A madrugada transborda e o silêncio grita meu desespero. Me perdi nas loucuras sóbrias que minha mente criou e não soube voltar. E pergunto quem sou agora, quando tudo deixou de fazer sentido. Inventei-me nas linhas que escrevi, tentando criar vida no vazio, mas só rabisquei mentiras. E eu se não puder me apagar? E se eu me perder nas linhas que eu mesma criei? Sou toda essa intensidade que não consigo suportar e ela transborda. Não me abrigo e acho injusto quando querem carregar o que não cabe em mim. Me sinto oca, como uma marionete sem vida de sorriso plastificado que só pensa em se deitar na solidão do mundo e deixa-lo me abraçar. Mas então a vida me puxa e mostra que não existe buraco para John Malkovitch e grita para que eu assuma minha propriamente existência. Não existe corvo na janela, não existe o Uivo, nem suas estradas. Rimbaud deixou o gênio para que eu destrua, e eu me perdi no caos que tentei decifrar.
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