quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
Hora Azul
Querido amigo, hoje é dia 31 de dezembro, o ultimo dia do ano finalmente chegou. Pessoas esperam ansiosamente pela meia noite acreditando que uma vida nova começa. E me pergunto quantas delas tem um plano novo pra seguir, uma nova estrada. Todo aguardam as oportunidades da vida, e fazem promessas entre risos de entusiasmo. Sabe, os dias passaram tão rápidos, foram tantas responsabilidades, tanta falta de tempo. Quais foram as promessas para 2014? Quais eram mesmo os planos? (…) Fico imaginando se voltarei a escrever, da mesma forma que aquela menina não escreve mais à dois anos. Haviam tantas coisas para se dizer, mas agora estou aqui, sem saber como me reinventar com palavras. Preciso do ar que 2014 roubou de mim, preciso deixar que o cansaço escapar pelos poros. (…) Quando o relógio bater meia noite, quero me lembrar de todos os momentos que fizeram meus infinitos, que valeram os 365 dias a pena. Mas é engraçado em como me lembro com clareza, apenas do solstício passado. Talvez amadurecer seja isso, perceber que os dias se passam, e a boa época não volta. Hoje, querido amigo, consigo me lembrar de como era ter 16 anos, e consigo ver, todas aquelas lembranças que viraram fotos antigas. Talvez eu tenha que agradecer, pela chuva que nos pegou de surpresa, pelas musicas que nos acompanharam, pelas tardes em que queríamos que o mundo andasse com mais calma. Hoje não faço parte de nada, apenas do mundo, de todas as lembranças dos momentos que foram importantes apenas pela consciência disso. Hoje quero que o mundo se abra, e que novos caminhos se trilhem, mesmo que a estrada não faça sentido, mesmo que eu me perca no meio do caminho, mas que encontre o sentido novamente. Há um universo de oportunidades, apenas esperando que nós as encontremos.
domingo, 21 de dezembro de 2014
Aquela antiga canção
Reli Sobre arvores e xícaras de café, e então pude entender. As coisas mudam não é mesmo? Mas porque me encontro exatamente na mesma situação? Hoje é domingo, e a chuva não cai do lado de fora, só havia aquele sol brilhante e o calor que não me deixou dormir. Estive lendo aquelas mesmas cartas, das 12h30 às 18h00, e minha cabeça continua cheia. Não falei sobre árvores e não tomei café. Porém me lembrei do dia anterior, e senti saudade dos nossos infinitos. Em comparação dos anos, minha escrita diminuiu drasticamente. Escrevi 55 textos em 2013, em contra partida, há apenas 11 em 2014. O que há de errado? Cadê a vontade de me expor em palavras? Fico triste em constatar que minha agonia grita e não pode mais sair. Me perdi entre o tempo e não consegui voltar. Há tanto para dizer, e tão pouco sentido, já não sei me colocar na frente, não consigo libertar as palavras que tentam incontrolavelmente achar uma saída. Faltam 10 dias para que 2014 acabe, e eu não sei de que lembranças me orgulharei quando o relógio bater às 00h. Quando foi que me perdi de mim mesma? (…) Sai subitamente da minha rotina, perdi meu emprego, como quem foge para se abrigar. Tenho passado 24 horas em puro ócio, e tenho pensado demais. É que bate aquela nostalgia, sabe? E agora tenho a madrugada como companhia, e tenho medo de voltar a enlouquecer. Quero desesperadamente abraçar o mundo, e ficar esperando o aval do tempo dói! Parece que a vida esta passando pela janela, e eu estou ocupada demais esperando a idade certa para viver. (…) Vi fotos antigas, e me fez sentir falta de 2013. Sinto falta de estar naquele lugar, ouvindo aquelas mesmas músicas, de saber que tudo ficaria bem, porque eu pertencia a algum lugar. Os risos não são sinceros agora, e eu estou vivendo no modo automático. E quando me perguntam sinceramente se estou bem, já não sei o que responder, e só consigo pensar; “Eu estou bem?”. E acabo sorrindo e balançando a cabeça em sinal de afirmação, porque, afinal, não há o que dizer. Passei 8 meses sem tempo para indagações, o tempo me faltava, e eu só queria descansar a cabeça no travesseiro para ter um novo dia. E hoje todas as perguntas que ficaram presas estão sendo jogadas de volta a mim. Antes eu sabia exatamente o que fazer, mas hoje lembrar de como corremos na chuva não está ajudando, porque são lembranças agora, e tudo se transformou em fotografias antigas, e porque não tenho mais 16 anos, e é difícil me lembrar de como era ter essa idade. Você também fracassou, Charlie? Cadê os infinitos agora? Eu realmente não sei. “E diz que só queria descansar, de quem a gente mesmo escolheu ser…” (…) Eu só queria poder repetir tudo o que já escrevi, pois não há mais nada aqui, só um amontoado de dores que já conheço bem, são saudades com gosto de adeus. Dezembro sempre me traz nostalgia, a vontade de ter feito mais com os dias que passaram. É segunda feira, e eu não sei que diferença isso fará. E me lembrei de todos os momentos felizes, mas não consigo me sentir feliz, talvez haja tanto vazio aqui, que não dê para acalentar com lembranças que tanto guardo. É só uma saudade grande de ser quem eu era, de não querer estar em nenhum outro lugar além daquele, e saber qual era o motivo. É triste escrever sobre solidão, o mais triste é saber que já falei tudo o que tinha de dizer, e não há mais palavras, só aquela foto em que todos nos esperávamos que desse certo, e aquele abraço de despedida que não dei em ninguém. Éramos tantos e fomos heróis de nossas próprias histórias em cada parada de estações de trem. (…) Havia tanto para dizer, e agora não consigo chegar ao final. Talvez devesse dizer que ontem eu dormi feliz, o sol se pôs e nós andamos por ai, elas eram novas, estavam entre seus 16 anos, percebi o quanto tinham bons pensamentos para o futuro, e nós olhamos o céu e eu pude me sentir parte de algo novamente. E entre os risos em um ônibus lotado, e eles falavam alto e me lembrei de como era rir de verdade, e não querer estar em outro lugar. Mas o peso disso veio em minhas costas ao acordar, por saber que diferente de antes, esses momentos não eram mais frequentes. Sinto falta dos infinitos, e do azul que aquela menina me falara. E agora, José? O que é que a gente faz da vida? Não sei, nem Drummond sabia. Só que talvez seguir em frente seja a melhor pedida para a noite, juntamente com uma bebida gelada.
