domingo, 13 de outubro de 2013
Marcianos Invadem A Terra
Vi aquela menina de longe, ela me lembrava alguém, não sei. Tinha um gosto peculiar, gostava de música boa; “Que a vida é mesmo coisa muito frágil, uma bobagem, uma irrelevância, diante da eternidade, do amor de quem se ama, por onde andei enquanto você me procurava? E o que eu te dei? Foi muito pouco ou quase nada. E o que eu deixei? Algumas roupas penduradas, será que eu sei, que você é mesmo tudo aquilo que me falta?”. Li uma vez, um texto grande, tinha tanto sentimento, tanta urgência, me deixou sem ar. Ela gosta de azul, ela gosta da minha banda preferida, e cantava, Clarice só tinha 14 anos, você também entende o sofrimento dela, menina? “Mas os dragões não conhecem o paraíso”, sempre penso nisso, penso em onde ela pode ter tirado isso, e em como soava tão incrível. Eu gosto daquele texto, é como ver um filme, um filme com trilha sonora, “Oh! Meu velho e Indivisível: Avôhai!”, era com engolir cada palavra, me alimentar do que ela sentia, mesmo que soasse injusto. Tão inspirador para mim. Queria saber onde fica a Estação Psicose, menina, porque talvez eu também tenha chegado nela também. Ela coloca as lembranças dela, como quem sente uma história, e eu sei a diferença de sentir e contar, é difícil e junto com todas aquelas árvores e aqueles céus, e as luas e os planetas, talvez ela fosse uma viajante do tempo, como o principezinho, como quem tem uma flor, 3 vulcões em um pequenino planeta. “Tu te tornas eternamente responsável pro aquilo que cativas”, é difícil, tente entender, e o essencial é invisível aos olhos, agora me diz quem entende, quando nem em um deserto eu estou? Ela gostava de livros também, entendia os meus infinitos, ela entendia Charlie, e eu sinto que me entendia também, e o amor é tão pouco e se esgota tão rápido para nós, “Alguns infinitos são maiores que os outros.”, é menina, os infinitos um dia vão nos enlouquecer. Talvez ela também goste de olhar o céu, as árvores, a vida, e sorrir porque as coisas podem ser difíceis, mas o céu está tão bonito, não está? Vamos dançar, hoje, amanhã, talvez não com os anjos, mas com as sombras que estão tão ligadas a nós. Posso te dar um presente, menina? Só ouça; “O amor não foi suficiente, eu vou embora, não sei pra onde, mas ainda um mundo por dizer, acho que tá claro e acho da hora. Não te opõe ao curso do rio, nem persegue o vento, o amor que tanto curou, hoje é apertar a areia, é ouvir conselho do vento, não diz mais do que as palavras querem dizer..” Se tiver que ser na bala, vai. Sinta a música, talvez você também sinta a liberdade, querer voar e não possuir asas é tão injusto! Poderíamos virar borboletas, voar por meio as flores, seria bonito, qual seria a nossa preocupação? “Diga adeus e atravesse a rua, voamos alto depois das duas.”(...) Não sei, tenho perdido muitas pessoas nesses dias, sinto falta das músicas que costumávamos ouvir, era como se a vida passasse de vagar, naquele parque com aquelas bandas. “Somos tão jovens...”, um dia cantaram nesse lugar, e minha alma se encheu, eu fechei os olhos e pensei “Somos sim, e temos todo tempo do mundo.” E agora, o que aconteceu com o tempo que tínhamos? Se foi, se foi junto com Fevereiro, com a foto que deu certo, com os risos e o infinito que eramos. Perdi pessoas importantes, perdi gente pra quem confiei minha vida, dois de uma vez, e o passado parece mais passado agora. Mas sabe, Amar é isso. Amar é cumprir as promessas mesmo assim, e Isaac talvez tenha razão. As pessoas saem das nossas vidas rápido demais, uma vez me disseram, os amigos são como garções num restaurantes, entrando e saindo da nossa vida. Mas minhas lembranças estão aqui, e não deixa com que eles sumam de vez, cada momento, dou tanto valor para tudo isso, minhas lembranças felizes, coisas que eu vou poder contar. Sabe, aquela coisa de no domingo ir visitar a família, sentar os netos nas pernas e dizer, da época que tudo era mais fácil, mesmo quando parecia ser o fim do mundo? Ter história pra contar, sabe, quero isso, pro resto da vida parecer ter valido a pena quando eu for ver o filme que passar, quando eu enfim, sair dessa vida cheia de buracos. (...) Tenho misturado as coisas, sua urgência passou para mim, menina de asas azuis. Não sei porque, mais passei a te ver assim, azul, tão azul. Olho agora pro teto, e espero a chuva do lado de fora, talvez amanha tenha que apertar o passo por causa da garoa, mas hoje quero que chova, que desabe tudo em