Estar sentada entre aquelas mesas era
enlouquecedor. O fone de um lado do ouvido, e eu já sabia de cor as sábias
palavras de convencimento. “Boa tarde”, “Boa noite’, Não sei o porquê, mas eu
sempre os confundia, as vezes pela manhã de sábado, a saudação da noite
anterior continuava. Os segundos sempre foram preciosos, aguardar também.
Era raro o tempo livre entre
os “Boas tardes”. Gostava do 081, 077, eram tão cordiais quanto o sotaque
puxado. Gostava das pessoas com fala mansa, que não se tem pressa para
continuar a rotina entre os deveres e o estresse. Os nomes, tão diferentes, tão
comuns e as vezes tão engraçados. Cada ligação uma surpresa. Os sobrenomes de
055 ou 044, nunca saberei ao certo suas
verdadeiras pronuncias. As vezes batucava a mesa assobiando alguma música
antiga, outras apenas ficava lá, empalhada, agindo como um robô, era sempre um
novo dia, um novo nome, uma nova bronca, um novo sorriso. Nós corríamos, de um
lado para o outro, e as vezes, só as vezes, se trombava um amigo.
Nunca soube com cheguei lá,
no meio de tanta gente e tantas vozes, mas há sempre um reconforto, a espera do
décimo quinto dia do mês.
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