domingo, 5 de outubro de 2014
Geografia Sentimental
Outubro chegou, trazendo consigo o outono e um pingo de melancolia. Faltam 2 meses para o ano novo, faltam quase 60 dias para outras promessas serem feitas, e o modo como o tempo passa rápido me assusta. Finais de ano sempre me trazem nostalgias; O que mudou de um ano para cá? Quem eu era antes? Quem eu sou agora? E me perco em perguntas que eu nunca vou saber responder. É complicado, sempre estou a procura de mim mesma, e nunca me encontro. Sabe, tenho escrito tão pouco, me prendi em um buraco de certezas e quase não me exponho. Como posso lidar com a angustia que não morre no papel? É tudo tão pesado, o tempo passa e eu fico no papel de novo, achando que posso me reviver pelas palavras. […]Estive vendo fotos antigas e senti os anos indo embora. Era tudo tão fácil sabe, me sentar no quintal de casa sem a preocupação das horas perdidas, sem saber que a vida tava passando lá fora e ter que correr contra o relógio. Mas é que bate aquela saudade, aquela vontade de voltar 15 anos atrás e me abrigar da realidade. O que era a solidão para aquela menina que tinha seus próprios brinquedos como companhia? […] Passei 3 dias tentando fugir da responsabilidade de existir, dormi mais de 12 horas e me entreguei a vontade de não acordar.Então andamos pela garoa fingindo falar línguas desconhecidas, e o frio ardia os ossos. E pela estrada eu vi o sol se por, e os pássaros voarem, e me senti viva novamente. Por que não fugir de vez? Conheci um moço jovem, que viajava pro ai em uma bicicleta, ele me falou de pedras e sorriu diante a minha admiração. Posso dar o luxo de me perder? Faltam 2 meses para o ano novo, e eu só queria poder me esconder do mundo ou caminhar com mais calma.
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Taquicardia
E seguimos sendo assim, nessa prolixidade toda, enquanto acho graça da vida e sorrio o tempo todo. Eu sou de mentira, meu bem, mostrando para o mundo uma carcaça de anseios e futilidade. Querendo me fazer ser vista e distribuindo uma luz que não possuo. E inviabilizo tudo o que é real, descarto tudo o que é de interior, e passo a ser apenas aparência. Como vou me libertar de minhas próprias correntes? Eu quis assumir a bagunça dessa vida vazia, mais há tanta folha em branco aqui, avisando que as palavras podem sim sufocar. Eu tentei me livrar de mim por 5 dias, e fui apenas a liberdade que guardo aqui, andei por ai e me senti completa por estar só. […] A lua mudou, e os 30 dias que causaram transtorno já estão indo também. E usei a lua cheia para dar fim a um ciclo, e como um furacão que não cessa, toda a loucura explodiu. Li numa manhã de sábado que o sólido se desfaz no ar, e o quanto de noradrenalina é preciso para voltar a mim? E tudo está desfeito no ar agora, posso ver os nós desatados em cima de minha cabeça. O que condiz com a realidade em que carrego? Qual a culpa posso ter por não me doar para o mundo? Hoje estou aqui, mas não sei quem sou. Quem é que sorri o tempo inteiro? Quem pensa mais do que a mente aguenta? Perdi-me nos personagens que inventei, só pra ver se conseguia também me inventar, mas o que restou foi à desconexão de todos os polos do meu corpo. E a sanidade vai me corroendo, apresentando o mundo que não quero conhecer, enquanto as pessoas dizem “Olá” e não sabem sorrir de volta. E eu pergunto se esse isolamento é dos outros ou de mim mesma. E tudo é tão mutável sabe, hoje aqui, amanhã ninguém sabe, o mundo gira, e nós seguimos em frente. Quem vai continuar aqui daqui a 10 anos? Eu vou continuar aqui? Perguntas como está me consomem, porque eu não quero a resposta que tenho. Posso correr o risco de mudar? […] Eu nunca soube o que dizer, e hoje não tem mais ninguém aqui para ouvir, as palavras escapam pelos meus dedos, e eu faço do papel publico acústico. As palavras podem sim sufocar, e aprender isso na pratica torna toda madrugada mais pesada. Hoje não tenho nada, sou só o pó daquela que chorou uma madrugada inteira e dormiu com olhos cheios de água. Você não precisava ter ido embora, havia mais que um amontoado de poeira aqui dentro, você só precisava achar, e tava tão fácil, sabe. E é quando a loucura beira o precipício da realidade que nós percebemos o quanto é difícil se levantar e seguir, olhando o sol que bate na janela do ônibus. Acalmei a minha mente e continuei por ai, deixando atrás da porta tudo o que me prende lá também. Quem é essa garota que não sabe ser de ninguém e nem dela mesma? Eu só quero voar por ai, sem a responsabilidade de me fazer existir por mais uma semana, só me deixe aqui, enquanto ainda não tenho asas. Um dia eu as encontro.
