terça-feira, 31 de dezembro de 2013

O Céu é Só Uma Promessa

Hoje é o último dia do ano sabe, e tenho visto todas aquelas fotos e ouvido todas aquelas músicas, e posso sentir que os problemas, são só problemas afinal. E que as pessoas passam a vida inteira procurando o sentido da felicidade sem saber por onde começar. E eu deixei de sentir falta quando aceitei que tudo passa, e que o abraço fica preso na esquina, enquanto cada um segue seu caminho, como todos tem que seguir. A saudade então virou lembrança boa, daquelas que da vontade de contar pra desconhecidos numa fila de banco. Percebi então que não foram só meses e estações que se passaram, foram todos os momentos que tento recordar enquanto tudo parece ruim, e então me vi em todos aqueles sorrisos e o céu está tão bonito hoje, porque dançávamos e não vi mais tristeza em um banco de terminal. E os medos desses dias tristes viraram dança, e senti que nós poderíamos rodar e dançar a vida inteira no meio de desconhecidos que passam a vida inteira sem notar as pequenas coisas. E a rotina cansa quando não nos renovamos, e há milhares de coisas novas por ai. Então eu lembrei por diversas vezes de como era me sentir infinito, e todas as pessoas que passaram e se perderam por alguma rua, e todas as pessoas que fugiram para algum lugar mais calmo, e foi por todas as pessoas certas que estiveram em meu lado em algum momento infinito. E que ninguém se esqueça de como foi ter 16 anos quando a maturidade invadir os 40, e que as fotografias antigas foram lembranças boas, e que fazem parte de cada história. E você pode ver as luzes dos prédios e caminhar por uma estrada, cantando aquela música, e ter as pessoas certas com você. Não foram só 365 dias, foram histórias, e são lembranças agora. A felicidade está nos momentos. Feliz 2014

domingo, 8 de dezembro de 2013

O Herói Devolvido

A primavera chegou, trouxe aos campos uma infestação de dentes de leão. Creio, talvez, que eles estejam resistentes demais, não querendo voar e realizar desejos. Percebi que muitas pessoas se vão, elas se perdem numa esquina qualquer, e o ato de ir embora tem lá suas metáforas verdadeiras. Estou te esquecendo, meu amor. Não sei o quanto isto é ruim, eu costumava seguir o clichê, estar mais perto de mim mesma, enquanto lhe abraçava, era como a música que já dizia; meu mundo girava devagar, mas está tudo rápido demais agora. Então dancei sem me preocupar se você me acharia louca. Eu dancei e você não estar lá não fez diferença. Dancei como se ninguém me visse. E não havia mais pés, não havia mais sapato, eramos eu e a música. Foi-se embora, meu amor, e sua ausência ainda faz saudade, mas esqueço, porque o céu é mais azul agora. Você virou uma sombra, meu amor, mas hoje só há sol aqui dentro. Sei o quanto as luzes brilhavam e as risadas eram altas enquanto o flash cegava. E o quanto foi apenas eu e a saudade por tanto tempo, meu amor, mas estou te dando um adeus, e coloquei as mãos no peito e fechei os olhos, eu sei o quanto doeu, enquanto a música soou; “ Que a vida simplesmente vai, como a fumaça desse trem, como um beijo e nada mais, antes que você conte até dez.”. E deitada olhando para aquela mesma árvore, enquanto ouvia pessoas desconhecida entoarem aquelas músicas de tempos atrás, pensei em você, meu amor, e em tudo o que você não representa mais. Estou te esquecendo meu amor, e eu posso andar atoa e sorrir com a minha vida, só deixa eu caminhar.

domingo, 24 de novembro de 2013

Uma canção para um amor dormir

E agora, Zé? O que é que a gente faz da vida? Não sei, nem Drummond sabia. Só que talvez seguir em frente seja a melhor pedida para a noite, juntamente com uma bebida gelada. Não sei o que eu poderia dizer se perguntassem por que insisto tanto, talvez dissesse que foi sobre as arvores que caíram com a chuva, o sorriso por trás da fumaça, o coração torto na carta e a chuva que nos pegou de surpresa; poderia dizer também que foi a música que tocava, as mãos que se entrelaçavam, os bancos na estação de trem e a piada que foi roubada; e que foi a camiseta velha, os segredos que ficaram, a promessa de casamento e o adeus que não foi dito. E me sentei no banco e olhei a roseira seca na porta de casa, lembrei-me de Roda-viva, e assobiei para a chuva enquanto Chico cantava; ‘Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu, a gente estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu?’. E talvez tenha sido a sobrancelha arqueada, os óculos que embaçavam, o abraço que durou muito e o céu escuro no caminho do mercado.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Abre-te Sesamo

Era um desses dias em que eu atendia diversas ligações e quase não falava em nenhuma. Talvez não me importasse com a manipulação para venda, nem com o ATM, mas aquele dia seria diferente, faltavam 4 minutos para às 21h. Todos os dias eles iam lá, avistava seus rostos de longe, juntos. Lembro que sempre desejei que ela encontrasse alguém, mas não qualquer pessoa, ela merecia alguém, e quando digo ‘alguém’ é porque quero dizer muita coisa. E ele apareceu para ela, e eles se casavam tão bem, era aquela coisa de você saber que sorvete combina mais com bolo de festa, do que qualquer outra coisa. E eles eram assim, uma combinação no meio de brincadeiras e risadas, eles eram amigos além de tudo. E ele tinha aquela risada de Tyler que ninguém sabia imitar, e ela ria, e eu nunca vi ela rir daquele jeito, seus olhos estavam brilhando e eu fiquei feliz, porque certa vez em uma rede social eu disse que um dia ela ia encontrar um motivo que a fizesse sorrir de verdade, e não sei quando ela soube que era eu quem havia dito em anonimato, e ela respondeu; ‘Será?’. Sim menina, você encontrou. Estavamos lá naquele bar, ‘acolhedor’ como disseram. E a banda estava ótima, e eu pude dançar e não pensar em nada, e você pode gritar com a música e senti-lá. Sentia falta disso, de sentir a música num desses shows e saber que eu estava com as pessoas certas. Sentia falta dequela pessoa, da companhia de saber que eu não estava sozinha enquanto todos tinham alguém, mas temos que acostumar com a ausensia, não é? E eu disse sobre as árvores, mas dessa vez eu estava confusa, porque eu podia ser eu mesma novamente com outra pessoa, mas não era a mesma coisa, e eu queria não saber o porque. (...) Falava com gente desconhecida, e descobri o que era uma fraude bancaria, me senti empolgada por isso, quem era a voz misteriosa do outro lado? Descobri um dia desses também sobre de onde surgiu a palavra ‘centavos’, mas não consegui acompanhar a explicação. E havia aquelas fotos, e havia aquele trem, enquanto eu lembrava de cada momento, com uma nostalgia vinda daquela estação e daqueles 4 bancos. Porque tão diferente? As pessoas vão embora, não vão? Eu senti falta, durante aquela música que falava sobre algo que eu não soube traduzir. E lembrei de uma daquelas madrugadas que o bar estava vazio e meu pai estava do meu lado, e nós cantavamos Era um garoto e como eu amava o Beatles e os Rolling Stones. E dançavamos, porque a música não tinha hora para acabar, e acabava, mas não com a madrugada. E também tinha aquela banda que parecia que os integrantes haviam saido de um filme dos anos 70, como se tudo estivesse em modo 1977 de um editor de smartphone, ou sépia. E aquele cara que me lembrava o Jim Morrison sem óculos de sol. E eu pude dizer que enfrentei alguém, e podia dizer que era um chefe de mafia rival, mas eu enfrentei outra pessoa, eu mesma. (...) Olhei pro céu, daquele ônibus, às 5h40, vi o sol nascer, o crepusculo da manhã me faltou o ar, e eu pude ouvir os passaros na tranqulidade da manhã, sem ninguem por perto e parar no meio da rua e olhar para o céu. E eu pude ouvir Sol Entre Nuvens, mas eu queria saber pra onde fugir.

sábado, 2 de novembro de 2013

Uma delicada forma de calor.

