quinta-feira, 26 de setembro de 2013

As Aventuras De Raul Seixas na Cidade de Thor

Faz alguns dias, talvez eu não pudesse estar tão feliz assim, mas estou. Não estou seguindo aquela rotina de quase ‘final de relacionamento’, não tenho tempo para chocolate, qualquer gato vira-lata e lamentações. Também não sei porque viciei-me tanto em sorvete. Uma dessas manhãs, fazia mais ou menos um mês, lembrei-me dos cafés da manhã, fiz como sempre, e havia tanto tempo. Sabe, sempre gostei de histórias de amor, aquelas que te fazem sonhar ou querer um abraço, era 18h31, ouvi então aquela história, típica de novela mexicana, ela o amava, mas tenho minhas duvidas quanto ao amor dele, não eram só 33 anos, ou 4 anos, que faziam a diferença, era a mulher e o sangue que os unia. Não sei, o amor tem lá suas complicações. Percebi hoje o quanto os sonhos podem ser estranhos e atrair lembranças, e que mesmo assim pode-se acordar feliz. O som transportava Come On Eileen, e eu era transportada também, voava com o ritmo, enquanto pulava na sala de casa. Quase esquizofrênica, se não fosse a alegria. Hoje as coisas estão estranhas, uma correria nos pequenos corredores, erro no sistema e falha na programação, um “Alô’ do outro lado e um vácuo como resposta. Não sei se quero que volte, mas gosto de conhecer 1 minuto e meio da história por trás de casa DDD. Acordei com vontade de não acordar, a garoa e o atraso me guiaram até a antiga escola, revi alguns abraços e abracei algumas lembranças. O caminho era o mesmo e as vozes esganiçadas que tentavam melodia. Ria. Comprei sorvete, calda de morango e sorri pelo céu estar cinza e agradável, enquanto dançava no meio das pessoas de olhar estranho. Quem liga para a desaprovação, quando só eu ouvia a música? Andei por meio de ruas estreitas enquanto falava sobre o amor, ouvi conselhos repetidos que sempre foram úteis e o quão errada e certa eu sempre estive. Sempre me surpreendi em como eu conseguia rir com meus amigos, nunca foi diferente. Cheguei no destino e estavam todos reunidos, o bolo e as velas, a espera do parabéns. Então cantamos, sempre gostei de decifrar as emoções alheias, mas aquela já estava estampada na face surpresa. O bolo e a gula, um grande problema meu. Era 20h23, atendendo e suspirando, lembramos de uma brincadeira antiga, cada letra e um nó na imaginação. Lembrei daquela novela antiga, Jamais te Esquecerei, e me perguntei, como ela ainda lembrava? Ri com uma piada interna, família sempre foi um ponto franco. Ao sair encontrei eles, o casal que eu tanto gostava, riamos como sempre, com todas as piadas deixadas no ar e todos os sustos levados. Fiz um coração para eles e ri, enquanto eu e ela dançávamos no terminal de ônibus, os olhares voltados para nós, e eu ri, não me importava. Lembrei de como sempre me encantei com árvores, ou a natureza em si, observava o sair das folhas e enquanto cantava silenciosamente o “Sonho’, sorri. Tudo estava certo.