terça-feira, 29 de julho de 2014
Medo da chuva
Quem vai descobrir a verdade sobre a solidão? Não sei. Sou apenas minhas inseguranças, medos e fracassos, acompanhados pelo frio da madrugada que grita e enche a casa com suas lamurias e perguntas que não há respostas. Um dia disseram que a solidão era uma boa companheira, era estar só consigo mesmo, e tentei pensar nisso como algo bom. Mas como posso conviver comigo mesma? Como posso não fugir de mim? Mas agora não há sol, não há livros, não há música e nem gente. Sou apenas eu. Quem pode me salvar dessa louca que não sabe o que quer? Quem pode me salvar de me afundar em loucuras que desconheço? Um dia disseram que o que afoga alguém não é o mergulho, mas sim permanecer debaixo d’água. E foi numa tarde em que a mente pede um pouco de calma, que li sobre um guerreiro da luz. E o guerreiro percebeu que passamos repetidamente por algumas coisas para aprender o que não queremos aprender. E eu percebi que tenho errado muito. (…) Tomei um gole de tristeza, e ela ardeu à garganta, enquanto a tosse não aliviava o arranhado que queimava, eu pude ver as pessoas sobreviverem, e andarem por ai, com o peso do mundo nas costas. Sempre me perguntei como puderam deixar transparecerem assim, e a dor parece tão amiga. E foi numa dessas avenidas em que você não consegue distinguir se a garoa arde mais que o frio, que te encontrei de novo. Você me puxou pela mão e levou a um lugar mais calmo, e falamos sobre a vida. Você também ouviu a música, e eu achei que poderíamos voar por ali, junto com o céu e o topo daquele prédio. Mas eu estava lá sozinha, com todo o grito de saudade entalado na garganta que ainda ardia. Você ouviu o grito que meus olhos denunciaram? Mas eu notei o seu cansaço, a sua vontade de se abrigar e correr para longe. Não te culpo, menino, a chuva foi testemunha de um abraço desajeitado, e de como você não precisava fazer nada disso. Você poderia apenas ter ido, sem volta, sem parada para agradecer, sem tchau de despedida. Apenas ido, e levado suas memórias. Mas você as deixou comigo, junto com a nossa imagem se misturando a cidade e os carros que poderiam ser foguetes. E eu ainda continuo sem ter o que dizer, e o seu sorriso continua sendo o sorriso mais bonito do mundo.(…) Guardo a inspiração, e espero que ela exploda em mim, para transbordar, mas agora não vejo mais o que poderia dizer, já não há inspiração, já não há papel em branco que me salve, e eu enlouqueço por não poder enlouquecer. E eu continuo sendo a mesma de antes, a menina burra que não sabe dizer o que sente, que não sabe receber carinho e nem abraços. Quem poderia ajudar esse monstro que se esconde em sorrisos bobos para a vida? E quebrar a cara já não é o bastante. Cansei de boicotar meu próprio espetáculo, de fechar a cortina na cena principal e acabar com o ápice da peça. Estou sempre a um passo à frente de mim, e me trapaceio, me faço tropeçar, tudo para mostrar que sou melhor sem mim. Eu poderia me deixar de lado, não poderia? Agir como a garota que depois da terceira dose já está conversando com todos e sorrindo pra qualquer um, sendo apenas sombra dançando com as luzes piscantes de um balada qualquer. Quem vê além da carcaça de menina boa que estuda pra entender os outros? E eu volto pra toda essa melancolia de quem não sabe viver por si só. Talvez eu esteja pronta para desistir antes de fracassar. Já são 2 horas de uma quarta feira fria, já são dezenas de pesadelos perdidos, e algumas palavras que não preencheram vazio nenhum. Mas e quando o choro da madrugada não adianta? Quando o soluço é alto, e os olhos começam a inchar? E eu quero gritar para o mundo que a solidão me dói, quero deixar claro aos quatro cantos que é difícil ser sozinho. E além disso quero um abraço e um coração. Um carinho enquanto o sono não chega, e ouvir duas risadas se misturando. Quero um olhar que entende e completa o meu. Muito mais que os amores pedem, eu quero a capacidade de aprender a me doar para que isso tudo de certo, e deixar de lado essa minha preguiça de me deixar existir por inteira.