Qual marca eu quero deixar nas pessoas? Não sei, sinceramente. Só que é difícil dizer sobre mim, fora o que todo mundo já sabe, e que talvez não faça diferença dizer que nasci dia 18 de outubro de 95, ou que gosto da cor preta, sem parecer superficial. Não sei o que posso dizer, só que gosto de observar as pessoas e tentar ver através delas. Me pergunto; “Por que estão sem expressão? Por que parecem tão frias?”. É difícil ver quem é de verdade, olhando somente por fora. E eu poderia dizer que meu maior medo é perder os meus pais e que eles são as pessoas que mais amo na vida e lembrar de certa manhã em que eles me acordaram às cócegas e diziam que me amava e que o quanto essa lembrança me faz bem. Posso dizer também que tenho medo de morrer sozinha em uma casa vazia, sem ninguém para ouvir minhas histórias e minhas reclamações. Também poderia dizer que estive em uma fase ruim e que toda quinta ia à uma psicóloga na rua Ipiranga. Todos tem um pouco de loucura em si, foi o que constatei. E eu imaginava o por que de tal senhora, de roupa simples e de sorriso largo, frequentar aquele lugar. Então das 15h às 16h, eu me sentava e falava da minha semana, e me pergunto se ela realmente me ouvia, enquanto balançava a cabeça afirmando que sim. E eu sempre me pergunto o que é de verdade, e por que as pessoas são só carcaça. Posso dizer também que meu sonho é viajar pelo mundo, pegar a estrada , sentir o vento e seguir sem rumo. Conhecer o máximo que eu puder, vive e ter lembranças boas de tudo, porque julgo isso importante. (...) Lembro de certa tarde em que estava com meus amigos, e estávamos felizes e lembro de como falávamos alto e ríamos o tempo todo, porque estávamos juntos e era isso que importava e corremos na chuva. Lembro do abraço que esperei por 5 anos daquela amiga que mora longe. E você tem as pessoas certas perto de você e você não se sente sozinho e percebe que tudo que leu era real e você sabe o que é se sentir infinito. (...) Gosto das lembranças, porque isso é o que conta no final da vida. A felicidade é momentânea, e o que irá dizer no final das contas se você foi realmente feliz, é que os momentos de felicidade foram maiores que os de tristeza. Gosto de acreditar que essa teoria esteja certa. E também me disseram que há pessoas que passam pela vida sem fazer diferença, e há aqueles que vivem de verdade. E penso em como todos estão preocupados em deixar marcas e ter fama e não serem esquecidos. E qual o motivo da vida afinal, se não ser feliz? E que o conceito da vida é muito vago. E que você “Aprende que não importa aonde já chegou, mas para onde está indo... Mas se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve.”, e o texto O Menestrel pode nos dizer muito; “Nossas duvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar” (...) E eu lembro daquela música que diz; “Temos nosso próprio tempo, não tenho medo do escuro, mas deixe as luzes acesas... Agora. O que foi escondido é o que se escondeu, e o que foi prometido, ninguém prometeu, nem foi tempo perdido, somos tão jovens...”, e lembro de dançar em um show de rock de olhos fechados, enquanto minha alma se enchia, e eu pensei que sim, temos todo o tempo do mundo. E eu sei que as pessoas vão embora e os abraços se perdem na esquina e você tem que seguir em frente como todos tem que seguir. E um príncipe me disse uma vez que o essencial é invisível aos olhos e eu repeti 3 vezes; “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. E ouvi todos nós cantando Tempo Ruim em coro e as coisas estavam bem. “Por amor as causas perdidas, tudo bem, até pode ser, que os dragões sejam moinhos de vento”, mas ninguém da valor ao que é de verdade. Qual o valor disso tudo afinal?

sábado, 26 de outubro de 2013

A escalada das montanhas de mim mesmo

Incrível como toda inspiração vem carregada de um pingo de tristeza. Voltei a Agosto, li as mesmas cartas de Fevereiro e lembrei de uma conversa, numa tarde em que eu só ouvia “alôs” sem emoção. Charlie continua fazendo sentindo, e eu o entendo mais do que nunca, entendo em como é estar feliz e triste ao mesmo tempo. Eu queria entender em como minha mente pode ser tão inconstante. Estive em uma fase ruim, e tenho estado nela ainda, deve ser por isso que tento olhar as estrelas a procura respostas. Enlouquecer com a escuridão, não sei, mas eu enlouqueço, e as vezes me deixo enlouquecer. Como quando se tem duas pessoas lutando dentro de você, mas não estar pronta para apaziguar. Mas eu gosto de imaginar o futuro, e a estrada, e as lembranças, e eu me apego nesse futuro inventado, não sei, eu poderia ir para o Conjunto Habitacional A E Carvalho, e morar na Rua Azul da cor do mar. E se eu chegar na Rua Só o Amor Constrói, virar a esquerda e ir reto, e então sair pela Rua O Tempo e o Vento? (...) Não tente ver através de mim garoto, eu sou só carcaça agora. É só que eu não quero mais mostrar o que eu sou, perdi essa vontade, eu dei tudo de mim para alguém que foi, e foi sem me levar na mala. Não tente reparar quando eu desvio o olhar, ou quando eu paro de falar de repente porque o vento bateu na janela e eu me disperso fácil, eu não sou mais de verdade. Eu parei de imaginar um futuro, porque o futuro está nos braços de um outro alguém, e não me pertence. Não sei, Costa fugiu, fugiu e se encontrou em Budapeste e ele imaginava, e o futuro poderia ser bom, mesmo com ele cego, e se eu fugisse, em que rua me perderia? (...) A minha inspiração vai, minha unha não tem mais esmalte, quero poder voar, ver o mundo pequeno, e eu disse que os sonhos dão asas, e com isso poderíamos voar, mas quando nem isso faz sentido pra mim, meu conselho é tão falso. Mas a fé ainda pode mover as coisas, só tenha fé e as montanhas podem ser escaladas. (...) Hoje o vi, tão sereno, tão diferente da ultima vez em que o rancor e o orgulho nos falava mais alto que a música. Lembrei da piada de um ano atrás sobre a tesouraria, e que o plano antigo de voltar a se falar no sábado de prova não parece tão engraçado agora. Li que ele estava bem, acho que o abraço dele continua igual, e eu sinto falta, mas ela faz tão bem a ele, e eu fico de fora. Emily se transformou em borboleta, e eu estou aqui sentada percebendo que não da pra entrar em ascensão olhando pra lua. “O coração ainda se desilude quando ele para de bater?”, acho que sim, e Vitor, você ainda a conhecia tão mal! Isso é injusto, ela se sacrificou, não foi? E eu? Também. Fui embora achando que a lua resolveria o problema como drama final. Mas não posso virar borboleta, só acompanhar a felicidade de longe, como quem espia pela fechadura sem resmungar. Queria dizer para ela cuidar dele, que ele se sente sozinho as vezes e tende a se distanciar do mundo e ficar jogando aquela droga de video game, e que ele pode ficar com raiva fácil, e ela não precisa entender o motivo, só que tem muita coisa na cabeça dele. Ele pode ter essa pose de babaca que não liga pra nada, que critica tudo, mas ele sente, não quer demonstrar, e ele faz piada disso, só aquele lance todo de fraqueza. Ele vai te fazer rir, e nunca vai querer te magoar, e ele acaba se magoando por isso. Tente entender essa solidão dele, porque ela é forte, e o abrace, porque isso melhora as coisas, ele gosta de abraço surpresa, e gente que sorri e logo depois abaixa os olhos de vergonha. Ele é mais do que qualquer um imagina e eu queria que ele soubesse disso. Eu sinto falta dele, mas como Emily fez, é hora de deixa-lo ir também. E as árvores também me lembram ele, eu não consegui parar de lembrar, mas aquela camiseta velha ainda lhe cai muito bem. E eu não quero mais pedir permissão pra respirar.

domingo, 20 de outubro de 2013

Ao Infinito e Além

"Sabe garota, estive lendo as cartas de Charlie nessas últimas noites. Incrível como que em cada linha você encontra um sentimento, e como você se identifica com eles. Talvez seja porque todos tenhamos sido invisíveis algum dia. Ou talvez ainda somos. Em muitos momentos, tentei refletir sobre o conceito dele de infinito. Você entende, não é? Sei lá, acho que depois de muito pensar, agora eu entendo. Acho que entendo. Venho me indagando sobre muitas coisas. Sobre a Vida, o Universo e Tudo mais. Em que você percebe que há um infinito de coisas acima de você, que o céu não é o limite. E você se pergunta o que é o infinito, e não consegue achar uma definição pra isso. E sabe que a resposta para tudo é apenas 42, mas não sabe exatamente quais são as perguntas certas. E então você se sente confuso, e tudo o que deseja é pegar uma mochila e viajar pelas galáxias ao lado de um bom amigo. Aquele que sempre participa das suas aventuras. Que conhece cada segredo seu e gosta das mesmas coisas. Aquele amigo que você conheceu há cinco anos atrás, mas que parece que conheceu há cinco séculos, embora eu ache que essa coisa de tempo não seja muito relevante. Não importa se você conhece alguém há um dia, ou dez anos. O que importa é que assim que você conhece um amigo verdadeiro, sabe que o levará para o resto da sua vida. Aquele amigo que você sabe que vai estar ao seu lado mesmo nos momentos ruins. Aquele que sempre te apresenta músicas novas (mesmo que você não ouça algumas delas). Amigos são a família que nos permitiram escolher, já dizia Shakespeare com toda sua filosofia. E família quer dizer nunca abandonar ou esquecer, foi o que ouvi falar por aí. Você se lembra, garota? Do dia que nos conhecemos? Compartilhamos uma história, e desde então temos colecionado várias. E não apenas isso, compartilhamos também sorrisos, milhares deles. E também muitas lágrimas. Seja por causa de um coração partido ou simplesmente porque as coisas não estavam legais, mas tínhamos uma a outra, e sabíamos que tudo ia ficar bem. Compartilhamos também presentes de aniversário atrasados, mas o que valia mesmo era a intenção. Já viramos muitas noites apenas conversando sobre banalidades, ou lendo histórias de terror pra depois não conseguirmos dormir. Lembra quando nos vimos? Você quase me sufocou com seus abraços. E mesmo que não pareça, é o tipo de abraço que eu mais gosto. Está vendo, Charlie? Acho que eu consegui mesmo entender. Acho que isso é se sentir infinito. Não são apenas os momentos e lugares que fazem você se sentir dessa forma. Mas sim as pessoas que compartilham esses momentos com você. Os sentimentos que elas transmitem a você. É quando você sabe que tem histórias boas pra contar, e sabe que naquele momento nada importa. E tudo o que eu espero, garota, é que você não se esqueça de como é ter dezessete anos só porque completou dezoito. E saiba que eu estou aqui, e tudo o que precisamos é de cair na estrada em uma caminhonete, atravessarmos túneis ouvindo as melhores músicas, em direção ao Restaurante no Fim do Universo. Até mais, e obrigada pelos peixes! Com amor, L." p.s: Feliz aniversário! O presente vem depois (talvez).

