Com pura simplicidade e sinceridade, sorria.
As pessoas rodeavam o local, mas ninguém o via, e se via, não lhes dava
importância, só ignoravam. Ele sorria . Os primeiros acordes foram entoados e
com leveza em sua voz, começou, graciosamente, com as letras decoradas para
sons não conhecidos. Sorria, com cada batida de mãos nas cordas, com cada olhar
de reprovação, medo e curiosidade. Sorria. O pequeno, de cabeça baixa, entoou
então, em acompanhamento e com voz de menino moço, cantavam. “[...] Com
precisão!”. Suas vestes, tão sujas e mal tratas denunciavam a pobreza aparente,
aquela que a situação empoe, mas não a alma. Sorria. E com sincera admiração me
aproximei. “[...] Com aflição”. Observei aos pés do pequeno um chapéu com
miseras moedas, e depositei as minhas, que não eram muitas, mas sinceras. Olhei
com sinal de respeito, e admirada dei-lhes parabéns, com um olhar talvez, e sem
parar de cantar agradeceu, como que reverencia, e lisonjeada sorri,
maravilhada. Com alguns passos para trás, fiquei. “Com devoção!” E então a música parou e sem
hesitar a ovação, bate minhas mãos, e as palmas foram altas, e todos olhavam
sem entender, mas eu entendia, e ambos que estavam em minha frente também.
Sorria. Parabenizei e me retirei como quem rasteja. Sua talvez felicidade era
transmitida a quem o enxergasse, com sorriso recebia a todos, eram boas vindas
e volte sempre, e em senti obrigada a voltar, ouvir a vozes que entoavam
profundo desespero por sorrir.
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