Mais um dia havia se passado, e de tão vagaroso, era quase possível sentir o pesar que eles se arrastavam. Como que se não quisessem sumir para dar lugar a um outro dia, como se quisessem ficar ali, para sempre. Mas ela ansiava pelos dias, como se eles fossem seu remédio, e talvez quem sabe fossem mesmo. Inspirou e expirou. Tirou os grossos cobertores de sobre seu corpo e se levantou, indo em direção ao pequeno banheiro de seu pequeno quarto.
A água que escorria pelo seu corpo tirava todo seu pesar, toda sua magoa, fazia-a se sentir viva de novo, mesmo que por alguns minutos, mesmo que todo aquela dor fosse voltar depois. Encostou a testa nos azulejos da parede, e fechou os olhos, apenas mais alguns dias… Era isso que a fazia se levantar todas as manhãs e enfrentar todas as pessoas a sua volta, era isso que a fazia continuar a respirar. A esperança dos dias irem, e o tempo fazer seu trabalho, a esperança dos dias acabarem e não ter que olhar mais ao redor, a esperança de estar novamente em casa. E mais uma vez colocou os fones nos ouvidos, apertou o play da primeira música que apareceu na sua lista, aumentou o volume, pegou seu casaco, abriu seu sorriso e saiu de casa. Era assim que aprendera a viver, sorrindo e não ouvindo mais nada.
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