domingo, 13 de outubro de 2013

Marcianos Invadem A Terra

Vi aquela menina de longe, ela me lembrava alguém, não sei. Tinha um gosto peculiar, gostava de música boa; “Que a vida é mesmo coisa muito frágil, uma bobagem, uma irrelevância, diante da eternidade, do amor de quem se ama, por onde andei enquanto você me procurava? E o que eu te dei? Foi muito pouco ou quase nada. E o que eu deixei? Algumas roupas penduradas, será que eu sei, que você é mesmo tudo aquilo que me falta?”. Li uma vez, um texto grande, tinha tanto sentimento, tanta urgência, me deixou sem ar. Ela gosta de azul, ela gosta da minha banda preferida, e cantava, Clarice só tinha 14 anos, você também entende o sofrimento dela, menina? “Mas os dragões não conhecem o paraíso”, sempre penso nisso, penso em onde ela pode ter tirado isso, e em como soava tão incrível. Eu gosto daquele texto, é como ver um filme, um filme com trilha sonora, “Oh! Meu velho e Indivisível: Avôhai!”, era com engolir cada palavra, me alimentar do que ela sentia, mesmo que soasse injusto. Tão inspirador para mim. Queria saber onde fica a Estação Psicose, menina, porque talvez eu também tenha chegado nela também. Ela coloca as lembranças dela, como quem sente uma história, e eu sei a diferença de sentir e contar, é difícil e junto com todas aquelas árvores e aqueles céus, e as luas e os planetas, talvez ela fosse uma viajante do tempo, como o principezinho, como quem tem uma flor, 3 vulcões em um pequenino planeta. “Tu te tornas eternamente responsável pro aquilo que cativas”, é difícil, tente entender, e o essencial é invisível aos olhos, agora me diz quem entende, quando nem em um deserto eu estou? Ela gostava de livros também, entendia os meus infinitos, ela entendia Charlie, e eu sinto que me entendia também, e o amor é tão pouco e se esgota tão rápido para nós, “Alguns infinitos são maiores que os outros.”, é menina, os infinitos um dia vão nos enlouquecer. Talvez ela também goste de olhar o céu, as árvores, a vida, e sorrir porque as coisas podem ser difíceis, mas o céu está tão bonito, não está? Vamos dançar, hoje, amanhã, talvez não com os anjos, mas com as sombras que estão tão ligadas a nós. Posso te dar um presente, menina? Só ouça; “O amor não foi suficiente, eu vou embora, não sei pra onde, mas ainda um mundo por dizer, acho que tá claro e acho da hora. Não te opõe ao curso do rio, nem persegue o vento, o amor que tanto curou, hoje é apertar a areia, é ouvir conselho do vento, não diz mais do que as palavras querem dizer..” Se tiver que ser na bala, vai. Sinta a música, talvez você também sinta a liberdade, querer voar e não possuir asas é tão injusto! Poderíamos virar borboletas, voar por meio as flores, seria bonito, qual seria a nossa preocupação? “Diga adeus e atravesse a rua, voamos alto depois das duas.”(...) Não sei, tenho perdido muitas pessoas nesses dias, sinto falta das músicas que costumávamos ouvir, era como se a vida passasse de vagar, naquele parque com aquelas bandas. “Somos tão jovens...”, um dia cantaram nesse lugar, e minha alma se encheu, eu fechei os olhos e pensei “Somos sim, e temos todo tempo do mundo.” E agora, o que aconteceu com o tempo que tínhamos? Se foi, se foi junto com Fevereiro, com a foto que deu certo, com os risos e o infinito que eramos. Perdi pessoas importantes, perdi gente pra quem confiei minha vida, dois de uma vez, e o passado parece mais passado agora. Mas sabe, Amar é isso. Amar é cumprir as promessas mesmo assim, e Isaac talvez tenha razão. As pessoas saem das nossas vidas rápido demais, uma vez me disseram, os amigos são como garções num restaurantes, entrando e saindo da nossa vida. Mas minhas lembranças estão aqui, e não deixa com que eles sumam de vez, cada momento, dou tanto valor para tudo isso, minhas lembranças felizes, coisas que eu vou poder contar. Sabe, aquela coisa de no domingo ir visitar a família, sentar os netos nas pernas e dizer, da época que tudo era mais fácil, mesmo quando parecia ser o fim do mundo? Ter história pra contar, sabe, quero isso, pro resto da vida parecer ter valido a pena quando eu for ver o filme que passar, quando eu enfim, sair dessa vida cheia de buracos. (...) Tenho misturado as coisas, sua urgência passou para mim, menina de asas azuis. Não sei porque, mais passei a te ver assim, azul, tão azul. Olho agora pro teto, e espero a chuva do lado de fora, talvez amanha tenha que apertar o passo por causa da garoa, mas hoje quero que chova, que desabe tudo em cima de mim, não sei menina, você também sente essa solidão? “Não se pode fechar os olhos, não se pode olhar pra trás, sem se aprender alguma coisa pro futuro. Corri pro esconderijo e olhei pela janela, o sol é um só, mas quem sabe são duas manhãs.” Acho que L'Aventura diz tanto pra mim, não sei, talvez seja o domingo, talvez seja Outubro, tenho estado fora de foco, vendo tudo de um jeito ruim, trocar os óculos da vida, talvez seja uma solução. (...) E então eu sorri, olhei para o cantador no meio da praça, e me veio tanto pensamento, mas tentei focar só nele, na música que ele passava, era tão suave ver a vida dos outros, imaginar como poderia ser o antes, o passado de quem cantava em pé no meio de tanta gente, mas eu ainda acho que estou vendo tudo de longe, ver a vida passar pela janela, sabe, eu só quero poder sair por ai, pegar a estrada e ver o que a vida tem a oferecer. A vida não pode ser só isso, pode? Quero subir numa montanha e ver o sol se pôr, ver as estrelas enquanto converso sobre o passado e a infância, e conto dos tombos que levei, daquele que foi de tanto me balançar na rede e sair correndo parar pegar água. Poderia contar sobre como meu pai, tocava violão na cozinha; Coração noturno. E dizer em como ouvir a voz cansada da minha mãe me alegrou naquelas 15h de sexta feira. E como diz As curvas da estrada de santos, Era um garoto e como eu amava os Beatles e os Rolling Stones, me fazia rir. E poderia ver o sol nascer e de sono entrar na barraca. Pegar a estrada, sentir o vento bater no rosto, ver outras cidades, fugir da rotina, fugir da vida, fugir do tédio, fugir de mim, porque eu sou perigosa para mim mesma. Tenho loucuras escondidas, tão grandes, meu bem e meu mal, que só ele conhecia, mas ele foi embora, e parece que eles vão tomar conta de mim. Minhas loucuras diárias que batem na porta da madrugada, tenho medo e me encubro, mas nunca pude fugir de mim mesma. Desculpe menina, fujo um pouco do pensamento, não sei, agora está tocando Tempo Perdido, sempre sinto essa música, é minha preferida, talvez transformar em tinta na pele não seja o suficiente, ele era um grande homem, não? Escreveu tanta poesia, e dia 11 fez 17 anos. A tempestade que chega é da cor daqueles olhos castanhos, e esta chovendo até agora. E o abraço forte foi embora também. Eu não sei, eu acabo com as coisas, prefiro dar um final pras histórias, mesmo que doa, uma hora tem que acabar e eu prefiro quando sou eu quem vai embora no final. Me disseram que até o mais belo diamante perde seu brilho quando param de cuidar dele. (...) Tenho estado nostálgica demais, relendo e revendo coisas, com todas as fotos espalhadas, lembro do mar, e de como correr para ele sempre me deixou leve, sinto falta dessa leveza de 6 anos. A praia com chuva, o Fusca branco, o coqueiro engraçado. Não sei, falar assim como se você soubesse de tudo, é estranho, sabe. Mas parece que você sabe, mesmo que não conheço, do mesmo jeito que sei dos seus momentos, apenas por te-los lido. “Dança na corda bamba, de sombrinha e em cada passo dessa linha pode se machucar... Azar! A esperança equilibrista, sabe que o show de todo artista tem que continuar...”(...) Poderíamos nadar com os golfinhos, e perguntar porque eles foram embora da terra, e alguém poderia nos dizer por que 42? Não sei, ri tanto lendo aquele livro, e Não entre em Pânico, aí está uma ótima lição! Poderíamos ir para qualquer lugar, séria bom, a terra não me parece um bom lugar agora. E todos essas coisas, Libra sempre foi tão complicado, impulsivo e indeciso, nunca soube o que fazer, mas sempre ajo sem pensar. “"Não vale a pena mergulhar nos sonhos e esquecer de viver." Mas e se eu tivesse aquele espelho, o que eu veria? Sempre achei que minha vida seria mais fácil se eu estudasse lá, aprender magia e andar pela sala comunal. Como seria voar numa vassoura? (...) Minha inspiração vem e volta, penso nas flores, nos abraços e nas músicas. Lembro da infância e tanta coisa que se perdeu, mas a urgência já passou, minha necessidade de escrever se foi novamente, não sei, lapsos estranhos esses. Coisa de escritor isso, você entende, não é? “E mesmo se eu tiver a minha liberdade, não tenho tanto tempo assim, e mesmo se eu tiver a minha liberdade, será que existe vida em marte?” Então vi aquela menina de longe, ela me lembrava alguém, ela me lembrava eu. E se Dom quixote tiver razão? E se talvez os dragões forem só moinhos de ventos?

