domingo, 1 de junho de 2014
Orientai-me
E ninguém parece se preocupar com minhas indagações neuróticas de quem tem uma vida inteira pela frente, mas ainda sim quer abraçar o mundo com os pés. E lá estava eu, olhando para aquela possa de água que, em nossa cabeça, parecia um rio. E nos encontramos naquela avenida cheia de carros apressados, éramos você, o mundo inteiro com suas preocupações rotineiras e eu. Você sentiu a chuva que caia sobre nossas cabeças? Talvez por um momento não houvesse mais chuva, não houvesse mais pressa, não houvesse mais preocupações, era só o seu abraço apertado contra meu corpo a procura de quietude. E você olhou nos meus olhos, e eu tive que entender o significado de “Laissez faire, laissez aller, laissez passer.”. E com quanta saudade se faz uma dor bonita? […] Procurei pelo céu alguma inspiração e ganhei uma estrela cadente, era 21h50 de uma sexta-feira. É como quando se acende um cigarro numa noite fria de quase inverno, e a fumaça que dança em direção ao céu parece ser sua ultima companhia. Ou talvez só uma mistura de whisky barato, enquanto se canta com todo o pulmão pelo caminho escuro de uma noite chuvosa. E lembro que nós nos afundamos na bebida que chamamos de tristeza, e como ela era doce. E existem aquelas noites em que a saudade te abraça, e não há provas e nem trabalho que te faça esquecer o quanto sozinha você é. Não há livros na estante que preencha o vazio existencial, e você sabe. Sobre a solidão, Nostradamus preveria? […] E fechei os olhos, limpei a mente, me concentrei na minha respiração, e pude perceber o quão grande e pequena eu posso ser, como uma pulsação que nunca para. Sidarta enfrentou Mara e a terra foi testemunha, mas quando a altitude é o preço da elevação, eu preciso enfrentar os demônios da minha mente. […] E eu fujo. Sim minha mente não aguenta pressão, como um computador velho que trava quando é super carregado, eu simplesmente fujo. Como um monstro que não sabe resolver os próprios problemas e só quer se esconder do mundo. Mas você chegou como quem não queria nada, só esbarrou em mim numa rua qualquer, e eu tive vontade de que você ficasse, mesmo com minha mente confusa, mesmo com todos os erros que eu tenho cometido até agora. Você só me perguntou se eu gostava de ser cuidada, e eu imaginei que você fosse ficar por mais de 5 semanas. Lembra, menino, de quando eu costumava te trazer paz? E você ria da minha mania besta de não saber receber elogios. Quando foi que você deixou de querer me ensinar como ver o mundo? Era tudo tão mais fácil quando você aparecia as 21h e me olhava com aquela cara de quem sabia tudo o que se passava por trás dos meus olhos. Quando foi que você desistiu de me fazer não ser aquela velha solitária com 21 gatos? […] Vem, e traz de volta sua mania boba de me proteger, porque eu preciso tanto da sua proteção agora, de você dizendo que tudo vai ficar bem e eu tenho você. Traz seu cheiro na minha blusa de novo, enquanto beija a minha testa e repeti que nunca iria embora. Mesmo que seja mentira, mesmo que você parta na próxima sexta-feira. Só preciso que você me mostre de novo o seu mundo, porque eu estava tão bem nele, achando que era meu mundo também. […] Hoje é primeiro de junho, e os dias passaram tão rápido, quantas foram às promessas de primeiro de janeiro? Temos todos os sonhos do mundo e tão pouco tempo. Quantos sonhos você já realizou? E eu escrevi uma carta para o futuro e pensei em tantas as coisas que eu poderia ser. Já é quase segunda feira, os dias passam rápido, e eu quero que devolvam minhas asas.
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