domingo, 13 de julho de 2014
Por onde andei
Às vezes a gente percebe que as idas são inevitáveis, e qual seria o sentido da vida, a não ser ir embora? E continuo vendo os abraços se perderem em uma esquina qualquer, e tendo que seguir, como todos tem que seguir. Mas as vezes, só as vezes, encontramos algumas almas novamente pelo caminho. E então os encontrei, e não eram só os cabelos que haviam mudado. Perguntei-me quanto tempo fazia, talvez 6 meses pra mais. É como aquela música que não toca mais, que antes significava tanto, e depois só traz lembranças. Mas são estradas diferentes agora. Lembro daquele caminho de supermercado, e em como nós trilhávamos, felizes e falantes, mas dessa vez éramos a lua e eu, e todas aquelas risadas que eu não conseguia participar. Quando foi que ficamos tão distantes? (…) Ouvi uma história há um tempo, consigo imagina-los como uma paixão grande, daquelas que causam faíscas quando se está junto. Quando dois corações se aquecem e entram no mesmo ritmo, e sobre as tardes de domingo, enfeitadas por alguma música que toca baixinho em algum lugar. Mas ela foi embora, simplesmente foi. Em que esquina os abraços deles se perderam? Não sei, talvez nem ele saiba. Só sei que ela foi para longe, e o sonho era maior que os abraços no começo da noite, acompanhadas de promessas não feitas. Mas ela era o presente, não era? Apenas o momento, era hoje aqui amanhã ninguém sabe. Eu te entendi, moço. Ele também era assim, ele era apenas um instante. E como nós fazemos, quando um momento deixou lembranças demais? Quando eles foram embora atrás de algum sonho, e nossos sonhos foram embora junto, naquela mala cheia de roupas em um avião? “E diz que só queria descansar, de quem a gente mesmo escolheu ser, sem querer…” (…) Tentei ir por outros caminhos, mas você ainda está por ai. Em cada olhar e a expressão de não quero papo com ninguém. Em cada sorriso de lado, em cada jeito de gargalhar. Em cada forma de falar, e de agir. Eu continuo te procurando nos outros, procurando algo que se assemelhe a você, e que me traga alguma lembrança sua. Sabe, eu ainda ouço as mesmas músicas, ainda ando pelo mesmo caminho trabalho-faculdade, continuo com o mesmo emprego, a mesma turma de amigos. E você? Não sei. Talvez esteja viajando por ai, com os sonhos todos nos ombros. E eu continuo no mesmo lugar, andando em círculos, a procura de um pouco de você.
sexta-feira, 4 de julho de 2014
Avohai
Olha menina, o céu aqui também deixou de ser azul, é só esse cinza todo sobre nossas cabeças. Eu quero que chova, que alague, e que nos inunde, para que possamos transbordar e esvaziar esse nada que nos preenche. Você me entende, menina, todo esse nada que toma tanto espaço, que pesa nos nossos ombros e faz os olhos não fecharem. Qual o sentido disso tudo? Estamos vivas, não estamos? Por que não podemos fugir, virar donas de nós mesmas e viver perto de toda árvore que desejarmos? As coisas poderiam ser mais simples, não é? (…) E foi naquele momento que rodamos sem parar, e as árvores eram testemunhas, eu pude lembrar dos meus infinitos. Eles estavam tão distantes, tão juntos com a época em que os shows num parque e as rodas de abraços entre amigos faziam as tardes de domingo terem sentido. E lembro de ouvi-lo cantar: “Desculpe estou um pouco atrasado, mas espero que ainda dê tempo de dizer que andei errado, e eu entendo…” e eu lembrei de você, menina, porque sabia que você também sentiria o infinito estando lá. E eu vi dois pássaros voarem ao som de All Star, e o pôr do sol que ganhou cor através do escuro daquele óculos. Sabe menina, talvez os infinitos ainda existam, e estão ai espalhados, e talvez os encontremos em algum refrão por ai. (…) Eu vi aquele menino ir embora, e por Deus, como desejei que ele ficasse. Mas as pessoas se vão, não é? Os abraços sempre se perdem por ai, e o dele eu perdi numa avenida cheia de carros, enquanto seu olhar me dizia alguma coisa, mas eu não consegui entender. Ele me disse sobre a grama, e o momento certo das coisas acontecerem, mas eu não entendi logo de cara, sabe, o tempo teve que leva-lo embora, para eu perceber que algumas coisas simplesmente não são, e as pessoas só entram nas nossas vidas para nos ensinar algo, e as vezes, só as vezes, deixa na nossa vida, quem tem que ficar. (…) “Um velho cruza a soleira
de botas longas, de barbas longas, de ouro o brilho do seu colar. Na laje fria onde coarava, sua camisa e seu alforje de caçador…” Quem vai nos salvar, de quem nós mesmas escolhemos ser? Eu me sinto tão perdida, como se um universo existente dentro de mim estivesse carregando todo o peso dos mundos, e eu quero poder sair por ai e respirar, e saber que está tudo bem. Como posso procurar algum lugar mais calmo, se eu não sei a onde estou? Já sentiu como se o mundo fosse muito grande, e você apenas uma mínima parte, que tenta de toda forma se agarrar a ele? Como se fosse possível abraçar o mundo com os pés, e passar essa urgência em papel e caneta. Não sei em que esquina eu me perdi, só quero minhas asas para voar. E não há incensos e Ametistas que dê paz nessas noites em que o mundo cai nos ombros.