sábado, 12 de outubro de 2013

As Curvas da Estrada de Santos

Gostava de brincar de boneca, menininha era, trocava roupa e dava comida, cozinhava e me achava dona de casa. Tinha 2 primas mais velhas, uma de março, outra de junho, eramos do mesmo quintal, cantávamos, dançávamos, brigávamos, como tinha que ser. As tardes íamos para fora, andar pela rua de terra, andar de bicicleta como quem viaja pelo mundo, apenas em uma rua. Lembro do mar, e as vezes do frio, o fusca e a estrada. Lembrava-me meu tio a cantar Geraldo Vandré a caminho da serra, Zé Ramalho também participava da viagem, e todos cantavam em uníssono. Pra não dizer que não falei das flores e dos Mistérios da meia-noite. Sempre fui menina de praia, desde pequena, catava conchinha e diz a lenda que se podia ouvir o barulho do mar. Meu pai tocava violão na escada, “Amanhece, amanhece, amanhece, amanhece o dia, um leve toque de poesia, com a certeza que a luz que se derrama, nos traga um pouco, um pouco, um pouco de alegria.”, e eu acordava assim, com um bom dia sol, nos dias de domingo com café na mesa. Minha mãe me levava com ela, lembro de sair pela cidade; “não solta a minha mão.”, e o mercado era tão grande junto ao desespero de acha-lá. “Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia, tudo passa, tudo sempre, passará... A vida vem em ondas, como o mar, num indo e vindo infinito.” Lembro das músicas e da vizinha, melhor amiga de infância, foi-se embora, assim como quem some e não deixa rastro, lembro de chama-lá pela cerca, como quem foge para longe. O porão da casa dos meus avós, e o poço, lembro de como tínhamos medo, e agora me pergunto, por que mesmo assim não saiamos de lá? Tinha o barril, e as tardes de calor, e o passarinho que morreu nas minhas mãos, como cuidamos dele, e choramos, crianças que perdem um amigo. Lembro de ter medo de fogos de artificio, e de churrasco de fim de ano. Descíamos a serra e Os Incríveis nos embalava. Era um garoto e como eu amava os Beatles e os Rolling Stones me fazia rir.

sábado, 5 de outubro de 2013

A Revolta dos Dândis

Ainda lembro de fevereiro, do sol até às 16h, da chuva que surpreendeu e fez com que fugíssemos. Lembro dos risos e em como todos falavam ao mesmo tempo e estávamos felizes por estarmos juntos. Ainda sinto o infinito. Lembro de 2012 e como tudo estava ruim de Segunda à Sexta, mas que as 9h30 tudo parecia bem. Os últimos domingos do mês, tão aguardados, era mesma estação, os mesmos rostos, caminhávamos e eramos os donos do mundo. A música nunca nos deixou parar, formávamos uma roda e enquanto a música soava em coro com as vozes, voávamos. Podíamos ser o que quiséssemos, nas noites de Sábado traçávamos o mesmo caminho, sempre as mesmas vozes altas, lembro do álcool e me pergunto se toda aquela afeição e promessas foram só em função disto. Um brinde final e tudo estava bem, não era? Eram tantos abraços e sorrisos, pra onde foi tudo aquilo? Sinto falta das tardes de primavera. Estávamos juntos e era isso que importava. Onde está aquele infinito agora? Não sei, e isto é o pior, não saber pra onde os momentos bons fugiram. As coisas mudam, eu sei, mas continuo eternizando-os, pois esses momentos a tempestade não pode apagar.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

As Aventuras De Raul Seixas na Cidade de Thor

Faz alguns dias, talvez eu não pudesse estar tão feliz assim, mas estou. Não estou seguindo aquela rotina de quase ‘final de relacionamento’, não tenho tempo para chocolate, qualquer gato vira-lata e lamentações. Também não sei porque viciei-me tanto em sorvete. Uma dessas manhãs, fazia mais ou menos um mês, lembrei-me dos cafés da manhã, fiz como sempre, e havia tanto tempo. Sabe, sempre gostei de histórias de amor, aquelas que te fazem sonhar ou querer um abraço, era 18h31, ouvi então aquela história, típica de novela mexicana, ela o amava, mas tenho minhas duvidas quanto ao amor dele, não eram só 33 anos, ou 4 anos, que faziam a diferença, era a mulher e o sangue que os unia. Não sei, o amor tem lá suas complicações. Percebi hoje o quanto os sonhos podem ser estranhos e atrair lembranças, e que mesmo assim pode-se acordar feliz. O som transportava Come On Eileen, e eu era transportada também, voava com o ritmo, enquanto pulava na sala de casa. Quase esquizofrênica, se não fosse a alegria. Hoje as coisas estão estranhas, uma correria nos pequenos corredores, erro no sistema e falha na programação, um “Alô’ do outro lado e um vácuo como resposta. Não sei se quero que volte, mas gosto de conhecer 1 minuto e meio da história por trás de casa DDD. Acordei com vontade de não acordar, a garoa e o atraso me guiaram até a antiga escola, revi alguns abraços e abracei algumas lembranças. O caminho era o mesmo e as vozes esganiçadas que tentavam melodia. Ria. Comprei sorvete, calda de morango e sorri pelo céu estar cinza e agradável, enquanto dançava no meio das pessoas de olhar estranho. Quem liga para a desaprovação, quando só eu ouvia a música? Andei por meio de ruas estreitas enquanto falava sobre o amor, ouvi conselhos repetidos que sempre foram úteis e o quão errada e certa eu sempre estive. Sempre me surpreendi em como eu conseguia rir com meus amigos, nunca foi diferente. Cheguei no destino e estavam todos reunidos, o bolo e as velas, a espera do parabéns. Então cantamos, sempre gostei de decifrar as emoções alheias, mas aquela já estava estampada na face surpresa. O bolo e a gula, um grande problema meu. Era 20h23, atendendo e suspirando, lembramos de uma brincadeira antiga, cada letra e um nó na imaginação. Lembrei daquela novela antiga, Jamais te Esquecerei, e me perguntei, como ela ainda lembrava? Ri com uma piada interna, família sempre foi um ponto franco. Ao sair encontrei eles, o casal que eu tanto gostava, riamos como sempre, com todas as piadas deixadas no ar e todos os sustos levados. Fiz um coração para eles e ri, enquanto eu e ela dançávamos no terminal de ônibus, os olhares voltados para nós, e eu ri, não me importava. Lembrei de como sempre me encantei com árvores, ou a natureza em si, observava o sair das folhas e enquanto cantava silenciosamente o “Sonho’, sorri. Tudo estava certo.

domingo, 22 de setembro de 2013

Fuga número 1

Às 18h de domingos, desde que me recordo o céu sempre esteve cinza. Era engraçado, ouvir The Suburbs e olhar as árvores balançarem com o vento, enquanto eu sentia frio por ter me esquecido de colocar um casaco, antes de correr para fora. Já é dia 23, e eu estou com saudade do inverno. Outubro sempre me remete Dezembro, é tão pouco tempo para fazer o ano valer à pena, tão lembrando que as luzes do natal irão chegar junto com os próximos planos pro ano novo. Só 12 meses pra tanta coisa. [...] Eu estou cheia de algo que eu não sei o que é, inspiração ou vazio existencial? Não sei. Estive fora de circulação, apenas ouvindo reclamações enquanto tentava fazer meu trabalho, minha cabeça ficou vazia, não tinha no que pensar. Mas talvez as coisas voltaram a tona, a vontade de escrever, e as palavras voltando a fazer sentido. Deixei muitos textos pela metade, como se a vida estivesse pela metade também, e talvez fosse, a folha branca preenchendo minha vida. Era domingo, dia 22, faz mais de um ano, tantos finais sem final, tanta ponta solta sem nó. Acho que nessas 48 horas, as músicas deixaram de fazer sentido, e percebi que Something About Us sempre esteve certo; O amor se esgota. O fim chegou, o abraço está preso na esquina, e é hora de seguir em frente como todos têm que seguir. Já não temos mais infinitos, as 505 lembranças são tão vazias, e eu ainda estou cheia de você, apenas precisando deixar escapar, talvez pelos olhos em forma de água salgada. Você foi embora tantas vezes, mas dessa vez quem está indo sou eu, a bagagem na mão, e você ficou com a chave da casa. Guarda direito o Codinome beija-flor, foi o mais perto do amor que cheguei. Somos somente lembranças agora, e não resta mais nada.

