Adorava aquela bagunça. E que bagunça. Pulavam e
gritavam, como se o mundo fosse explodir. E eu não os impedia, observava sorrindo,
aqueles dois sorrisos nunca os deixavam. Um sorriso acompanhava os olhos, olhos
estes que, únicos, eram os mais bonitos que já vi. Eles iluminavam, e não pela
sua cor, que eu insistia em teimar; era azul! E ele discordava rindo, ambos sabíamos,
poderia ser a cor que quiséssemos. Os queria pra mim, sim, quem não os iria
querer? Mas preferia nele, azul, verde, isso não importava. O outro sorriso
acompanhava o jeito, jeito este que me fazia a apertar. Vivia no seu mundo, e o
compartilhava, falando pelos quatro ventos, tão tagarela quanto eu, e nos perdíamos
em cada hora de conversa, tentando achar tempo para tanto o que falar. Ambos
tinham a doçura que tiravam o amargo da minha vida. Açucarados com carinho e inocência
em mel, sonhavam e me levavam com eles. Dançavam pelo tapete da sala. Ele
apertava minhas bochechas e as deixava vermelha e eu o deixava vermelho, pela
graça de vê-lo sorrir sem graça e ser ameaçada de cócegas. Ela eu tentava
animar, a rodava, como se os problemas fossem ir embora com a música, não
parava de rodá-la, enquanto não a via sorrir. Eles me faziam sorrir, e não
importa se destruíssem o tapete da sala ou o quadro da sala de jantar. Eles eram
meus.
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