Eu queria poder dizer que não deu certo, como outras tantas histórias, como tantos outros casais. Mas, se quer teve começo. É só mais uma daquelas histórias que não leva a nada nem a ninguém, mais uma das minhas histórias que sempre segue o mesmo enredo. A personagem principal continua, mas o parceiro de cena não. O personagem da vez aparece, e as cortinas se fecham antes mesmo de começar o espetáculo. E resta só alguns murmúrios atrás do cenário e algum choro no camarim. É que depois de ensaiar tanto, ver todo o script e o esforço serem ameaçados e arremessados ao lixo dói. Como não saber se história daria certo ou não, se ao menos tivesse começado. Escrevo diálogos, imagino cenas e decoro o script, como se fosse a primeira vez, como se eu nunca estivesse em cena antes, como se nunca tivesse dado errado. Alguns sorrisos, e acho que a história vai ter um final feliz, um gesto não interpretado e drasticamente não sei como continuar, perco as falas, perco o rumo e não sei mais para que lado sair, enquanto os outros observam, sem dizer uma palavra. E esse diretor misterioso e chato que é o destino, acaba com tudo sem me perguntar, ou, simplesmente, bagunça mais ainda.
E é nesse teatro descontrolado que minha vida entra, me joga no palco sem saber o enredo, e acha graça quando fico estática sem ter o que falar. É mais uma daquelas tantas vezes que improvisei sem saber sobre o que. Na arte de interpretar, as lágrimas não fogem por detrás dos olhos. [...] O personagem muda novamente com diálogos e frases prontas, mas dessa vez serei platéia, e deixar que a história acabe sem mim.
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