The Suburbs

Ventos e cachecóis, uma combinação tão britânica em meio ao caos de São Paulo. Olhei para o céu, como quem pede paz em meio à intensidade do céu cinza, fazia tanto frio. Sempre desconfiei das estrelas, do modo como ser de libra influencia na minha indecisão ou como leão sempre está relacionado ao modo que Vênus age. Andava pela cidade e encontrei um rei, ele estava lá parado, tentando deixar a rua com um pingo de arte. Joguei algumas moedas e ele pegou algo em seus bolsos. Pegou minha mão e beijo-a, depositando algo nela. Reza a lenda que a mão tem que ir diretamente ao bolso e apenas ver o que se trata depois. O fiz, e surpreendi-me; “Nunca dê valor (atenção) a quem te trata só como opção.” Um bilhete enrolado em fita prata, junto a uma pedra vermelha. Como ele poderia saber? Bom, sempre desconfiei das estrelas, talvez as coisas não sejam só acaso, não é? Talvez não seja só os planetas e seu ascendente. Li uma vez que “Os dragões não conhecem o paraíso”, lembro das palavras, lembro de cantar Avohai baixinho no caminho do trabalho enquanto lia alguns fragmentos de uma alma exposta em palavras. Senti a urgência, a vontade de fazer existir, de deixar os sentimentos no papel, se fazer mais leve, senti. As pessoas nunca dão valor para o que é de verdade, quando não sabem o peso das palavras. Não sei, sempre tive pressa da vida, pressa para saber o que vai ser do futuro, e estar aqui, parada como um ônibus quebrado não alivia minha necessidade de sentir a estrada em duas rodas. Alguém pode me explicar a urgência de tudo isso? Tenho medo de estar perdendo a melhor parte, o mundo parece uma festa enquanto estou presa em um quarto pequeno. As vezes acho que quero demais, penso demais, isso enlouquece e enlouquecer já não é mais escolha. Mas quem se importa, quem se importa com o futuro de alguém que nem se quer sabe o que vai ter para o amanhã? Perdi o dom da escrita, perdi o fôlego da alma, e sinto como se me perdesse também, porque não há graça em se viver sem desabar. Não sei, deve ser algo com A Terceira Lama ou Vila do Sossego, não sei. Posso desmoronar agora?

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O Vício e o Verso

Olhei para aqueles olhos, confusamente escuros, eles estavam presos em mim, e esqueci por segundos a promessa de nunca mais voltar a vê-los. Mas já havia me acostumado com todas as suas idas e vindas, era inevitável, uma hora aqui, outra eu nunca saberia. Bom talvez Hazel tivesse razão, talvez eu também tivesse me apaixonado como quem cai no sono, rápido e gradativamente (...). De todas as suas idas, é dessa volta que eu sempre irei me lembrar. Não sei como aconteceu só que me vi no seu abraço, os lábios juntos, e eu não pensava em mais nada. E talvez não foi só em A culpa é das estrelas, mas alguns infinitos realmente são maiores do que os outros. E me pergunto, quantos infinitos nós  já temos (...). Eu nunca quis chegar tão longe nisso tudo, era sempre acreditar que era o fim, em todos os fins. Quantos infinitos nós já temos? Não sei, mas você volta, você sempre volta. Sabe, eu senti sua falta, senti falta do seu abraço que me faz perder o ar, senti falta de sermos aquele casal falso, que ainda somos. Mas você sempre me surpreende. Quantos infinitos nós já temos?
  

Oração ao tempo

Estar sentada entre aquelas mesas era enlouquecedor. O fone de um lado do ouvido, e eu já sabia de cor as sábias palavras de convencimento. “Boa tarde”, “Boa noite’, Não sei o porquê, mas eu sempre os confundia, as vezes pela manhã de sábado, a saudação da noite anterior continuava. Os segundos sempre foram preciosos, aguardar também.
 Era raro o tempo livre entre os “Boas tardes”. Gostava do 081, 077, eram tão cordiais quanto o sotaque puxado. Gostava das pessoas com fala mansa, que não se tem pressa para continuar a rotina entre os deveres e o estresse. Os nomes, tão diferentes, tão comuns e as vezes tão engraçados. Cada ligação uma surpresa. Os sobrenomes de 055 ou 044, nunca saberei  ao certo suas verdadeiras pronuncias. As vezes batucava a mesa assobiando alguma música antiga, outras apenas ficava lá, empalhada, agindo como um robô, era sempre um novo dia, um novo nome, uma nova bronca, um novo sorriso. Nós corríamos, de um lado para o outro, e as vezes, só as vezes, se trombava um amigo.

 Nunca soube com cheguei lá, no meio de tanta gente e tantas vozes, mas há sempre um reconforto, a espera do décimo quinto dia do mês. 

Something About Us

“O amor se esgota, pensei.” Sim, o amor se esgota, era 08/05, presenciei o amor, da forma mais ampla, e não restava mais páginas no 23/05. Páginas brancas, e eu pensei, “Por quê?’ não foi comigo, mas é real, o amor se esgota, pensei. Agora, ouvindo incessantemente A escalada das montanhas de mim mesmo, pensei no ontem, no Vício e o Verso que escrevi no meu caderno de anotações de trabalho, enquanto suspirava por tudo estar bem. “Alguns infinitos são maiores do que outros”, li um dia desses em um livro superestimado, alguns infinitos são maiores do que outros, repeti. Creio que já se passaram 4 infinitos para mim, um deles dentro de outro infinito, “Nós somos o infinito”, recordo em como eu me sentia feliz nesse infinito, você dizendo que sentia algo, e eu? Confusa demais para pensar em algo, essa foi sua primeira ida e vinda. E depois de tantos infinitos, estamos em um infinito pequeno, enquanto eu desejo com todas as forças que ele dure, dure infinitamente entre todos os infinitos pequenos. Li o Disorder, era o fim, não era? Esse é realmente um fim, não como reza a lenda “não está mais dando certo.” O fim é perceber que o fim chegou. Não sei, li num pequeno caderno azul que o amor era grande demais, mas se foi como os créditos rolam no final de um filme, quando se está tão preso na tela, e você pensa “Já acabou?’ Já, e você não teve tempo para perceber. Tenho medo do fim, tenho medo de acordar e pensar que acabou para mim também. E se não durar? E se o abraço ficar preso na esquina, e eu tiver que seguir em frente como todos tem que seguir? A vida continua afinal. Hoje aprendi o significado de Zampiada, é o barulho de pulos e afins, e eu pensei em como meu coração tem zampiado nessas ultimas 96 horas. 

domingo, 18 de agosto de 2013

Búfalos e Hantaros - As 505 lembranças.

Sei lá, viu, talvez eu devesse voltar atrás e perguntar o porque que você não prova que estou errada. Você se importa, não é? Poxa, então volta aqui e me da um abraço, bagunça meu cabelo, enquanto eu me irrito com você e digo que você é um idiota. Eu poderia observar o seu jeito de arrumar o cabelo da forma mais desajeitada do mundo, e achar a coisa mais fofa que existe e sorrir sem você perceber. Nossas mãos se entrelaçavam, elas ficavam tão bem juntas, e nós dois também. Gostava de dividir meu fone de ouvido contigo, ouvir 505, enquanto você me ajeitava nos seus braços, num abraço mais apertado. Sei lá, viu, você ainda é 90% do que eu penso no dia, mesmo quando não tenho tempo para pensar em nada. Era engraçado, formávamos um casal e tanto, éramos tão bons juntos, sabe, eu achei que você não iria muito longe sem mim, bom, era o que você dizia, mas agora você ta tão bem aí, com sua vida seguindo em frente, enquanto a minha fica dando voltas, atrás de você. Eu era tão importante assim, que fui deixada de lado no primeiro ‘adeus’?  Sei lá, viu, não sei o que dizer, eu sinto sua falta, talvez essa seja a única coisa que faz sentido aqui, faz frio aí também? Bom talvez se eu te disser que estive experimentando outros abraços e nenhum é apertado o bastante para se parecer com o seu, você riria, creio que me chamaria de idiota também. Bom creio que também esteja na hora de terminar isso aqui, porque é só mais um texto sobre o quanto sinto sua falta. Talvez seja igual à música, “De janeiro a janeiro, até o mundo acabar.”. Sei lá, viu. 

domingo, 4 de agosto de 2013

Retrato pra Iaiá

Lembro de você, menina, das tardes em que as risadas eram maiores que o cansaço de voltar para casa. Caminhávamos por aquelas ruas, sofrendo todos os perigos na faixa de pedestres, quando a adrenalina de atravessar a rua era maior que tudo. Lembro de como era bom, menina, as tardes em que a via, e corria em sua direção, era um abraço atrapalhado, mas em que tentava dizer muito. Era tão engraçado, as horas de entrada e saída, os pufes coloridos e as músicas. Sinto tanta falta, como quando se sente que tudo se transformou em lembranças e não há mais nada a fazer. Tu me ensinaste tantas coisas, menina. Sinto falta das 16h horas, das ruas estreitas e do pátio da escola, dos livros que roubávamos tão cinicamente. Lembro da desaprovação inicial, tu não gostava de mim, e lembro de como eu falava na nossa primeira conversa. Eu sempre falei de mais, e você sempre me ouviu pacientemente, sinto sua falta, menina. Tu é tão incrível quanto eu sempre imaginei.

