domingo, 24 de novembro de 2013

Uma canção para um amor dormir

E agora, Zé? O que é que a gente faz da vida? Não sei, nem Drummond sabia. Só que talvez seguir em frente seja a melhor pedida para a noite, juntamente com uma bebida gelada. Não sei o que eu poderia dizer se perguntassem por que insisto tanto, talvez dissesse que foi sobre as arvores que caíram com a chuva, o sorriso por trás da fumaça, o coração torto na carta e a chuva que nos pegou de surpresa; poderia dizer também que foi a música que tocava, as mãos que se entrelaçavam, os bancos na estação de trem e a piada que foi roubada; e que foi a camiseta velha, os segredos que ficaram, a promessa de casamento e o adeus que não foi dito. E me sentei no banco e olhei a roseira seca na porta de casa, lembrei-me de Roda-viva, e assobiei para a chuva enquanto Chico cantava; ‘Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu, a gente estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu?’. E talvez tenha sido a sobrancelha arqueada, os óculos que embaçavam, o abraço que durou muito e o céu escuro no caminho do mercado.

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