domingo, 22 de setembro de 2013

Fuga número 1

Às 18h de domingos, desde que me recordo o céu sempre esteve cinza. Era engraçado, ouvir The Suburbs e olhar as árvores balançarem com o vento, enquanto eu sentia frio por ter me esquecido de colocar um casaco, antes de correr para fora. Já é dia 23, e eu estou com saudade do inverno. Outubro sempre me remete Dezembro, é tão pouco tempo para fazer o ano valer à pena, tão lembrando que as luzes do natal irão chegar junto com os próximos planos pro ano novo. Só 12 meses pra tanta coisa. [...] Eu estou cheia de algo que eu não sei o que é, inspiração ou vazio existencial? Não sei. Estive fora de circulação, apenas ouvindo reclamações enquanto tentava fazer meu trabalho, minha cabeça ficou vazia, não tinha no que pensar. Mas talvez as coisas voltaram a tona, a vontade de escrever, e as palavras voltando a fazer sentido. Deixei muitos textos pela metade, como se a vida estivesse pela metade também, e talvez fosse, a folha branca preenchendo minha vida. Era domingo, dia 22, faz mais de um ano, tantos finais sem final, tanta ponta solta sem nó. Acho que nessas 48 horas, as músicas deixaram de fazer sentido, e percebi que Something About Us sempre esteve certo; O amor se esgota. O fim chegou, o abraço está preso na esquina, e é hora de seguir em frente como todos têm que seguir. Já não temos mais infinitos, as 505 lembranças são tão vazias, e eu ainda estou cheia de você, apenas precisando deixar escapar, talvez pelos olhos em forma de água salgada. Você foi embora tantas vezes, mas dessa vez quem está indo sou eu, a bagagem na mão, e você ficou com a chave da casa. Guarda direito o Codinome beija-flor, foi o mais perto do amor que cheguei. Somos somente lembranças agora, e não resta mais nada.

The Suburbs

Ventos e cachecóis, uma combinação tão britânica em meio ao caos de São Paulo. Olhei para o céu, como quem pede paz em meio à intensidade do céu cinza, fazia tanto frio. Sempre desconfiei das estrelas, do modo como ser de libra influencia na minha indecisão ou como leão sempre está relacionado ao modo que Vênus age. Andava pela cidade e encontrei um rei, ele estava lá parado, tentando deixar a rua com um pingo de arte. Joguei algumas moedas e ele pegou algo em seus bolsos. Pegou minha mão e beijo-a, depositando algo nela. Reza a lenda que a mão tem que ir diretamente ao bolso e apenas ver o que se trata depois. O fiz, e surpreendi-me; “Nunca dê valor (atenção) a quem te trata só como opção.” Um bilhete enrolado em fita prata, junto a uma pedra vermelha. Como ele poderia saber? Bom, sempre desconfiei das estrelas, talvez as coisas não sejam só acaso, não é? Talvez não seja só os planetas e seu ascendente. Li uma vez que “Os dragões não conhecem o paraíso”, lembro das palavras, lembro de cantar Avohai baixinho no caminho do trabalho enquanto lia alguns fragmentos de uma alma exposta em palavras. Senti a urgência, a vontade de fazer existir, de deixar os sentimentos no papel, se fazer mais leve, senti. As pessoas nunca dão valor para o que é de verdade, quando não sabem o peso das palavras. Não sei, sempre tive pressa da vida, pressa para saber o que vai ser do futuro, e estar aqui, parada como um ônibus quebrado não alivia minha necessidade de sentir a estrada em duas rodas. Alguém pode me explicar a urgência de tudo isso? Tenho medo de estar perdendo a melhor parte, o mundo parece uma festa enquanto estou presa em um quarto pequeno. As vezes acho que quero demais, penso demais, isso enlouquece e enlouquecer já não é mais escolha. Mas quem se importa, quem se importa com o futuro de alguém que nem se quer sabe o que vai ter para o amanhã? Perdi o dom da escrita, perdi o fôlego da alma, e sinto como se me perdesse também, porque não há graça em se viver sem desabar. Não sei, deve ser algo com A Terceira Lama ou Vila do Sossego, não sei. Posso desmoronar agora?

