quarta-feira, 22 de julho de 2015

Black Swan

Sobre o pesar dos dias que se rastejam para passar, senti a densidade das horas fazendo morada em cada ponteiro. Ouvir dizer sobre a profundidade das palavras que escrevemos e guardamos para nós mesmos; como aliviar o pesar das palavras presas na garganta, eternizando-as em papel? Não sei, só que talvez faça mais sentido quando passam a morar fora de mim. Traí a mim mesma com a saudade quando lembrei do seu sorriso. Ah, ingrata saudade que golpeia meu orgulho! Achei que tudo o que era de sentimento havia se esvaído pelo ar, como vapor da água ao aquecer. Mas você continua aqui, não é? Assombrando a minha madrugada com vontade de um abraço, feito Poema do Ney. Mas pra quem irei dizer? Como reviver você sem deixar de ser um erro? Você estava la com os pés descalços no meio da avenida, e desejei voltar a fevereiro de novo. Sinto falta da sua coragem ariana de enfrentar o mundo através do ascendente, sabe, descobri que me pareço mais com você do que achava, e que hoje ninguém parece entender por que tenho escolhido o lado escuro das coisas. Ainda posso te ouvir jogar meus medos na minha cara, enquanto a menina medrosa não sabia o que dizer. Eu mudei, viu? Ah, você me fez melhor, e não ficou pra ver o resultado. Agora sou só essa sombra da menina que um dia achou que o mundo era feito de inocência. Ah, o que diria pra ela, sobre a coragem da maldita realidade; entre transformações e mortes do que ainda não existe. Quem é essa garota insana que deixou de temer a vida e ri dos perigos da madrugada? Cheguei no fundo de mim e ainda não consigo pegar impulso pra voltar. Quantos monstros podem existir por trás da carcaça de pele? Encontrei os meus, menino e eles parecem inofensivos agora. Ah menino, fiz as pazes com a solidão, você me fez renascer pra vida.

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