cima de mim, não sei menina, você também sente essa solidão? “Não se pode fechar os olhos, não se pode olhar pra trás, sem se aprender alguma coisa pro futuro. Corri pro esconderijo e olhei pela janela, o sol é um só, mas quem sabe são duas manhãs.” Acho que L'Aventura diz tanto pra mim, não sei, talvez seja o domingo, talvez seja Outubro, tenho estado fora de foco, vendo tudo de um jeito ruim, trocar os óculos da vida, talvez seja uma solução. (...) E então eu sorri, olhei para o cantador no meio da praça, e me veio tanto pensamento, mas tentei focar só nele, na música que ele passava, era tão suave ver a vida dos outros, imaginar como poderia ser o antes, o passado de quem cantava em pé no meio de tanta gente, mas eu ainda acho que estou vendo tudo de longe, ver a vida passar pela janela, sabe, eu só quero poder sair por ai, pegar a estrada e ver o que a vida tem a oferecer. A vida não pode ser só isso, pode? Quero subir numa montanha e ver o sol se pôr, ver as estrelas enquanto converso sobre o passado e a infância, e conto dos tombos que levei, daquele que foi de tanto me balançar na rede e sair correndo parar pegar água. Poderia contar sobre como meu pai, tocava violão na cozinha; Coração noturno. E dizer em como ouvir a voz cansada da minha mãe me alegrou naquelas 15h de sexta feira. E como diz As curvas da estrada de santos, Era um garoto e como eu amava os Beatles e os Rolling Stones, me fazia rir. E poderia ver o sol nascer e de sono entrar na barraca. Pegar a estrada, sentir o vento bater no rosto, ver outras cidades, fugir da rotina, fugir da vida, fugir do tédio, fugir de mim, porque eu sou perigosa para mim mesma. Tenho loucuras escondidas, tão grandes, meu bem e meu mal, que só ele conhecia, mas ele foi embora, e parece que eles vão tomar conta de mim. Minhas loucuras diárias que batem na porta da madrugada, tenho medo e me encubro, mas nunca pude fugir de mim mesma. Desculpe menina, fujo um pouco do pensamento, não sei, agora está tocando Tempo Perdido, sempre sinto essa música, é minha preferida, talvez transformar em tinta na pele não seja o suficiente, ele era um grande homem, não? Escreveu tanta poesia, e dia 11 fez 17 anos. A tempestade que chega é da cor daqueles olhos castanhos, e esta chovendo até agora. E o abraço forte foi embora também. Eu não sei, eu acabo com as coisas, prefiro dar um final pras histórias, mesmo que doa, uma hora tem que acabar e eu prefiro quando sou eu quem vai embora no final. Me disseram que até o mais belo diamante perde seu brilho quando param de cuidar dele. (...) Tenho estado nostálgica demais, relendo e revendo coisas, com todas as fotos espalhadas, lembro do mar, e de como correr para ele sempre me deixou leve, sinto falta dessa leveza de 6 anos. A praia com chuva, o Fusca branco, o coqueiro engraçado. Não sei, falar assim como se você soubesse de tudo, é estranho, sabe. Mas parece que você sabe, mesmo que não conheço, do mesmo jeito que sei dos seus momentos, apenas por te-los lido. “Dança na corda bamba, de sombrinha e em cada passo dessa linha pode se machucar... Azar! A esperança equilibrista, sabe que o show de todo artista tem que continuar...”(...) Poderíamos nadar com os golfinhos, e perguntar porque eles foram embora da terra, e alguém poderia nos dizer por que 42? Não sei, ri tanto lendo aquele livro, e Não entre em Pânico, aí está uma ótima lição! Poderíamos ir para qualquer lugar, séria bom, a terra não me parece um bom lugar agora. E todos essas coisas, Libra sempre foi tão complicado, impulsivo e indeciso, nunca soube o que fazer, mas sempre ajo sem pensar. “"Não vale a pena mergulhar nos sonhos e esquecer de viver." Mas e se eu tivesse aquele espelho, o que eu veria? Sempre achei que minha vida seria mais fácil se eu estudasse lá, aprender magia e andar pela sala comunal. Como seria voar numa vassoura? (...) Minha inspiração vem e volta, penso nas flores, nos abraços e nas músicas. Lembro da infância e tanta coisa que se perdeu, mas a urgência já passou, minha necessidade de escrever se foi novamente, não sei, lapsos estranhos esses. Coisa de escritor isso, você entende, não é? “E mesmo se eu tiver a minha liberdade, não tenho tanto tempo assim, e mesmo se eu tiver a minha liberdade, será que existe vida em marte?” Então vi aquela menina de longe, ela me lembrava alguém, ela me lembrava eu. E se Dom quixote tiver razão? E se talvez os dragões forem só moinhos de ventos?
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