Talvez eu desconheça a maturidade dos anos, mas queria, com
todas as forças, ser senhora de mim mesma. Tem haver com a solidão que me
espera em uma casa vazia ou com o a insegurança da mudança inevitável. O rumo
das coisas são incontroláveis à meu poder e isso enlouquece, eu não tenho a
direção nem a ordem, e não sei o que será do amanhã, quando nem o hoje mais me
pertence. O futuro longínquo me
entristece e tenho medo, medo de que as coisas sejam como eu sinto. Posso
esperar o contrario? [...] Dizem que é
preciso viver só o presente, mas isso é inútil pra mim, quando minha cabeça não
pára para viver, apenas vê através de tudo e me frustro antes de ter a chance
de realmente me frustrar. É que isso pra mim é demais. Eu estou perdendo muito,
como se cada minuto respirado, estivesse me sufocando. Eu não vivo, e me
pergunto qual é a graça do existir. Eu quero agarrar o mundo e devorar cada
pedaço. É pedir demais? [...]
Anseio pelas mínimas
partes, para que tudo seja meu antes do tempo terminar. A vida é tão curta
criança, porque passar tão pouco tempo parado, olhando pela janela? Acho que é
isso que faz as pessoas caírem no mundo e se perderem pelo caminho, sem querer
voltar. E eu fugiria, agora, nesse exato momento. Iria para qualquer lugar que
me dessem afago e logo me iria embora. Então, qual o sentido disso tudo?
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