 Parabéns Pequena. 

domingo, 28 de julho de 2013

Diga, parte II

Eu não sei lidar. Não sei lidar com seu abraço, tão apertado e sufocante, tão às vezes inesperado, e às vezes sendo tudo que eu preciso. Dois braços, um abraço, e eu percebo que é tudo o que eu preciso pro meu dia ser melhor. Seu abraço, e nada mais importa. Não sei lidar com seu sorriso, porra, por que ele me abala tanto? É quando você sorri, e eu paro de prestar atenção em tudo, e sorrio, sem saber o porquê, sentindo aquela sensação de que tudo está bem, e que eu poderia ser feliz toda vez que visse ele. Seu sorriso é o melhor ‘bom dia’ que se pode receber, pra ter o resto do dia sorrindo. Não sei lidar com seu perfume, essa mistura de coisas feitas para me prender. Nunca o senti em outra pessoa, ainda bem. Gosto se sentir seu perfume, principalmente quando te abraço, é aquela junção das duas melhores coisas do mundo juntas. Seu perfume sempre vai ser o melhor que eu já senti, mesmo não sendo forte, mesmo que eu que nunca inspirei o suficiente. Não sei lidar com seus olhos, ah, seus olhos, não sei o porquê, gostei deles assim que os vi, calmos, serenos, escuros. Sempre passando toda a força do mundo, e eu sempre tive medo de me perder neles, naquela escuridão que me falta o ar. É como quando você arqueia uma sobrancelha, olhando por cima dos óculos e eu acho graça. Gosto dos seus olhos, porque eu vejo você, como você realmente é. Não sei lidar com seu jeito, menino. É aquela coisa de sentir raiva o tempo todo, e também amar cada detalhe. Você me deixa confusa, irritada, frustrada e feliz, não tem como lidar com isso.
 E não sei lidar com essa falta, essa sua distância, esse ‘você ai’. Não sei lidar com você não se importar e não sentir falta, quando o que eu mais quero é ouvir um ‘Oi’. Você poderia me ligar, poderia bater na minha porta e gritar, fazer escândalo, perguntar o que houve, mas você não vem e eu não sei o porquê. Você poderia me dizer aquelas piadas sujas, e cantar alguma música dos Raimundos. Poderia me fazer sorrir com palavras bobas, só porque são ditas por você. Cadê você, pra dizer que eu sou boba, e que meu coração é grande demais, e que eu deveria ser mais fria? Talvez você estivesse certo, meu coração é enorme, e está cheio de você. Volta com sua mania de achar que eu mereço coisa melhor, quando tudo que eu preciso é você, volta com esse seu jeito de me fazer sofrer ouvindo Moddi. E me fazer chorar com aquela música que você odeia;  "Porque você insiste em dizer que ainda existe vida sem você?” e você continua sendo minha coisa preferida no mundo.

sábado, 20 de julho de 2013

Impossibilidades - As 505 lembranças

Então bate aquela raiva, aquela vontade de ir até ai e lhe dar um murro. Fico emburrada, xingo e esmurro o travesseiro. E então você vem com o seu sorriso de quem sabe exatamente como me controlar, eu sorrio de volta e esqueço. Pergunto-me, como é possível sentir tanta raiva de alguém e esquece-lá em segundos? Mas eu estou sempre com raiva de você, meu bem.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Relato de um homem de bom coração

 As luzes brilhavam, azul, amarela e vermelha, o palco, as caixas de som, as luzes. Sentia o coração acelerar conforme a multidão se agitava, e eles gritavam. Era um uníssono, do nome daquilo que ele dedicara tudo, cada vez mais alto, mais alto. Três segundos. Mãos soavam, pernas bambeavam, era sempre assim, depois de anos ainda sentia tudo aquilo, como se fosse à primeira vez. Dois segundos. Respirou fundo, arrumou a alça do seu baixo e o microfone. Um segundo. E então as luzes se acenderam e a fumaça encheu o palco, a multidão gritava, e aquilo enchia sua alma. Os primeiros acorde começaram, era hora do show. (...) E depois de mais um dia, lá estava ele, com sua moto em mais uma estrada, era o vento que bagunçava o cabelo, e a vontade de sempre ir a diante. Tantos lugares novos, tantas experiências, e lá estava ele, pronto para qualquer coisa, era livre, e só isso que importava.  


- Parabéns, cabeça de mamão. 

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Rising Sun

A gente tava voltando do mal, na verdade, do bem, da alegria de viver. Eu, ela e nosso amigo, Kakaroto Maldito, todos à um passo de perecer, eu acho.
Ele se retirou e ela ficou comigo, igual não sei o que, sabe? Não sei ao certo o que a gente tá vivendo, mas sei que estou adorando isso. Nos despedimos e eu me juntei à ele que viu a cena toda e me  pergunto:
-Cê tá gostando dela, né?
Eu dou a minha risada de Tyler Durden e respondo entre umas tossidas:
-Eu?! Hahahahahaha! Sai fora! Olha pra mim, cara! Hering, Kool Things II, Aliados e todos os fragmentos que escrevo são só ficção!
E dou novamente a risada do Tyler, por que dessa mentira, até eu ri! E muito!

Doctor Jones

terça-feira, 9 de julho de 2013

Sous l'oreiller

Ao fechar as pálpebras cansadas, consegui imaginar do principio ao fim o surgimento do seu sorriso, e no fim do dia isso foi como uma recompensa, já que desde o começo meu objetivo era arranca-lo de você.

- Por Sabrina Marx

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Kool Things II

 Chegou o inverno, e com ele, aquela coisa das pessoas dizendo que precisam de alguém e coisas dessa natureza.
Eu como sempre, acho que chegou a época de tomar vodka pura e sair pra a choperia com meus amigos andando como mafiosos, casacos pesados, carteira no bolso de traz, com uma boa grana para pagar todos as rodadas da cerveja dos States ou da Holanda, cigarro do bolso do peito, ás vezes nem fumávamos por vício, era só pra ver aquela nuvem de fumaça branca saindo e se dissipando na brisa que os carros faziam.
Esse ultimo ano, vivi de uma maneira muito distinta, um outro eu, vivi antes como Nelson Rodrigues, nesse ano, estou mais pra Chico Buarque, fala macia e dois escritores na mesma mente, porém ainda tenho aquela essência do Stephen King.
Nesses 6 meses, fortaleci os elos com varias pessoas. Um amigo que parecia o capitão América, tinha dezessete e eu dezoito, ele parecia que já estava nos vinte e poucos. Tinha aparência robusta, me fazia parecer ter quinze anos, mas bebíamos como gente grande, gente grande da Alemanha, sabe? Caras sem cabelo de sobrancelha e barba loira, com braços que mais pareciam minhas pernas, calças cáqui e suspensório. Era assim que imaginava nós dois daqui uns, não sei, dez anos, talvez três, quem sabe...
Uma moça ruiva, entre aspas, um ano mais nova também, escrevia para alguns caras da vida dela. Uma vez ou outra, me da vontade de dar umas cruzadas de esquerda nela, por que na real, não li nada sobre algum que prestasse, mas eu não posso culpa-los. Já fui como eles. Acho que um dia eu ainda dou um mawashi (aprendi esse chute com uma amiga que faz karatê), não gosto de vê-la fumando. Ohana, caso você leia isso algum dia, considere uma ameaça.
Tem também a menina Kiyoko (um dia espero decorar qual letra vem primeiro, o “i” ou o “y”), com esse nome não preciso dizer que é japonesa. Bem, ela poderia ser chinesa ou coreana, mas não, era japonesa mesmo. Já tinha ouvido falar dela antes, rezava a lenda que ela era praticamente um homem, e era bem isso. Cerveja, cigarro, dinheiro e mulher, tira a parte da mulher era isso que ela queria.
Tinha um outro cara que saia com a gente, era o Douglas, mano dos paranauê, das macumba, menino satanista de vez em quando, era o Chris (e eu o Greg), negrinho do pastoreio e qualquer outra coisa envolvendo coisas negras. Todos sabíamos que era só zoação, ate ele sabia, e entrara nessa.
Conheci o tipo quando estudava espanhol, porém, eu não gostava dele. Quando estudava espanhol não gostava de oitenta por cento da classe, isso inclui professores e coordenadores, tinha só dois amigos, Rafael que está estudando direito e a Paloma que era modelo, ainda é na verdade. Encontrei ela no pub da cidade outra vez, mas acho que ela não me reconheceu.
Esse pessoal que estava falando sobre, exceto o Rafael e a Paloma, saímos para beber quase todo final de semana, e sempre chega uma pessoa diferente, mais estranho que os outros mas tudo bem.
Mas não ficamos apenas na nossa cidade, também íamos avassalar na cidade vizinha e tinha muita gente, quase uma procissão de Nossa Senhora. Foi numa dessa que literatura e realidade se encontraram.
Eu fiz uma série de mini textos que falara sobre uma fase da minha vida em que eu me perdi entre duas meninas, foi quando comecei a escrever com mais primos e também quando perdi um dos meus melhores amigos.
Se chamara “Hering” por causa daquela marca de roupas com aquele slogan mítico: desde sempre. Dizia que gostava de uma menina “igual Hering, desde sempre”, mas ainda não estava certo a quem me referia nos textos. Minha vida ficou muito parecida com a segunda guerra mundial, conflitos primários e secundários, até as mesmas potências, mas com resultado diferente da segunda guerra.
Numa dessas nossas idas à cidade vizinha, decidi que seria o “dia D”, o 6/6/44 em 23/06/13.
Estávamos indo para um show num lugar bem underground com decoração de filme do Clint Eastwood e Jhon Wayne, cabeças de gado empalhadas perto dos bares e rodas de diligência com velas artificiais presas ao teto deixando o lugar com aparência de saloon da época da corrida do ouro.
Todo o tipo de gente no recinto tinha uma banda tocando uns hardcores malditos, se meus olhos não me enganaram, vi um ser humano sendo arremessado e caindo como um boneco de testes de colisão, deve ter morrido e está lá até hoje.
Sabíamos que ia demorar um certo tempo para a banda principal começar a tocar então saímos do meio do bar e fomos para a área de fumantes. Já la fora, encontrei uns jovens que conhecia de badalos passados, só não lembrava do nome deles, mas eram pessoas maneiras. Me distanciei um pouco do pessoal todo que estava se esgueirando de uma menina que, Jesus amado, era uma grandíssima vagabunda.
Como sei que as ideias não tem hora para aparecer, estava com meu caderno de anotações comigo, repleto de textos prontos, dos meus dois eus. E como minha amiga escritora também sabe disso, decidimos dar uma olhada nos relatos, e parágrafos que estavam por lá, ela achou um mini texto que tinha escrito para ela fazia um mês, pediu para ficar com o manuscrito original, e eu deixei pra ela, já tinha digitado e sabia que ela iria guarda-lo bem. Foi nessa hora que a Kiyoko chegou e a Ohana mostrou o texto que tinha escrito para ela e me bateu aquela falta de reação de quando alguém começa a ler algo que escrevi, tava lá, empalhado.
Ela terminou de ler e disse que eu escrevia bem e adicionou, pelo que eu entendi, que eu não sou tão tapado a ponto de escrever “concerteza”. E isso foi o mesmo que bastou para eu fazer um carnaval dentro da minha mente, principalmente por ela não ter dito que meus textos são “profundos”, eu prefiro ouvir um “isso ficou uma droga, parece até jogador de futebol!” do que um “que profundo”.
Gostei de observá-la enquanto lia. Eu pensei em mostrá-la o Hering e um sobre um sonho que tive com ela, mas, puta merda! Devia tê-lo feito, ou não, mas estou certo de que teremos outras oportunidades.
Fumei uns 2 cigarros antes de voltar para o palco junto com os jovens. A banda tinha sido trocada, era um cover de Ramones, os integrantes me fizeram rir devida sua aparência um tanto peculiar, perucas sempre me fazem rir, também tinha um sujeito parecido com o cara dos quadrinhos dos Simpsons. Meus amigos estavam se destruindo na roda, elas estavam do meu lado curtindo o som e eu estava apenas observando tudo aquilo, mas estava mais focado na menina que me deu inspiração pra escrever os textos mais bonitos que criei, era a menina Kiyoko. Após essa banda, era a hora da principal tocar, e eu estava perdendo meu tempo para realizar meus planos para a noite, após nos “acomodarmos” para esperar a próxima banda começar, a menina Ohana me fez querer morrer pela primeira vez enquanto me mandava sinais nem um pouco sutis para eu abraçar a menina Kiyoko, ela estava meio exonerada já então nem comentei nada só deixei ela lá observando meus amigos. Todos nós nos afastamos do meio da aglomeração e aguardamos a banda começar.
Logo que os integrantes começaram a subir no palco, o grupo desapareceu no meio da multidão, o dia mudou, agora era dia seis de julho de quarenta e quatro.

- Por  Dortor Jones.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Cecília e Os Balões

Ela rodava, no tapete da cozinha, como uma criança que se admira com o tamanho. E eu ri, como quem quer abraçar e não soltar nunca. Pequena, do jeito que se pode apertar e proteger, mas que sempre está acima de todos,com a cabeça nas nuvens, enquanto sonha com o universo. Ela grita, se irrita, e é como se nada mais importasse. Chora como se o mundo fosse acabar, e no segundo seguinte me sorri, com aquele sorriso lindo, de quem ama o mundo. Eu confiaria o mundo a ela, mesmo sabendo que ela tropeçaria nos próprios pés e o derrubaria, desastrada, menina que sorri por tudo. Lembro-me de quando a conheci, de como me encantei por ela no mesmo instante, e de como e poderia fazer tudo para vê-la sorri. A rodava, como se as lagrimas cessassem, como se o mundo fosse parar. Admiro-a, tão pequena e tão corajosa, mesmo que morra de medo de uma rua escura. Compartilhamos segredos, e eu não poderia escolher parceira melhor. Ela me entende e faz com que as coisas se ajeitem, com simples palavras ou grandes broncas. Nos perdemos no mundo tantas vezes, e ela sempre me traz luz, e com ela eu sei, nós podemos ser tudo e nós somos o infinito. 

Lisbela

Gosto de pessoas de riso fácil, que não levam a vida a sério, e me fazem rir, e ela era exatamente assim. Ela, difícil de se encontrar igual, única, realmente única. Perdi as contas de todas as vezes que ela me fez sorri, rir, chorar de rir. Tinha um belo sorriso, e o mundo sorria junto, era difícil não se alegrar ao lado dela. Ela era doce e ao mesmo tempo que falava como um verdadeiro homem, ela não tinha vergonha, era ela, e ponto final. Reza a lenda, que o que nos aproximou foi uma tentativa de furto, e logo em uma conversa, fui chamada para sua gang, e estou lá até hoje, pronta para aprontar mais uma. Gostei dela, assim como quem encontra algo e sabe que nunca mais vai querer deixar, porque sei que perderia um pouco de mim sem ela. Menina que acha graça de tudo, sonha, voa alto, e me leva com ela.  

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Electric Feel - As 505 lembranças

Era noite, fazia frio e como fazia, o céu estava inacreditável, lembro de todas as estrelas, e como elas brilhavam mais que o normal. A brisa batia, derrubava as folhas do outono que estava no fim, lembro-me de olhar o horizonte, e ver aquelas luzes. Lembro da alma se enchendo, lembro do sorriso que se abriu, sem eu conseguir explicar. Luzes vermelhas, como o centro de uma cidade grande. Luzes azuis, como o fim de um ano. E o seu sorriso.   

Tempo Ruim

Uma vez, em um desses dias que o inverno te faz desejar um abraço, um escritor me disse; “pessoas que lhe dão inspiração, merecem ser eternizadas”. Também reza a lenda do vendedor de sapatos, que quando se escreve sobre uma pessoa, ela é pra sempre. Assustei-me, como poder eternizar alguém com simples palavras? “Porque o que está no papel não se apaga mais (...)”, disse alguém uma vez. E eu tenho eternizado pessoas, e não sei a gravidade disso, quando às vezes o que quero é esquecê-las.
  Mantendo a solidão no eixo, enquanto ela puxa uma cadeira do meu lado, e fica, e eu ofereço uma xícara de chá. Há noites agradáveis, não faz tanto frio, e ela não é tão grande. Mas há aquelas noites em que o quarto escuro faz nevar, e ela toma conta, me sufoca, e eu só quero correr pelo mundo, ver as estrelas, sabe? Bom, às vezes saiu, sento no chão de cimento gelado, olho pro céu, e as coisas são mais calmas assim. O mundo volta a girar, o tempo volta a correr, rotação e translação, e a ciência dizendo o que sabe. O céu é cinza, não há estrelas, mas não há solidão. Em um desses dias, lembrei-me dos momentos bons, das lembranças que guardo, e às vezes, só às vezes, eternizo. Lembrei-me duma dessas tardes que se não espera nada, mas as coisas acontecem, tinha a música alta direta aos meus ouvidos, a tequila me deixando tonta, e tinham eles, e nos abraçamos, formando uma roda, deixando a música nos levar, e eu sinto que flutuamos, como costumávamos fazer antes. Éramos em grande número, todos diferentes, e iguais, riamos, andávamos por ai sentindo-nos os donos do mundo. Éramos mafiosos italianos, ou às vezes crianças em playground. Dançávamos como se o mundo fosse uma festa, e para nós, era. Em uma dessas noites, que se tem que ir embora, com vontade de ficar, em meio aos abraços e despedidas, decidi, eles seriam eternos.

  

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Olha só, menino.

