? Sinceramente, eu espero que você esteja bem melhor do que eu estou no momento. Sabe, essa deve ser a décima quinta carta que te escrevo, sem nenhuma intenção de entregá-la em mãos. Mesmo prometendo não escrever mais para você, sempre resta algo não-dito, algo por colocar no final. E meu conforto é poder escrever sem me preocupar com o que você poderia achar, ou com os risos de desdenha que você daria. É que era tudo tão bom, sabe? Que agora, pensando em tudo, fica difícil acreditar que foi tudo mentira, ou acreditar que tudo não passou de um sonho. E então eu penso em como as pessoas podem mentir desse jeito. Você foi o mais perto que ninguém jamais conseguiu de mim. Você quase desvendou os meus medos, quase desfez minhas amarras, quase me teve por inteiro. Quase.
Agora eu te vejo de longe, e aquela vontade de te abraçar não explode mais no meu peito, vai ver eu já me acostumei a não te ter mais, mas de alguma maneira, você ainda ronda meus pensamentos, como uma incógnita, sem nenhuma explicação. E se você não tivesse ido, onde estaríamos agora nessa tarde ensolarada? E se você tivesse me abraçado naquela hora, olhando nos meus olhos e me pedido pra esquecer tudo, que suas palavras foram tolices? E se eu tivesse feito tudo diferente? E essa sombra do ‘e se’ me atormenta, me tira o sono, me faz pensar no que poderia ter sido e não foi, e eu não quero mais pensar em nada disso. Estive olhando por tempo demais para suas fotografias, e me fez lembrar em como seu sorriso era bobo, e em como seu corpo em aquecia. Você nunca vai saber que, quando você foi embora, aquela sua blusa, tão maior que eu, era meu conforto para me fazer dormir a noite, e esperança que você fosse voltar. Tolice demais, eu sei, você já não ligava mais. Um mês havia se passado, e o cheiro daquela blusa ainda não tinha saído, e eu não reclamava por isso, afinal, aquilo era você nos meus sonhos loucos, onde eu acordava na madrugada a sua procura. Mas ela não fez mais sentido no quinto mês. Joguei-a fora, sim, meus olhos estiveram mais vermelhos naquele dia do que em todos os outros meses. Talvez fosse por saber que você não voltaria, e minha ficha tinha realmente caído. Depois daquele dia eu passei duas semanas trancada no meu quarto, sem responder a ninguém.
E hoje faz um ano sabe, mas tudo bem, você já não me afeta mais, sua presença não me incomoda como antes. Agora eu posso voltar aos lugares que íamos juntos, sem precisar sair correndo pro medo de me verem chorando. Eu te amo ainda, acho que isso nunca vai mudar, mas eu acho que esse é o nosso final querido, bem, me deixa enxugar as últimas lágrimas e te dizer adeus, mesmo que você não saiba. Durma bem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário