quinta-feira, 27 de junho de 2013

Electric Feel - As 505 lembranças

Era noite, fazia frio e como fazia, o céu estava inacreditável, lembro de todas as estrelas, e como elas brilhavam mais que o normal. A brisa batia, derrubava as folhas do outono que estava no fim, lembro-me de olhar o horizonte, e ver aquelas luzes. Lembro da alma se enchendo, lembro do sorriso que se abriu, sem eu conseguir explicar. Luzes vermelhas, como o centro de uma cidade grande. Luzes azuis, como o fim de um ano. E o seu sorriso.   

Tempo Ruim

Uma vez, em um desses dias que o inverno te faz desejar um abraço, um escritor me disse; “pessoas que lhe dão inspiração, merecem ser eternizadas”. Também reza a lenda do vendedor de sapatos, que quando se escreve sobre uma pessoa, ela é pra sempre. Assustei-me, como poder eternizar alguém com simples palavras? “Porque o que está no papel não se apaga mais (...)”, disse alguém uma vez. E eu tenho eternizado pessoas, e não sei a gravidade disso, quando às vezes o que quero é esquecê-las.
  Mantendo a solidão no eixo, enquanto ela puxa uma cadeira do meu lado, e fica, e eu ofereço uma xícara de chá. Há noites agradáveis, não faz tanto frio, e ela não é tão grande. Mas há aquelas noites em que o quarto escuro faz nevar, e ela toma conta, me sufoca, e eu só quero correr pelo mundo, ver as estrelas, sabe? Bom, às vezes saiu, sento no chão de cimento gelado, olho pro céu, e as coisas são mais calmas assim. O mundo volta a girar, o tempo volta a correr, rotação e translação, e a ciência dizendo o que sabe. O céu é cinza, não há estrelas, mas não há solidão. Em um desses dias, lembrei-me dos momentos bons, das lembranças que guardo, e às vezes, só às vezes, eternizo. Lembrei-me duma dessas tardes que se não espera nada, mas as coisas acontecem, tinha a música alta direta aos meus ouvidos, a tequila me deixando tonta, e tinham eles, e nos abraçamos, formando uma roda, deixando a música nos levar, e eu sinto que flutuamos, como costumávamos fazer antes. Éramos em grande número, todos diferentes, e iguais, riamos, andávamos por ai sentindo-nos os donos do mundo. Éramos mafiosos italianos, ou às vezes crianças em playground. Dançávamos como se o mundo fosse uma festa, e para nós, era. Em uma dessas noites, que se tem que ir embora, com vontade de ficar, em meio aos abraços e despedidas, decidi, eles seriam eternos.

  

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Olha só, menino.

 Nem sei, menino, dessa sua pressa de viver. Vamos com calma, que a vida já está complicada demais, vamos tentando, um passo a cada dia, se não eu me atrapalho, sabe. Eu sei, eu complico as coisas, tenho essa mania besta de sempre querer mais, querer menos e nunca querer o certo, mas estou tentando querer você, do jeito que você é. Não sei porque você entrou na minha vida, quando já estava tudo uma bagunça, mas você tem acertado, menino, tem deixado meus dias menos chato, menos amargurados. Você tem me feito rir, sorrir, e pensar. E tenho pensado muito, você não faz idéia. Só tenho medo que seja igual, que você chegue e vá embora, como sempre acontece, ninguém me agüenta por muito tempo, menino, sou só essa chata que não se contenta com nada e sempre está de mudança. Gosto do seu cabelo, menino, e do jeito que você me distrai. Gosto de imaginar você e sua moto, e que o futuro pode ser melhor para nós dois. Você pode reclamar comigo, pode mudar os móveis de lugar, e fazer a barba no banheiro enquanto grito para tirar a panela do fogo. Só fique, fique porque o inverno chegou junto com você. Fique, porque eu não quero me lembrar de como as coisas estavam ruins antes. Fique, porque eu me sinto segura agora. Você tem me ganhado nos detalhes, menino, mas fique, fique porque o tempo está bom agora. 

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Milonga

É difícil menino, você se deixou levar para o outro lado, e eu me pergunto quem é você agora, depois de todo esse tempo, achando que te conhecia. Você entrou na minha vida, e parecia tão inofensivo, menino, quieto como quem senta num canto e fica sem fazer bagunça. Eu acreditei. (...) Sabe, menino, sinto falta de quem você era, com sua preocupação e a vontade de estar ao meu lado. Sinto falta do seu sorriso sincero, menino, e como ele conseguia me acalmar. Sinto falta do seu abraço, e de como o mundo parava de girar, em todos aqueles segundos que pareciam horas perdidas nos seus braços. Adorava perder o ar e o descompasso da respiração, toda vez que te via. Sinto falta de todo aquele sentimento, mas ele parece to pequeno agora, tão esgotado, querendo fugir do mundo e se abrigar no abraço mais próximo. (...) É triste, sabe menino, quando um sentimento acaba, mas o finalzinho é pior, é o saber que não se pode mais mudar, só aceita-lo. Que todas as promessas e lembranças estão ficando para trás, e tudo está mudando. Você pode dizer como está se sentindo no momento, e dizer o que vai fazer daqui pra frente, enquanto eu fico perdida nas linhas brancas, tentando transformar tudo em um final.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Veridis Quo

Mortes separam pessoas, no meu caso foi diferente, uma morte me levou até uma vasta gama de vidas, foi assim que ela chegou na minha.
É a menina que esquece de respirar para aproveitar as coisas mais simples que ocorrem paralelamente às ocasiões corriqueiras, pessoas desse gênero estão se extinguindo desse plano, é por isso que prezo pela sua amizade e mante-la sempre perto, como uma FAMÍLIA.

- Davi Araya

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Evaporar - As 505 lembranças

 Ouvíamos a música, enquanto deitava no seu ombro e você me abraçava, conversávamos, e eu não conseguia parar de sorrir, e era sempre assim quando eu estava com você. Abracei-te forte, como quem tenta matar tudo o que se sente em um único abraço, e me perdi no seu perfume. Gostava do seu cheiro, menino, você não sabia, e eu tentava não me perder na sua nuca. Lembra da sua blusa, aquela que esqueceu comigo, e eu nunca mais quis devolver? Ela tinha seu cheio, menino, dormia com ela, e era como se você estivesse comigo. E quando você foi embora, seu cheiro continuou, aquele perfume que eu amava, grudava em mim e você estava lá, de uma maneira ou outra.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

A japonesa

 E me pergunto quando foi que ela se tornou importante pra mim. Talvez seja quando me preocupava em ser foco de briga e reparei nela, a garota do batom vermelho. Gostava daquele colar do Jack, e lembro que foi sobre isso nosso primeiro assunto. Lembro de admira-la sem mesmo conhecer, e então encontrei-a, conversamos sobre muitas coisas, gostei dela, como quem faz o primeiro amigo no jardim de infância. Ela era diferente, mais jovem que eu, mas sua cabeça ia muito além disso, ultrapassa os 25 anos, e admiro sua maturidade de mulher crescida. Ela, segura de si, ia muito além do que podiam enxergar, andava decidida, como quem sabe para onde ir. Ela era forte, sem medo da vida, sem medo dos obstáculos, guardava pra si os problemas, e sorria, brincava, e me fazia rir. Admiro-a, ela me da forças, mesmo que não saiba. [...] Ela sempre esteve lá, pra me apoiar, ela fez eu superar meus medos, quando nem eu sabia que podia. Ela me faz bem, e me sinto a pessoa mais sortuda do mundo por ela confiar em mim. Admiro-a, por tudo que ela é, como um exemplo a se seguir, e não importa o que aconteça, sempre estarei lá por ela.