quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Oração ao tempo

Estar sentada entre aquelas mesas era enlouquecedor. O fone de um lado do ouvido, e eu já sabia de cor as sábias palavras de convencimento. “Boa tarde”, “Boa noite’, Não sei o porquê, mas eu sempre os confundia, as vezes pela manhã de sábado, a saudação da noite anterior continuava. Os segundos sempre foram preciosos, aguardar também.
 Era raro o tempo livre entre os “Boas tardes”. Gostava do 081, 077, eram tão cordiais quanto o sotaque puxado. Gostava das pessoas com fala mansa, que não se tem pressa para continuar a rotina entre os deveres e o estresse. Os nomes, tão diferentes, tão comuns e as vezes tão engraçados. Cada ligação uma surpresa. Os sobrenomes de 055 ou 044, nunca saberei  ao certo suas verdadeiras pronuncias. As vezes batucava a mesa assobiando alguma música antiga, outras apenas ficava lá, empalhada, agindo como um robô, era sempre um novo dia, um novo nome, uma nova bronca, um novo sorriso. Nós corríamos, de um lado para o outro, e as vezes, só as vezes, se trombava um amigo.

 Nunca soube com cheguei lá, no meio de tanta gente e tantas vozes, mas há sempre um reconforto, a espera do décimo quinto dia do mês. 

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