E então viu-se sozinha novamente, abraçada pela escuridão daquele quarto que nunca antes fora reconfortante. A solidão acariciava sua face, acolhendo-a, mostrando que não importasse quantos, ela sempre iria estar lá no final de tudo. As lágrimas, que antes fizera tudo para não deixar rolar, agora passeavam livremente pela face pálida, uma a uma, e nada mais a fizeram parar. Sentia-se tola, estúpida e ingênua. Não sabia mais quantos adjetivos ofensivos poderia usar para expressar toda a raiva que havia chegado, explodido dentro de seu peito, como fogo em palha, como se até a mais forte água fosse incapaz de ajudá-la. Foi então que um raio, seguido por trovões, iluminou toda a escuridão de seu quarto, e por segundos iluminou também seu interior. Limpou as lágrimas e sorriu. Da sua janela, viu a tempestade que havia se formado, viu o céu cinza e o vento forte que derrubava as folhas secas das árvores, e viu seus sentimentos naquelas árvores, nas folhas que caiam fragilmente, quando aparentemente, eram tão fortes. Sorriu. Logo os primeiros pingos de chuva caíram, magnificamente frias, e rapidamente a chuva mostrava sua força, sua magnitude. E então a tempestade começara. E então adormecera, na sua dor, na sua raiva, no seu coração despedaçado. Ela sabia, na aurora seu sorriso esconderia as lágrimas da noite interior. Nada mais veriam. E a promessa de ser fria, magnífica e forte como a tempestade, sobrara somente isso, a esperança de nunca mais ter seu coração partido.
sábado, 23 de julho de 2011
Andreia Doria - Clarisse
Oh, vocês não imaginam quantas pessoas eu já observei, quantas pessoas conheci, no mais intimo de suas almas, no mais fundo de seus corações. Na verdade eu gosto de ver as pessoas, de reparar nos sorrisos, nos olhares e nos jeitos, mas nunca me esquecerei daquela garota, daquele semblante forte, que escondia mil e umas fraquezas e fragilidades, daquela pessoa tão incrível que ninguém nunca percebeu.
Faz tempo, sim, como faz, mas ela continua intacta nas minhas lembranças, cada uma delas. E é tão incrível como as pessoas não enxergam coisas simples, como um sorriso e um piscar de olhos, é só reparar, os pequenos detalhes mostram mais que horas de conversa. E foi no meio de tantas pessoas que eu a encontrei, sentada em um canto qualquer, junto com vários amigos, e ao mesmo tempo se sentindo totalmente sozinha, como sei isso? Simples, ela podia estar sorrindo, mas seus olhos me mostravam a verdade que ninguém nunca tentou procurar. Ela sempre esteve lá, dando amostras de seu interior, dando risada de tudo, simplesmente encantadora, e como ninguém nunca a notou? Eu não sei.
Mas nem sempre é assim, nem sempre eu consigo ver o que ela está sentindo de verdade, porque ela fingi muito bem. Ela sempre foi boa em atuação, em mostrar felicidade quando essa não existia, disfarçando tido apenas com seu sorriso, e como era lindo seu sorriso, ela não gostava, não acreditava, mas era o sorriso mais lindo que já vi.
Nunca entendi o motivo de terem quebrado aquele coração, de como o garoto que o fez era idiota por tê-la perdido. Ele fora o primeiro que conhecera o seu interior, que descobriu o quão diferente das outras ela era. Ele descobriu seus ataques de insegurança e suas indecisões, e não eram poucas. Mas ele nunca notou coisas simples, como sua mania de falar demais e rir de tudo. Sua paixão por escrever, ler, ouvir músicas e desenhar. E como os fazia, era uma necessidade incontrolável, e poucos sabem disso.
Ele nunca percebeu em como ela era engraçada, em como era desastrada e as vezes tímida. Como se camuflava atrás de uma capa de pseudo-frieza, tentando evitar sofrimento. E em como ela era estranha, adoravelmente estranha. Mas ele mentiu, a fez acreditar em um suposto amor e logo depois foi embora. Por que ele o fez? Bom, isso ela nunca jamais vai saber.
Ela era só uma garotinha medrosa, uma garotinha que fingia ser forte e não ligar para sentimentos, uma garotinha que tinha medo de sofrer de novo, mas que sempre ficava em duvida entre tentar e recuar. Eu descobri isso na primeira vez que a vi chorar, lá estava ela, abraçada ao seu travesseiro, com suas músicas e seus textos, chorando. Lágrimas e mais lágrimas caiam, e perduraram pela madrugada inteira. A escuridão a acolhia, e eu percebi que ela nunca iria chorar na frente de ninguém.
As vezes eu tinha a sensação de que ela iria explodir, de que não agüentaria mais, mas eu sempre estive errado, ela sempre conseguia levantar a cabeça e sorrir, mesmo que para ela, tudo estivesse desabando. Ela era surpreendente, conselheira e amiga, não importava quem fosse, ela estava disposta a ajudar. Esperta e desconfiada demais, porque não importa o que diziam, ela nunca acreditaria totalmente.