quinta-feira, 19 de junho de 2014
Queime Antes de Ouvir
Se a vida tivesse um som, qual seria?
Vi uma estrela cadente, e mais uma vez a beleza de vê-la cair me impediu de fazer um desejo, e em uma dessas tardes em que o corpo pede descanso, eu descobri qual pergunta faria para salvar aqueles 30%. […] Disseram-me que o mundo se apresenta para nós como um espelho do nosso ser, como se a essência de cada um fosse refletida no mundo, e um fotografo perguntou “Por que ninguém vê aquele pássaro no alto do semáforo? Por que as pessoas não olham ao redor, para ver o mundo e a beleza que a natureza apresenta?”, você sabe a resposta? Acho que sim. O modo que vemos o mundo é apenas um reflexo da nossa alma, e eu te pergunto sobre aqueles dias em que a vida pede um pouco de calma, e então você pode olhar para o laranja do céu às 18h30, enquanto as árvores balançam com o vento e ter a sensação que você faz parte do todo, e de algo muito maior, e que naquele momento está tudo bem. Pra que pressa se a beleza está no percurso? Estamos tão preocupados em chegar a um ponto, que está apenas no futuro, e esquecemos-nos do agora, esquecemos-nos do que se apresenta no momento, da beleza que está ao redor. É como aquela pausa para respirar a vida no meio da rotina que pesa nos ombros. Vi uma folha cair de uma árvore, lentamente ela chegou ao chão, mas ninguém via, éramos eu e minha mania besta de ver graça nas pequenas coisas, e então pude entender o fotografo. […] E fechei os olhos, limpei a mente, me concentrei na minha respiração, e pude perceber o quão grande e pequena eu posso ser, como uma pulsação que nunca para. Sidarta enfrentou Mara e a terra foi testemunha, mas quando a altitude é o preço da elevação, eu preciso enfrentar os demônios da minha mente. Como a história dos monges que foram atravessar o rio, e então encontraram uma mulher que não podia atravessar, ela então pediu ajuda ao monge mais novo, e este se negou. Ao pedir ajuda ao monge mais velho, este sem pensar muito a carregou até o outro lado do rio. O monge mais novo ficou enfurecido, já que os monges fazem votos de não tocar em mulheres, e por dias dizia; “Por que carregaste aquela mulher?”, e o monge mais velho depois de alguns dias respondeu; “Eu a carreguei por 5 minutos, mas por que você continua a carregando?”. E uma monja ensinou que quando fechamos as mãos para segurar alguma coisa, nos limitamos a algo pequeno, mas ao abrirmos, podemos ter o universo inteiro. E como podemos seguir o Caminho do Meio? Desapegarmos-nos e entender quais são as 4 verdades universais? Talvez o Budismo nos ensine. […] As pessoas estão esperando uma estação para serem felizes.Mas não há uma estação, é apenas uma maneira de viajar. E às vezes nós estamos condenados a sermos felizes, depende da forma que olhamos para a felicidade. E como diz os bons navegantes, nenhum vento é favorável para quem não sabe a onde quer chegar. E quando aprendemos que a vida é uma eterna despedida, que as pessoas vão embora depressa, eu pude entender que nos resta apenas guardar o melhor de cada um, adquirir todo o conhecimento que cada um tem para nos passar. Porque o que resta além das lembranças, é o que nós aprendemos com cada pessoa. E muitas pessoas se vão, os abraços se perdem numa esquina qualquer, e então nós temos que seguir, como todos tem que seguir. Pude aprender que a vida se encarrega de deixar ou de trazer, o que tem que ficar. […] Sabe garoto, o mundo está ai, e eu peço que você não perca essa mania de ver o mundo de uma forma diferente, e de ser, no sentido real de ‘ser’. Por que é tão difícil sabe, encontrar essência por ai, pessoas que ‘são’ sem ter medo da vida, pessoas que inspiram. Só continue sendo, achando graça na vida, sem perder a fé que você tem, porque no final das contas é isso que importa, não é? E que a vida é uma roda gigante, e você disse um dia que essa roda ainda subia, e eu sei que ela vai subir. Mas enquanto ela estiver em baixo, adquira força para a subida, porque é mais fácil construir degraus quando se está no chão. A vida tem lá essas coisas, o seu próprio jeito de nos ensinar, e os Estoicos já diziam, nada acontece por acaso, tudo tem um porque.E Guimarães Rosa já dizia; “ A vida é assim: Esquenta e esfria. Aperta, daí afrouxa. Sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”. E você esta condenado a ser feliz. O que nos resta é esperar. Como a grama, lembra?
sexta-feira, 13 de junho de 2014
Paraty
Olá, você não me conhece, só tem ideia de quem eu sou. Eu sou você. Sou você ainda meio sem forma, meio em desenvolvimento, meio faltando pedaços. E pensar em quem vou me tornar daqui 5 anos me assusta. E se o cabelo crescer, se ganhar 10kg, se as amizades não forem fortalecidas? Os abraços ficam presos numa esquina qualquer, lembra? Talvez não.
Sabe menina, eu só quero que você não se esqueça de como é ser, e ser no real sentido da palavra. Muitos hoje não são, e eu sei que agora ai, ninguém é também. Seja, porque o ser humano não passa de uma carcaça que transita pelas ruas sem real emoção. Seja, porque a essência grita, transborda, e não posso aceitar o vazio. Olha, menina, não se esqueça também da felicidade que está espalhada por ai, esperando parar ser enxergada. Se apaixone pela vida, menina, ela é tão simples, e o que ela quer de nós é apenas coragem. Lembra dos pássaros que voaram? Das árvores que inspiravam? Das músicas que inventamos? Das danças que curaram? É, menina, você tem toda essa essência ai, toda essa vontade, todo esse ser. Só lembre, lembre do que é se sentir infinito.
Olha, menina, tudo flui, nada permanece, e Heráclito tem razão. Nós somos essa eterna mudança, e alguém disse uma vez que nós somos movidos pela falta. Me diz agora, o que te move, menina? Qual o sonho da vez? A alegria do momento? Quantas estrelas cadentes é preciso para se realizar uma vida? Não sei, e espero que você saiba.
Eu olho pra trás e tento ver a garota de 13 anos que eu era e quem eu sou hoje. Ela ficaria surpresa. O caminho foi longo, sabe, e eu lembro de alguém que me disse que a dor é inevitável, mas escolhemos se vamos sofrer ou não. Lembro também de terem dito que até a grama tem o momento de crescer, e me pergunto quanto tempo demorará para florescer. E ainda penso no caminho que trilhei, e que as pessoas estão preocupadas demais em chegar a algum lugar que não se preocupam por qual caminho estão indo e o que está acontecendo ao redor. Pra que pressa, se a beleza está no percurso? Só diminua a velocidade. E a garota de 18 anos que escreve agora se orgulharia de quem você é agora?
Seja, seja simples, seja essência, seja lembrança. Dance, quando quiser dançar. Ria, quando nada mais fizer sentido. Observe, quando não restar mais nada que inspire. Transborde, se doe para as pessoas, e se encha novamente. Apenas seja.
domingo, 1 de junho de 2014
Orientai-me
E ninguém parece se preocupar com minhas indagações neuróticas de quem tem uma vida inteira pela frente, mas ainda sim quer abraçar o mundo com os pés. E lá estava eu, olhando para aquela possa de água que, em nossa cabeça, parecia um rio. E nos encontramos naquela avenida cheia de carros apressados, éramos você, o mundo inteiro com suas preocupações rotineiras e eu. Você sentiu a chuva que caia sobre nossas cabeças? Talvez por um momento não houvesse mais chuva, não houvesse mais pressa, não houvesse mais preocupações, era só o seu abraço apertado contra meu corpo a procura de quietude. E você olhou nos meus olhos, e eu tive que entender o significado de “Laissez faire, laissez aller, laissez passer.”. E com quanta saudade se faz uma dor bonita? […] Procurei pelo céu alguma inspiração e ganhei uma estrela cadente, era 21h50 de uma sexta-feira. É como quando se acende um cigarro numa noite fria de quase inverno, e a fumaça que dança em direção ao céu parece ser sua ultima companhia. Ou talvez só uma mistura de whisky barato, enquanto se canta com todo o pulmão pelo caminho escuro de uma noite chuvosa. E lembro que nós nos afundamos na bebida que chamamos de tristeza, e como ela era doce. E existem aquelas noites em que a saudade te abraça, e não há provas e nem trabalho que te faça esquecer o quanto sozinha você é. Não há livros na estante que preencha o vazio existencial, e você sabe. Sobre a solidão, Nostradamus preveria? […] E fechei os olhos, limpei a mente, me concentrei na minha respiração, e pude perceber o quão grande e pequena eu posso ser, como uma pulsação que nunca para. Sidarta enfrentou Mara e a terra foi testemunha, mas quando a altitude é o preço da elevação, eu preciso enfrentar os demônios da minha mente. […] E eu fujo. Sim minha mente não aguenta pressão, como um computador velho que trava quando é super carregado, eu simplesmente fujo. Como um monstro que não sabe resolver os próprios problemas e só quer se esconder do mundo. Mas você chegou como quem não queria nada, só esbarrou em mim numa rua qualquer, e eu tive vontade de que você ficasse, mesmo com minha mente confusa, mesmo com todos os erros que eu tenho cometido até agora. Você só me perguntou se eu gostava de ser cuidada, e eu imaginei que você fosse ficar por mais de 5 semanas. Lembra, menino, de quando eu costumava te trazer paz? E você ria da minha mania besta de não saber receber elogios. Quando foi que você deixou de querer me ensinar como ver o mundo? Era tudo tão mais fácil quando você aparecia as 21h e me olhava com aquela cara de quem sabia tudo o que se passava por trás dos meus olhos. Quando foi que você desistiu de me fazer não ser aquela velha solitária com 21 gatos? […] Vem, e traz de volta sua mania boba de me proteger, porque eu preciso tanto da sua proteção agora, de você dizendo que tudo vai ficar bem e eu tenho você. Traz seu cheiro na minha blusa de novo, enquanto beija a minha testa e repeti que nunca iria embora. Mesmo que seja mentira, mesmo que você parta na próxima sexta-feira. Só preciso que você me mostre de novo o seu mundo, porque eu estava tão bem nele, achando que era meu mundo também. […] Hoje é primeiro de junho, e os dias passaram tão rápido, quantas foram às promessas de primeiro de janeiro? Temos todos os sonhos do mundo e tão pouco tempo. Quantos sonhos você já realizou? E eu escrevi uma carta para o futuro e pensei em tantas as coisas que eu poderia ser. Já é quase segunda feira, os dias passam rápido, e eu quero que devolvam minhas asas.
segunda-feira, 21 de abril de 2014
Vida longa, mundo pequeno.
Você sabia que não ficaria aqui por muito tempo e mesmo assim insistiu em me prender no seu mundo. Não foi engraçado, eu esperava que você ficasse. Lembro de fragar fumando seu precioso cigarro em frente a minha faculdade, e sorrir ao me ver chegar, e eu parava na sua frente; “Fumando de novo?”, e você me dizia, pela vigésima vez, que seria o último, mas eu nunca me importei, e você sabia disso. É, eu nunca gostei de cigarros, você sabia da minha alergia, não fumava quando eu estava, mas eu gostava de te ver fumando, e você ria quando eu dizia que isso te deixava sexy. Sim, extremamente sexy e isso quebrava minha ética. Mas você sabia provocar, e me convidou pra conhecer seu mundo, e parecia tão avesso ao meu. Você sempre foi totalmente errado, meu amor, mas eu aceitei. Acho que nossos relógios não batiam o mesmo horário, você sempre um passo para lá, e então nos perdemos depois de 5 semanas. Você poderia pelo menos ter me avisado que uma hora iria embora, sabia? E eu te odeio por isso, por ter me feito viajar por um mundo que não me pertence. Ver seu mundo com meus olhos míopes. Você gosta de voar pelo mundo, o que eu posso fazer se nunca conseguirei asas? Tão injusto me deixar naquelas nuvens com formatos estranhos, que vimos nas escadas que fazíamos de banco, e depois me puxar pra cá. Cadê seu abraço? Sua mão segurando a minha como se eu precisasse ser cuidada o tempo todo? Você disse que me protegeria, e eu te odeio por me deixar sem armaduras pra enfrentar o mundo, enquanto você está sabe-se lá deus onde. Eu estou aqui, com a minha rotina trabalho-faculdade, e você? Hoje aqui, amanha ninguém sabe. Eu te odeio por isso. E odeio o seu sorriso, e o fato de você ter levado o meu sorriso com você.
quarta-feira, 16 de abril de 2014
O iluminismo - Vida longa, mundo pequeno.
