sexta-feira, 13 de abril de 2012

L'âge D'or



A inspiração vem, escolho as palavras certas, crio mil frases em mente, mas quando estou só eu e o papel, elas fogem, correm de mim e da minha mania de deixar elas dizerem quem eu sou. Vêm e vão, como quem brinca de se esconder, sem dar pistas de algo concreto. Isso me aborrece, me faz acumular mais ar, mais rotina, mais vida. E por falar em vida... Oh grande motivo da existência humana que me faz estar presa num mundo tão banal e enfadonho. A ordem natural das coisas entre a minha desordem acumulada, o meu mal jeito de deixar as coisas fazerem seu próprio sentido. Eu nunca espero, e me decepciono quando o que foi adiantado por força está errado. Surpreenderia-me esperar e ver as coisas estarem errado com dicas que nunca tento enxergar? Talvez. Estou cheia desse mundo, nada é certo, nada é bom, e eu estou sozinha em achar que sou a única pessoa certa. São só 6 bilhões, não é verdade? Por que alguém não vem e me mostra um motivo pelo qual a valha a pena lutar? Um único pingo de vontade de viver sem me preocupar com os outros, com o certo, com o estar bom. Mas quando nem eu me acho suficiente para isso, adiantaria esperar para ver as respostas? [...] O mundo, tão cheio de declarações frustradas vinda de corações grandes para corações pequenos. Tão cheio de silêncio com vontades, e lembranças imortalizadas pelo tempo. Talvez não seja só dor afinal. Mas me tranco num mundo secreto e deixo que o que não pode ser provado para mim, seja provado para os outros, e me basta saber que tem gente sorrindo pelo que banalizo. Falta vida nisso tudo, o grande motivo para acordar todas as manhãs e não parar de respirar enquanto dormimos. O amor está no ar, intacto e impalpável, mostrando que a capacidade humana é fraca para sentimento, quem poderia me provar o contrario, quando eu mesma me contradigo o tempo todo? [...] Então acordo com uma vontade de viver enchendo os meus pulmões, oxigenando o coração idealizado e empoeirado que guardo no armário do córtex cerebral, mas me chateia saber que será mais um dia de canções e acenos afirmativos. Eu estou do lado oposto, contra tudo o que a raça humana presa e admira, mas quem vê através do nada? O olhar é incomparável ao ver, e ninguém vê, caros amigos, ninguém vê. Porque talvez o amor exista, e talvez eu nunca saiba.

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