domingo, 21 de dezembro de 2014

Aquela antiga canção

Reli Sobre arvores e xícaras de café, e então pude entender. As coisas mudam não é mesmo? Mas porque me encontro exatamente na mesma situação? Hoje é domingo, e a chuva não cai do lado de fora, só havia aquele sol brilhante e o calor que não me deixou dormir. Estive lendo aquelas mesmas cartas, das 12h30 às 18h00, e minha cabeça continua cheia. Não falei sobre árvores e não tomei café. Porém me lembrei do dia anterior, e senti saudade dos nossos infinitos. Em comparação dos anos, minha escrita diminuiu drasticamente. Escrevi 55 textos em 2013, em contra partida, há apenas 11 em 2014. O que há de errado? Cadê a vontade de me expor em palavras? Fico triste em constatar que minha agonia grita e não pode mais sair. Me perdi entre o tempo e não consegui voltar. Há tanto para dizer, e tão pouco sentido, já não sei me colocar na frente, não consigo libertar as palavras que tentam incontrolavelmente achar uma saída. Faltam 10 dias para que 2014 acabe, e eu não sei de que lembranças me orgulharei quando o relógio bater às 00h. Quando foi que me perdi de mim mesma? (…) Sai subitamente da minha rotina, perdi meu emprego, como quem foge para se abrigar. Tenho passado 24 horas em puro ócio, e tenho pensado demais. É que bate aquela nostalgia, sabe? E agora tenho a madrugada como companhia, e tenho medo de voltar a enlouquecer. Quero desesperadamente abraçar o mundo, e ficar esperando o aval do tempo dói! Parece que a vida esta passando pela janela, e eu estou ocupada demais esperando a idade certa para viver. (…) Vi fotos antigas, e me fez sentir falta de 2013. Sinto falta de estar naquele lugar, ouvindo aquelas mesmas músicas, de saber que tudo ficaria bem, porque eu pertencia a algum lugar. Os risos não são sinceros agora, e eu estou vivendo no modo automático. E quando me perguntam sinceramente se estou bem, já não sei o que responder, e só consigo pensar; “Eu estou bem?”. E acabo sorrindo e balançando a cabeça em sinal de afirmação, porque, afinal, não há o que dizer. Passei 8 meses sem tempo para indagações, o tempo me faltava, e eu só queria descansar a cabeça no travesseiro para ter um novo dia. E hoje todas as perguntas que ficaram presas estão sendo jogadas de volta a mim. Antes eu sabia exatamente o que fazer, mas hoje lembrar de como corremos na chuva não está ajudando, porque são lembranças agora, e tudo se transformou em fotografias antigas, e porque não tenho mais 16 anos, e é difícil me lembrar de como era ter essa idade. Você também fracassou, Charlie? Cadê os infinitos agora? Eu realmente não sei. “E diz que só queria descansar, de quem a gente mesmo escolheu ser…” (…) Eu só queria poder repetir tudo o que já escrevi, pois não há mais nada aqui, só um amontoado de dores que já conheço bem, são saudades com gosto de adeus. Dezembro sempre me traz nostalgia, a vontade de ter feito mais com os dias que passaram. É segunda feira, e eu não sei que diferença isso fará. E me lembrei de todos os momentos felizes, mas não consigo me sentir feliz, talvez haja tanto vazio aqui, que não dê para acalentar com lembranças que tanto guardo. É só uma saudade grande de ser quem eu era, de não querer estar em nenhum outro lugar além daquele, e saber qual era o motivo. É triste escrever sobre solidão, o mais triste é saber que já falei tudo o que tinha de dizer, e não há mais palavras, só aquela foto em que todos nos esperávamos que desse certo, e aquele abraço de despedida que não dei em ninguém. Éramos tantos e fomos heróis de nossas próprias histórias em cada parada de estações de trem. (…) Havia tanto para dizer, e agora não consigo chegar ao final. Talvez devesse dizer que ontem eu dormi feliz, o sol se pôs e nós andamos por ai, elas eram novas, estavam entre seus 16 anos, percebi o quanto tinham bons pensamentos para o futuro, e nós olhamos o céu e eu pude me sentir parte de algo novamente. E entre os risos em um ônibus lotado, e eles falavam alto e me lembrei de como era rir de verdade, e não querer estar em outro lugar. Mas o peso disso veio em minhas costas ao acordar, por saber que diferente de antes, esses momentos não eram mais frequentes. Sinto falta dos infinitos, e do azul que aquela menina me falara. E agora, José? O que é que a gente faz da vida? Não sei, nem Drummond sabia. Só que talvez seguir em frente seja a melhor pedida para a noite, juntamente com uma bebida gelada.

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