Eu não gostava dela, mas tem gente que a gente acaba amando sem nem mesmo perceber. Porque é gente que amar é consequência. Uma consequência que quase não se nota, que se aceita, que é o melhor presente de uma vida. Você ama, um amor que parece estar contigo a sua vida toda.
Menina magrela, assim como eu. De longe, já me aguardava de braços abertos para um abraço. Um desses abraços que se pede bis. Não havia recepção melhor que a dela. Ela irradia o que há de melhor. Doce, e não há ninguém no mundo como ela, que denotava simpleza, e que sabe ser. E dentro dela continha mil coisas gritando para sair, e ela deixava. Sem timbre ou ritmo - apenas deixava. Tagarela, tanto amada.
Tomava-me pela mão e me levava consigo, e eu me deixava levar, eu queria ser levada por ela! E quem não queria, tolo era.
Mas, num desses finais de tarde, que deve-se dizer adeus quando se quer ficar, eu a vi, já um pouco distante, com sua portentosa mochila, na qual ela carregava o mundo, indo embora sem mim. Andava decidida, como alguém que havia escolhido um rumo. E no banco frio, eu só pensava em ir com ela.
Para a minha pequena Ohana, que eu tanto amo.
- Por Júlia Recieri
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