quinta-feira, 19 de junho de 2014
Queime Antes de Ouvir
Se a vida tivesse um som, qual seria?
Vi uma estrela cadente, e mais uma vez a beleza de vê-la cair me impediu de fazer um desejo, e em uma dessas tardes em que o corpo pede descanso, eu descobri qual pergunta faria para salvar aqueles 30%. […] Disseram-me que o mundo se apresenta para nós como um espelho do nosso ser, como se a essência de cada um fosse refletida no mundo, e um fotografo perguntou “Por que ninguém vê aquele pássaro no alto do semáforo? Por que as pessoas não olham ao redor, para ver o mundo e a beleza que a natureza apresenta?”, você sabe a resposta? Acho que sim. O modo que vemos o mundo é apenas um reflexo da nossa alma, e eu te pergunto sobre aqueles dias em que a vida pede um pouco de calma, e então você pode olhar para o laranja do céu às 18h30, enquanto as árvores balançam com o vento e ter a sensação que você faz parte do todo, e de algo muito maior, e que naquele momento está tudo bem. Pra que pressa se a beleza está no percurso? Estamos tão preocupados em chegar a um ponto, que está apenas no futuro, e esquecemos-nos do agora, esquecemos-nos do que se apresenta no momento, da beleza que está ao redor. É como aquela pausa para respirar a vida no meio da rotina que pesa nos ombros. Vi uma folha cair de uma árvore, lentamente ela chegou ao chão, mas ninguém via, éramos eu e minha mania besta de ver graça nas pequenas coisas, e então pude entender o fotografo. […] E fechei os olhos, limpei a mente, me concentrei na minha respiração, e pude perceber o quão grande e pequena eu posso ser, como uma pulsação que nunca para. Sidarta enfrentou Mara e a terra foi testemunha, mas quando a altitude é o preço da elevação, eu preciso enfrentar os demônios da minha mente. Como a história dos monges que foram atravessar o rio, e então encontraram uma mulher que não podia atravessar, ela então pediu ajuda ao monge mais novo, e este se negou. Ao pedir ajuda ao monge mais velho, este sem pensar muito a carregou até o outro lado do rio. O monge mais novo ficou enfurecido, já que os monges fazem votos de não tocar em mulheres, e por dias dizia; “Por que carregaste aquela mulher?”, e o monge mais velho depois de alguns dias respondeu; “Eu a carreguei por 5 minutos, mas por que você continua a carregando?”. E uma monja ensinou que quando fechamos as mãos para segurar alguma coisa, nos limitamos a algo pequeno, mas ao abrirmos, podemos ter o universo inteiro. E como podemos seguir o Caminho do Meio? Desapegarmos-nos e entender quais são as 4 verdades universais? Talvez o Budismo nos ensine. […] As pessoas estão esperando uma estação para serem felizes.Mas não há uma estação, é apenas uma maneira de viajar. E às vezes nós estamos condenados a sermos felizes, depende da forma que olhamos para a felicidade. E como diz os bons navegantes, nenhum vento é favorável para quem não sabe a onde quer chegar. E quando aprendemos que a vida é uma eterna despedida, que as pessoas vão embora depressa, eu pude entender que nos resta apenas guardar o melhor de cada um, adquirir todo o conhecimento que cada um tem para nos passar. Porque o que resta além das lembranças, é o que nós aprendemos com cada pessoa. E muitas pessoas se vão, os abraços se perdem numa esquina qualquer, e então nós temos que seguir, como todos tem que seguir. Pude aprender que a vida se encarrega de deixar ou de trazer, o que tem que ficar. […] Sabe garoto, o mundo está ai, e eu peço que você não perca essa mania de ver o mundo de uma forma diferente, e de ser, no sentido real de ‘ser’. Por que é tão difícil sabe, encontrar essência por ai, pessoas que ‘são’ sem ter medo da vida, pessoas que inspiram. Só continue sendo, achando graça na vida, sem perder a fé que você tem, porque no final das contas é isso que importa, não é? E que a vida é uma roda gigante, e você disse um dia que essa roda ainda subia, e eu sei que ela vai subir. Mas enquanto ela estiver em baixo, adquira força para a subida, porque é mais fácil construir degraus quando se está no chão. A vida tem lá essas coisas, o seu próprio jeito de nos ensinar, e os Estoicos já diziam, nada acontece por acaso, tudo tem um porque.E Guimarães Rosa já dizia; “ A vida é assim: Esquenta e esfria. Aperta, daí afrouxa. Sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”. E você esta condenado a ser feliz. O que nos resta é esperar. Como a grama, lembra?
sexta-feira, 13 de junho de 2014
Paraty
Olá, você não me conhece, só tem ideia de quem eu sou. Eu sou você. Sou você ainda meio sem forma, meio em desenvolvimento, meio faltando pedaços. E pensar em quem vou me tornar daqui 5 anos me assusta. E se o cabelo crescer, se ganhar 10kg, se as amizades não forem fortalecidas? Os abraços ficam presos numa esquina qualquer, lembra? Talvez não.
