Da sacada de sua casa ela viu as luzes se acenderem, uma a uma. Eram 18horas, a noite chegava sorrateira, trazendo a brisa de companhia, fazendo com que um arrepio percorresse seu corpo. Despertou. Piscou varias vezes, há quanto tempo estava lá? O sol já havia se posto, e não percebera, nem ao menos notara as luzes apagadas e a escuridão do seu quarto. Não, não havia dormido, apenas se desligara do mundo, estivera acumulando coisas de mais para se pensar. Tirou os fones de ouvido, estavam tão perfeitamente encaixados, mostrando que aquela era a sua rotina, os seus fones de ouvidos, a sua música. [...] Se levantou devagar, esticando cada parte do corpo, estralando-os, estiveram ali por tempo demais. Apoiou os cotovelos no muro da varanda, observou a agitação das pessoas lá em baixo, as expressões vazias de qualquer sentido, poderiam ser comparadas com robôs, mas eram só fantoches da rotina. Passos rápidos, eram só isso que descreviam as pessoas lá em baixo, apenas passos rápidos, sem nada a acrescentar, sem nada a se reparar. Sem sorrisos, sem conversas, apenas passos rápidos. [...] A brisa suave se transformou em ventania forte, balançando as poucas arvores que haviam nas ruas, agora as pessoas quase corriam. Vento; o tão grande anunciador da chuva... Os primeiros pingos caíram, os guarda chuvas já podiam ser vistos lá em baixo, mas ela não saíra de lá, continuou observando as pessoas, mesmo com a chuva sob si. [...] A chuva havia diminuído, mas ela não se movera, estava molhada, e mesmo com os cabelos pingando, não se incomodou. A chuva se acalmara, e incrivelmente fizera o mesmo efeito com o coração dela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário