sexta-feira, 13 de junho de 2014
Paraty
Olá, você não me conhece, só tem ideia de quem eu sou. Eu sou você. Sou você ainda meio sem forma, meio em desenvolvimento, meio faltando pedaços. E pensar em quem vou me tornar daqui 5 anos me assusta. E se o cabelo crescer, se ganhar 10kg, se as amizades não forem fortalecidas? Os abraços ficam presos numa esquina qualquer, lembra? Talvez não.
Sabe menina, eu só quero que você não se esqueça de como é ser, e ser no real sentido da palavra. Muitos hoje não são, e eu sei que agora ai, ninguém é também. Seja, porque o ser humano não passa de uma carcaça que transita pelas ruas sem real emoção. Seja, porque a essência grita, transborda, e não posso aceitar o vazio. Olha, menina, não se esqueça também da felicidade que está espalhada por ai, esperando parar ser enxergada. Se apaixone pela vida, menina, ela é tão simples, e o que ela quer de nós é apenas coragem. Lembra dos pássaros que voaram? Das árvores que inspiravam? Das músicas que inventamos? Das danças que curaram? É, menina, você tem toda essa essência ai, toda essa vontade, todo esse ser. Só lembre, lembre do que é se sentir infinito.
Olha, menina, tudo flui, nada permanece, e Heráclito tem razão. Nós somos essa eterna mudança, e alguém disse uma vez que nós somos movidos pela falta. Me diz agora, o que te move, menina? Qual o sonho da vez? A alegria do momento? Quantas estrelas cadentes é preciso para se realizar uma vida? Não sei, e espero que você saiba.
Eu olho pra trás e tento ver a garota de 13 anos que eu era e quem eu sou hoje. Ela ficaria surpresa. O caminho foi longo, sabe, e eu lembro de alguém que me disse que a dor é inevitável, mas escolhemos se vamos sofrer ou não. Lembro também de terem dito que até a grama tem o momento de crescer, e me pergunto quanto tempo demorará para florescer. E ainda penso no caminho que trilhei, e que as pessoas estão preocupadas demais em chegar a algum lugar que não se preocupam por qual caminho estão indo e o que está acontecendo ao redor. Pra que pressa, se a beleza está no percurso? Só diminua a velocidade. E a garota de 18 anos que escreve agora se orgulharia de quem você é agora?
Seja, seja simples, seja essência, seja lembrança. Dance, quando quiser dançar. Ria, quando nada mais fizer sentido. Observe, quando não restar mais nada que inspire. Transborde, se doe para as pessoas, e se encha novamente. Apenas seja.
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