Sabe menina, eu só quero que você não se esqueça de como é ser, e ser no real sentido da palavra. Muitos hoje não são, e eu sei que agora ai, ninguém é também. Seja, porque o ser humano não passa de uma carcaça que transita pelas ruas sem real emoção. Seja, porque a essência grita, transborda, e não posso aceitar o vazio. Olha, menina, não se esqueça também da felicidade que está espalhada por ai, esperando parar ser enxergada. Se apaixone pela vida, menina, ela é tão simples, e o que ela quer de nós é apenas coragem. Lembra dos pássaros que voaram? Das árvores que inspiravam? Das músicas que inventamos? Das danças que curaram? É, menina, você tem toda essa essência ai, toda essa vontade, todo esse ser. Só lembre, lembre do que é se sentir infinito.
Olha, menina, tudo flui, nada permanece, e Heráclito tem razão. Nós somos essa eterna mudança, e alguém disse uma vez que nós somos movidos pela falta. Me diz agora, o que te move, menina? Qual o sonho da vez? A alegria do momento? Quantas estrelas cadentes é preciso para se realizar uma vida? Não sei, e espero que você saiba.
Eu olho pra trás e tento ver a garota de 13 anos que eu era e quem eu sou hoje. Ela ficaria surpresa. O caminho foi longo, sabe, e eu lembro de alguém que me disse que a dor é inevitável, mas escolhemos se vamos sofrer ou não. Lembro também de terem dito que até a grama tem o momento de crescer, e me pergunto quanto tempo demorará para florescer. E ainda penso no caminho que trilhei, e que as pessoas estão preocupadas demais em chegar a algum lugar que não se preocupam por qual caminho estão indo e o que está acontecendo ao redor. Pra que pressa, se a beleza está no percurso? Só diminua a velocidade. E a garota de 18 anos que escreve agora se orgulharia de quem você é agora?
Seja, seja simples, seja essência, seja lembrança. Dance, quando quiser dançar. Ria, quando nada mais fizer sentido. Observe, quando não restar mais nada que inspire. Transborde, se doe para as pessoas, e se encha novamente. Apenas seja.
domingo, 1 de junho de 2014
Orientai-me
E ninguém parece se preocupar com minhas indagações neuróticas de quem tem uma vida inteira pela frente, mas ainda sim quer abraçar o mundo com os pés. E lá estava eu, olhando para aquela possa de água que, em nossa cabeça, parecia um rio. E nos encontramos naquela avenida cheia de carros apressados, éramos você, o mundo inteiro com suas preocupações rotineiras e eu. Você sentiu a chuva que caia sobre nossas cabeças? Talvez por um momento não houvesse mais chuva, não houvesse mais pressa, não houvesse mais preocupações, era só o seu abraço apertado contra meu corpo a procura de quietude. E você olhou nos meus olhos, e eu tive que entender o significado de “Laissez faire, laissez aller, laissez passer.”. E com quanta saudade se faz uma dor bonita? […] Procurei pelo céu alguma inspiração e ganhei uma estrela cadente, era 21h50 de uma sexta-feira. É como quando se acende um cigarro numa noite fria de quase inverno, e a fumaça que dança em direção ao céu parece ser sua ultima companhia. Ou talvez só uma mistura de whisky barato, enquanto se canta com todo o pulmão pelo caminho escuro de uma noite chuvosa. E lembro que nós nos afundamos na bebida que chamamos de tristeza, e como ela era doce. E existem aquelas noites em que a saudade te abraça, e não há provas e nem trabalho que te faça esquecer o quanto sozinha você é. Não há livros na estante que preencha o vazio existencial, e você sabe. Sobre a solidão, Nostradamus preveria? […] E fechei os olhos, limpei a mente, me concentrei na minha respiração, e pude perceber o quão grande e pequena eu posso ser, como uma pulsação que nunca para. Sidarta enfrentou Mara e a terra foi testemunha, mas quando a altitude é o preço da elevação, eu preciso enfrentar os demônios da minha mente. […] E eu fujo. Sim minha mente não aguenta pressão, como um computador velho que trava quando é super carregado, eu simplesmente fujo. Como um monstro que não sabe resolver os próprios problemas e só quer se esconder do mundo. Mas você chegou como quem não queria nada, só esbarrou em mim numa rua qualquer, e eu tive vontade de que você ficasse, mesmo com minha mente confusa, mesmo com todos os erros que eu tenho cometido até agora. Você só me perguntou se eu gostava de ser cuidada, e eu imaginei que você fosse ficar por mais de 5 semanas. Lembra, menino, de quando eu costumava te trazer paz? E você ria da minha mania besta de não saber receber elogios. Quando foi que você deixou de querer me ensinar como ver o mundo? Era tudo tão mais fácil quando você aparecia as 21h e me olhava com aquela cara de quem sabia tudo o que se passava por trás dos meus olhos. Quando foi que você desistiu de me fazer não ser aquela velha solitária com 21 gatos? […] Vem, e traz de volta sua mania boba de me proteger, porque eu preciso tanto da sua proteção agora, de você dizendo que tudo vai ficar bem e eu tenho você. Traz seu cheiro na minha blusa de novo, enquanto beija a minha testa e repeti que nunca iria embora. Mesmo que seja mentira, mesmo que você parta na próxima sexta-feira. Só preciso que você me mostre de novo o seu mundo, porque eu estava tão bem nele, achando que era meu mundo também. […] Hoje é primeiro de junho, e os dias passaram tão rápido, quantas foram às promessas de primeiro de janeiro? Temos todos os sonhos do mundo e tão pouco tempo. Quantos sonhos você já realizou? E eu escrevi uma carta para o futuro e pensei em tantas as coisas que eu poderia ser. Já é quase segunda feira, os dias passam rápido, e eu quero que devolvam minhas asas.
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