Os dentes de leão voltaram a florescer, e depois do sopro, esqueci do meu pedido, como naquela estrela cadente que caiu despercebida, e me agarrei ao final dela. Envelheci mais alguns anos nesse ultimo mês, e depois de jurar que nada mais me surpreenderia, tenho estado sem saber o que fazer novamente. E então eu vi aquela história de 5 anos se tornando real, e estava tudo dando certo, e eu admiro o quão forte aquela garota foi. Quem agüentaria 5 anos por amor? É, o amor tem lá suas dores bonitas. Ouvi uma outra história de amor, daquela que já dura quase 30 anos, e sobre como ela ainda o ama, e nunca amou mais ninguém, desde os 16 anos, e ouvi como enfrentaram o mundo para construírem suas vidas. E também ouvi sobre a senhora que se apaixonou aos 21 anos, e ele se foi. Hoje ela tem 70 anos e não amou mais ninguém. E como se faz uma saudade bonita? (…) Vi aquele garoto que foi embora novamente, ele estava feliz, e eu sorri por não sentir mais nada. E sorri pela noite anterior, enquanto nós cantávamos e acendi um cigarro de canela, enquanto as garrafas esvaziavam na sala, e ela estava comigo, aquela garota que me lavava para o mundo. O que eu seria sem ela? Não sei, mas meus dias têm sido melhores, desde que ela chegou. E lembrei-me de como demos as mãos e Nando cantou All Star, e 20 mil pessoas cantavam em coro, e os pássaros arrepiaram a pele. Nós tínhamos aquela árvore, que era só nossa, e como sentar embaixo dela para cantar fazia parece que tudo ficaria bem. Espero que ela não se vá, porque sorvetes e fossas de MPB não teriam mais graça, e nós temos nossa arte e colorimos o nosso mundo. (…) Um garoto me disse que a loucura e a genialidade são uma linha tênue, e eu me pergunto em como se atinge uma, sem ter a outra. Ouvi desse mesmo garoto, que a dor é inevitável, mas que podemos escolher se sofreremos ou não, e isso me fez pensar tanto. Como ele sabia tanto do mundo com tão pouca idade? Não sei, mas talvez existam pessoas que já viveram demais, e ele disse que me ensinaria, e sinto que tenho muito que aprender. (…) E então teve aquele garoto que apareceu tão de repente, como também desapareceu. Gostei do seu sorriso garoto, e eu gostaria que você soubesse que eu vi além do que os outros vêem. Você me perguntou qual era a frente de uma arvore e qual pergunta eu faria para salvar a vida daqueles 30%, e eu não soube responder. Mas é igual a grama, não é? E talvez essa não seja a nossa hora, e talvez ela não chegue, mas você esteve aqui nesse ultimo mês, e você me ensinou muito. É, você foi uma brisa leve que passou, e eu ainda penso em como seria se você não gostasse de voar pelo mundo, sem lugar para se abrigar. E eu gosto do seu jeito de ver o mundo, e eu estive presa em um mundo cheio de filosofia, e você entendeu.Gostei do seu abraço, o mundo parecia maior lá. Ainda não sei como pensar, Freud explicaria? E Jung trouxe o mito do herói, e você ainda esta nessa jornada. E tudo flui, nada permanece, e eu queria que Heráclito estivesse errado dessa vez.
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
O Piano e A Estrada
Querido Charlie, faz tempo que não lhe escrevo, não é? Peço-lhe desculpas, mas é que as coias estão meio pesadas ultimamente, como em aqueles dias de chuva que não passam, e você olha da janela e se pergunta onde o céu azul se escondeu. Sabe, era Fevereiro também, quando li suas cartas pela primeira vez, e eu poderia repetir sobre como me senti e como corremos na chuva, mas hoje não. Sabe Charlie, os abraços se perdem numa esquina qualquer, e todos tem que seguir, não é? Acho que Something About Us tinha realmente razão, o fim é perceber que o fim chegou. Lembro do primeiro gole de Rum, e como aquilo queimava a gargante, e como me ensinaram como se deveria segurar uma garrafa de cerveja e ser um magnata sem terno. Acho que eu me transbordei, não sei, não caibo mais em mim, ou nesse mundo, preciso evaporar, sair pelos poros, e deixar de ser pequena diante do mundo. Agradeço, sabe Charlie, eles me ensinaram que eu poderia dançar por aí, e ser quem eu quisesse, e eu poderia voar sem ao menos ter asas, mas agora eu estou com os pés presos no chão, tentando completar aquela música, mas não sei responder quem roubou nossa coragem. As coisas eram mais fáceis, quando andávamos pela cidade tentando nos achar pelas calçadas cheias de gente, e eu percebi que o caminho daquele mercado nunca mais será o mesmo. Nós eramos heróis por um dia e eu queria saber quando deixamos de ser os heróis de nós mesmos, e quando estar naquele túnel ouvindo aquela musica, deixou de ser importante. (...) E eu pude ouvir todas aquelas mucias que envolvem o Tempo, e que nós ainda temos todo o tempo do mundo, mas não somos tão jovens quanto antes. Eu achei que o abraço forte tinha me encontrado numa dessas esquinas, mas nós já nos perdemos tantas e tantas vezes, acho que nossos caminhos estão distantes de novo, junto com os olhos castanhos que ainda faz chover. Sabe Charlie, eu ainda tento lembrar de tudo, mas não há mais Tempo Ruim para nós, e agora? Vocês também se perderam e tudo passou a ser apenas fotografias de histórias que não acontecem mais? Sinto falta de fevereiro, sinto falta de saber onde eu estava, mas está tão escuro aqui sabe, não da mais pra fugir pro quintal de casa e olhar as estrelas. Meus olhos estão pesadas, acho que perdi minha vontade de me fazer existir, e ninguém mais me vê, eles viram, mas eles também se foram, e do que é feita a vida afinal, a não ser ir embora? (...) As coisas mudam, e eu envelheci 10 anos nessa ultima semana, e imagino como se é possível ter 130 anos e só aparentar o cansaço aparente? Sabe Charlie, não há mais infinitos aqui, e eu estou a procura da fuga numero 1.
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