A ultima vez que a vi, faz tempo, lá estava ela escrevendo mais uma vez, desabafando por meio das palavras, fazendo delas seu consolo, seu ombro amigo. Escrever, para ela, era a única forma de dizer sem precisar falar absolutamente nada, e ninguém sabia, que somente lendo as entrelinhas de seus textos poderiam a conhecer como eu a conheci. E dessa vez lá estava ela, concentrada, pensativa, escrevendo sobre ela mesma, escrevendo sobre o que ela queria poder acreditar que realmente era, talvez por isso o fosse, ou talvez tudo se perderia nas linhas e ela se anularia novamente. Mas quem sabe, no querer acreditar, ela não passasse a sê-lo?
terça-feira, 12 de julho de 2011
Like a Stone
Mais um dia havia se passado, e de tão vagaroso, era quase possível sentir o pesar que eles se arrastavam. Como que se não quisessem sumir para dar lugar a um outro dia, como se quisessem ficar ali, para sempre. Mas ela ansiava pelos dias, como se eles fossem seu remédio, e talvez quem sabe fossem mesmo. Inspirou e expirou. Tirou os grossos cobertores de sobre seu corpo e se levantou, indo em direção ao pequeno banheiro de seu pequeno quarto.
A água que escorria pelo seu corpo tirava todo seu pesar, toda sua magoa, fazia-a se sentir viva de novo, mesmo que por alguns minutos, mesmo que todo aquela dor fosse voltar depois. Encostou a testa nos azulejos da parede, e fechou os olhos, apenas mais alguns dias… Era isso que a fazia se levantar todas as manhãs e enfrentar todas as pessoas a sua volta, era isso que a fazia continuar a respirar. A esperança dos dias irem, e o tempo fazer seu trabalho, a esperança dos dias acabarem e não ter que olhar mais ao redor, a esperança de estar novamente em casa. E mais uma vez colocou os fones nos ouvidos, apertou o play da primeira música que apareceu na sua lista, aumentou o volume, pegou seu casaco, abriu seu sorriso e saiu de casa. Era assim que aprendera a viver, sorrindo e não ouvindo mais nada.
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Segredo da luz
Um dia olhando para o céu de uma noite escura, ela chorava. O motivo, embora um pouco tolo, era o problema que tinha com ela mesma. Ela si odiava, se achava ridícula, feia e estranha. Passava dias e dias desejando ser outra pessoa, ou qualquer outra coisa. As estrelas daquele céu brilhavam e ela desejava aquele brilho pra si, algo que a individualizasse das demais garotas. E foi desejando esse brilho que adormeceu, como das muitas outras vezes.
Os dias se passavam, e aos olhos dos outros, ela continuava a mesma garota invisível. Ninguém sabia a garota incrível que ela era, ninguém queria conhecer. Por que as pessoas nunca notam o quão incríveis as outras pessoas podem ser?
Ela vivia isolada do mundo, sua única companhia era sua música e seu fone de ouvido. E assim ela viveu, sempre a sombra do que as pessoas achavam e viam. Ninguém se aproximava.
Sorria e sofria. Era sempre assim, uma pessoa com um sorriso estampado na face, porém com um coração quebrado no peito, que ainda batia.
Um dia, olhando para aquele mesmo céu, e com as mesmas lágrimas no rosto, ela resolveu se aceitar, decidiu então, que ela era ela, e assim seria. Não se escondeu, não sentia mais vergonha de si. E então aos poucos algumas pessoas se aproximaram, algumas se encantavam, outras desprezavam o que conheciam dela. Ela aprendeu a lidar com seu estranho jeito e suas estranhas manias. Aprendeu a lidar com todas aquelas criticas que passou a receber. Aprendeu a gostar do seu interior e do que o reflexo refletia. E gostando do seu jeito, as pessoas a viam. Alguns não sabiam explicar que brilho era aquele, que a individualizava das outras tantas garotas.
Porque sendo exatamente como ela era, ela não precisava mais ter inveja das estrelas, pois agora tinha seu brilho próprio.
Coisas do coração
Inspira e expira. Sabe quando você respira, mas não vive? Tenho estado assim a exatamente um mês. Agora vamos admirar a arte de sorrir, a arte de manipular as emoções e trancar tudo com um sorriso. Na maioria das vezes as pessoas não duvidam de um sorriso, por mais falso que ele seja. Você tranca toda a sua fragilidade, e se torna falsamente forte, ao olhar dos outros. Fingir não se importar, quem nunca fez isso? Fingir que o não se importar é recíproco só para não mostrar o quão abalável isso é.
Eu não choro em público, nem que seja pra uma pessoa só, nem que seja para ser abraçada. Meus olhos enchem de lágrimas, mas as lágrimas não escorrem. Porque é tão ridículo mostrar a verdade por trás de tanto sorriso. Mas eu não digo que é impossível. Se você me ver chorando, se preocupe. Não é um motivo banal, não é drama. Se você me ver chorando, é porque a dor era grande demais, grande demais para ser encoberta por sorriso.
Nunca duvide do meu “Eu te amo”. Eu não sou do tipo fútil que sai distribuindo essas três palavras para qualquer pessoa. Eu não declaro sentimento, não se eu não sentir. E eu nunca disse essas três palavras a alguém, acho que o amor não é algo que adolescentes sentem, acho que o amor vai muito além de mãos dadas, amor vem da convivência, o amor vem da aceitação, vem do perdão, e do conhecer da outra pessoa. Um casal com mais de 5 anos de casamento se amam, o resto mantém paixão. Mas o que a maioria das adolescentes da minha idade acreditam é que o símbolo do amor é um casal apaixonado, mas isso é mentira. O amor vai além disso, vai além de tudo que é possível imaginar.
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