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O Vício e o Verso

Olhei para aqueles olhos, confusamente escuros, eles estavam presos em mim, e esqueci por segundos a promessa de nunca mais voltar a vê-los. Mas já havia me acostumado com todas as suas idas e vindas, era inevitável, uma hora aqui, outra eu nunca saberia. Bom talvez Hazel tivesse razão, talvez eu também tivesse me apaixonado como quem cai no sono, rápido e gradativamente (...). De todas as suas idas, é dessa volta que eu sempre irei me lembrar. Não sei como aconteceu só que me vi no seu abraço, os lábios juntos, e eu não pensava em mais nada. E talvez não foi só em A culpa é das estrelas, mas alguns infinitos realmente são maiores do que os outros. E me pergunto, quantos infinitos nós  já temos (...). Eu nunca quis chegar tão longe nisso tudo, era sempre acreditar que era o fim, em todos os fins. Quantos infinitos nós já temos? Não sei, mas você volta, você sempre volta. Sabe, eu senti sua falta, senti falta do seu abraço que me faz perder o ar, senti falta de sermos aquele casal falso, que ainda somos. Mas você sempre me surpreende. Quantos infinitos nós já temos?
  

Oração ao tempo

Estar sentada entre aquelas mesas era enlouquecedor. O fone de um lado do ouvido, e eu já sabia de cor as sábias palavras de convencimento. “Boa tarde”, “Boa noite’, Não sei o porquê, mas eu sempre os confundia, as vezes pela manhã de sábado, a saudação da noite anterior continuava. Os segundos sempre foram preciosos, aguardar também.
 Era raro o tempo livre entre os “Boas tardes”. Gostava do 081, 077, eram tão cordiais quanto o sotaque puxado. Gostava das pessoas com fala mansa, que não se tem pressa para continuar a rotina entre os deveres e o estresse. Os nomes, tão diferentes, tão comuns e as vezes tão engraçados. Cada ligação uma surpresa. Os sobrenomes de 055 ou 044, nunca saberei  ao certo suas verdadeiras pronuncias. As vezes batucava a mesa assobiando alguma música antiga, outras apenas ficava lá, empalhada, agindo como um robô, era sempre um novo dia, um novo nome, uma nova bronca, um novo sorriso. Nós corríamos, de um lado para o outro, e as vezes, só as vezes, se trombava um amigo.

 Nunca soube com cheguei lá, no meio de tanta gente e tantas vozes, mas há sempre um reconforto, a espera do décimo quinto dia do mês. 

Something About Us

“O amor se esgota, pensei.” Sim, o amor se esgota, era 08/05, presenciei o amor, da forma mais ampla, e não restava mais páginas no 23/05. Páginas brancas, e eu pensei, “Por quê?’ não foi comigo, mas é real, o amor se esgota, pensei. Agora, ouvindo incessantemente A escalada das montanhas de mim mesmo, pensei no ontem, no Vício e o Verso que escrevi no meu caderno de anotações de trabalho, enquanto suspirava por tudo estar bem. “Alguns infinitos são maiores do que outros”, li um dia desses em um livro superestimado, alguns infinitos são maiores do que outros, repeti. Creio que já se passaram 4 infinitos para mim, um deles dentro de outro infinito, “Nós somos o infinito”, recordo em como eu me sentia feliz nesse infinito, você dizendo que sentia algo, e eu? Confusa demais para pensar em algo, essa foi sua primeira ida e vinda. E depois de tantos infinitos, estamos em um infinito pequeno, enquanto eu desejo com todas as forças que ele dure, dure infinitamente entre todos os infinitos pequenos. Li o Disorder, era o fim, não era? Esse é realmente um fim, não como reza a lenda “não está mais dando certo.” O fim é perceber que o fim chegou. Não sei, li num pequeno caderno azul que o amor era grande demais, mas se foi como os créditos rolam no final de um filme, quando se está tão preso na tela, e você pensa “Já acabou?’ Já, e você não teve tempo para perceber. Tenho medo do fim, tenho medo de acordar e pensar que acabou para mim também. E se não durar? E se o abraço ficar preso na esquina, e eu tiver que seguir em frente como todos tem que seguir? A vida continua afinal. Hoje aprendi o significado de Zampiada, é o barulho de pulos e afins, e eu pensei em como meu coração tem zampiado nessas ultimas 96 horas.