segunda-feira, 18 de junho de 2012

Vila do sossego.


 Com pura simplicidade e sinceridade, sorria. As pessoas rodeavam o local, mas ninguém o via, e se via, não lhes dava importância, só ignoravam. Ele sorria . Os primeiros acordes foram entoados e com leveza em sua voz, começou, graciosamente, com as letras decoradas para sons não conhecidos. Sorria, com cada batida de mãos nas cordas, com cada olhar de reprovação, medo e curiosidade. Sorria. O pequeno, de cabeça baixa, entoou então, em acompanhamento e com voz de menino moço, cantavam. “[...] Com precisão!”. Suas vestes, tão sujas e mal tratas denunciavam a pobreza aparente, aquela que a situação empoe, mas não a alma. Sorria. E com sincera admiração me aproximei. “[...] Com aflição”. Observei aos pés do pequeno um chapéu com miseras moedas, e depositei as minhas, que não eram muitas, mas sinceras. Olhei com sinal de respeito, e admirada dei-lhes parabéns, com um olhar talvez, e sem parar de cantar agradeceu, como que reverencia, e lisonjeada sorri, maravilhada. Com alguns passos para trás, fiquei.  “Com devoção!” E então a música parou e sem hesitar a ovação, bate minhas mãos, e as palmas foram altas, e todos olhavam sem entender, mas eu entendia, e ambos que estavam em minha frente também. Sorria. Parabenizei e me retirei como quem rasteja. Sua talvez felicidade era transmitida a quem o enxergasse, com sorriso recebia a todos, eram boas vindas e volte sempre, e em senti obrigada a voltar, ouvir a vozes que entoavam profundo desespero por sorrir.

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