sábado, 23 de julho de 2011

A Tempestade

E então viu-se sozinha novamente, abraçada pela escuridão daquele quarto que nunca antes fora reconfortante. A solidão acariciava sua face, acolhendo-a, mostrando que não importasse quantos, ela sempre iria estar lá no final de tudo.  As lágrimas, que antes fizera tudo para não deixar rolar, agora passeavam livremente pela face pálida, uma a uma, e nada mais a fizeram parar. Sentia-se tola, estúpida e ingênua. Não sabia mais quantos adjetivos ofensivos poderia usar para expressar toda a raiva que havia chegado, explodido dentro de seu peito, como fogo em palha, como se até a mais forte água fosse incapaz de ajudá-la. Foi então que um raio, seguido por trovões, iluminou toda a escuridão de seu quarto, e por segundos iluminou também seu interior. Limpou as lágrimas e sorriu. Da sua janela, viu a tempestade que havia se formado, viu o céu cinza e o vento forte que derrubava as folhas secas das árvores, e viu seus sentimentos naquelas árvores, nas folhas que caiam fragilmente, quando aparentemente, eram tão fortes. Sorriu. Logo os primeiros pingos de chuva caíram, magnificamente frias, e rapidamente a chuva mostrava sua força, sua magnitude. E então a tempestade começara. E então adormecera, na sua dor, na sua raiva, no seu coração despedaçado. Ela sabia, na aurora seu sorriso esconderia as lágrimas da noite interior. Nada mais veriam. E a promessa de ser fria, magnífica e forte como a tempestade, sobrara somente isso, a esperança de nunca mais ter seu coração partido.

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