 Nem sei, menino, dessa sua pressa de viver. Vamos com calma, que a vida já está complicada demais, vamos tentando, um passo a cada dia, se não eu me atrapalho, sabe. Eu sei, eu complico as coisas, tenho essa mania besta de sempre querer mais, querer menos e nunca querer o certo, mas estou tentando querer você, do jeito que você é. Não sei porque você entrou na minha vida, quando já estava tudo uma bagunça, mas você tem acertado, menino, tem deixado meus dias menos chato, menos amargurados. Você tem me feito rir, sorrir, e pensar. E tenho pensado muito, você não faz idéia. Só tenho medo que seja igual, que você chegue e vá embora, como sempre acontece, ninguém me agüenta por muito tempo, menino, sou só essa chata que não se contenta com nada e sempre está de mudança. Gosto do seu cabelo, menino, e do jeito que você me distrai. Gosto de imaginar você e sua moto, e que o futuro pode ser melhor para nós dois. Você pode reclamar comigo, pode mudar os móveis de lugar, e fazer a barba no banheiro enquanto grito para tirar a panela do fogo. Só fique, fique porque o inverno chegou junto com você. Fique, porque eu não quero me lembrar de como as coisas estavam ruins antes. Fique, porque eu me sinto segura agora. Você tem me ganhado nos detalhes, menino, mas fique, fique porque o tempo está bom agora. 

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Milonga

É difícil menino, você se deixou levar para o outro lado, e eu me pergunto quem é você agora, depois de todo esse tempo, achando que te conhecia. Você entrou na minha vida, e parecia tão inofensivo, menino, quieto como quem senta num canto e fica sem fazer bagunça. Eu acreditei. (...) Sabe, menino, sinto falta de quem você era, com sua preocupação e a vontade de estar ao meu lado. Sinto falta do seu sorriso sincero, menino, e como ele conseguia me acalmar. Sinto falta do seu abraço, e de como o mundo parava de girar, em todos aqueles segundos que pareciam horas perdidas nos seus braços. Adorava perder o ar e o descompasso da respiração, toda vez que te via. Sinto falta de todo aquele sentimento, mas ele parece to pequeno agora, tão esgotado, querendo fugir do mundo e se abrigar no abraço mais próximo. (...) É triste, sabe menino, quando um sentimento acaba, mas o finalzinho é pior, é o saber que não se pode mais mudar, só aceita-lo. Que todas as promessas e lembranças estão ficando para trás, e tudo está mudando. Você pode dizer como está se sentindo no momento, e dizer o que vai fazer daqui pra frente, enquanto eu fico perdida nas linhas brancas, tentando transformar tudo em um final.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Veridis Quo

Mortes separam pessoas, no meu caso foi diferente, uma morte me levou até uma vasta gama de vidas, foi assim que ela chegou na minha.
É a menina que esquece de respirar para aproveitar as coisas mais simples que ocorrem paralelamente às ocasiões corriqueiras, pessoas desse gênero estão se extinguindo desse plano, é por isso que prezo pela sua amizade e mante-la sempre perto, como uma FAMÍLIA.

- Davi Araya

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Evaporar - As 505 lembranças

 Ouvíamos a música, enquanto deitava no seu ombro e você me abraçava, conversávamos, e eu não conseguia parar de sorrir, e era sempre assim quando eu estava com você. Abracei-te forte, como quem tenta matar tudo o que se sente em um único abraço, e me perdi no seu perfume. Gostava do seu cheiro, menino, você não sabia, e eu tentava não me perder na sua nuca. Lembra da sua blusa, aquela que esqueceu comigo, e eu nunca mais quis devolver? Ela tinha seu cheio, menino, dormia com ela, e era como se você estivesse comigo. E quando você foi embora, seu cheiro continuou, aquele perfume que eu amava, grudava em mim e você estava lá, de uma maneira ou outra.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

A japonesa

 E me pergunto quando foi que ela se tornou importante pra mim. Talvez seja quando me preocupava em ser foco de briga e reparei nela, a garota do batom vermelho. Gostava daquele colar do Jack, e lembro que foi sobre isso nosso primeiro assunto. Lembro de admira-la sem mesmo conhecer, e então encontrei-a, conversamos sobre muitas coisas, gostei dela, como quem faz o primeiro amigo no jardim de infância. Ela era diferente, mais jovem que eu, mas sua cabeça ia muito além disso, ultrapassa os 25 anos, e admiro sua maturidade de mulher crescida. Ela, segura de si, ia muito além do que podiam enxergar, andava decidida, como quem sabe para onde ir. Ela era forte, sem medo da vida, sem medo dos obstáculos, guardava pra si os problemas, e sorria, brincava, e me fazia rir. Admiro-a, ela me da forças, mesmo que não saiba. [...] Ela sempre esteve lá, pra me apoiar, ela fez eu superar meus medos, quando nem eu sabia que podia. Ela me faz bem, e me sinto a pessoa mais sortuda do mundo por ela confiar em mim. Admiro-a, por tudo que ela é, como um exemplo a se seguir, e não importa o que aconteça, sempre estarei lá por ela.  

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Minha paz - As 505 lembranças

 O acaso é estranho, sabe, eu estava confusa ainda, e o vi, distante, meu coração foi na boca, acelerado, e disseram que meus olhos brilharam, talvez. Ele estava do outro lado, e sorriu, e eu desejei não tê-lo encontrado, estava com vergonha, mas ele veio até mim, e conversamos, ele foi embora, e eu não sabia o que sentir. Depois o reencontrei, olha só como são as coisas e então ele se foi, novamente, e me abraçou, aquele abraço que te faz fechar os olhos, e achar que o mundo parou. Desejei com todas as minhas forças que ele não me soltasse, e então não me senti mais confusa, era um abraço apertado, típico dele, mas aquele foi o melhor abraço do mundo.   

Eu me lembro - As 505 lembranças

O trem havia parado, e descemos, ele estava sentado, de costas e então se levantou. Não lembro o porque, mas eu esqueci de respirar naquela hora, foi a primeira vez que o vi, me encantei, assim de cara, como quem se apega ao incerto. Estava envergonhada, e ele sorriu, o trem havia chegado. 

Fim do dia - As 505 lembranças



 E ele fumava aquele cigarro, distraidamente, e eu o observava, disfarçando, quando os olhos dele encontravam os meus, era só o medo de me perder, e mantinha distância segura, olhando para a rua e os carros. Ele jogava as cinzas no chão, e elas iam com o vento, deixando a fumaça ir embora também. Uma tragada, como se o cigarro fosse a coisa mais importante do mundo, ele me olhou e sorriu, e foi o sorriso mais bonito que eu já vi.

Segunda Feira

Você foi, foi embora, assim, como quem escolhe um caminho melhor e vai, só vai, e eu? Permaneci, só permaneci, com um grito preso na garganta, ecoando pela alma. E eu pergunto; O que eu faço com o que sobrou de nós, menino? Foram tantas promessas, tantos abraços e tantos sonhos. Você disse que seria para sempre, e eu ingênua, acreditei, porque quando eu olhava nos seus olhos, pareciam verdades. Ainda lembro do seu sorriso, e isso machuca minha rotina, você está longe agora, e faz o passado parecer séculos de saudades, perdidas em 4 dias. É só essa vontade de ir atrás de você, mesmo depois de todas as tentativas de te parar, mesmo depois de todos os pedidos; “Fica?” e você não olhou pra trás. Você não precisava ir embora, menino, era só esquecer os problemas lá fora, deixar eles lá com a chuva, você não precisava se preocupar, porque você estava comigo, e nada mais importava enquanto suas mãos se entrelaçavam nas minhas. E o que sobrou foram só as milhares de coisas de quais irei sentir falta, e é só essa saudade que insistiu em ficar aqui fazendo frio, nevando dentro de mim. Seu medo era que eu fosse, e veja só, nos perdemos em uma dessas esquinas que a vida costuma deixar, e eu fiquei aqui, perdida. 

domingo, 26 de maio de 2013

Codinome Beija-Flor


 Não sei o motivo de te escrever agora, talvez seja só mais um impulso de dizer tudo o que eu sinto e mesmo assim deixar mais um texto guardado no fundo de uma gaveta, pra ninguém ler.(...) É que nada mais tem feito sentido, e faz tempo, desde a primeira vez que te vi, lembra? Você não sabe, e talvez nunca vai saber, mas eu me esqueci de respirar naquela hora, quando te vi pela primeira vez. Faz tempo garoto, mas parece que mesmo depois de tudo, talvez eu nunca tenha te esquecido de verdade, parece que as coisas continuaram desde aquele dia na estação, até hoje. Lembro de como uma mensagem me alegrava e conversávamos tanto e mesmo não querendo, te afastei de mim, mas que chances eu teria?
 E depois de algum tempo você reapareceu, me trouxe de volta alguns sorrisos que só você conseguia tirar. E você me deixou confusa, e me arrependo de não ter te impedido de ir, ao invés de prometer esquecer. E não esqueci, mesmo fingindo, mesmo querendo. Tentei focar em outras pessoas, mas por que eu me lembrava tanto do seu abraço? Por que ninguém conseguia me fazer sorrir do mesmo jeito que você? Não sei, mas sei que te incomodo, com minha preocupação exagerada e esse ciúmes sem sentido, mas ta tão difícil esconder sabe, fingir que está tudo bem. Eu sei que estou errada por gostar mais de você do que já gostei de qualquer um. (...) Você nunca vai saber de como meu coração se esquece de bater e parece que vai explodir toda vez que você me abraça e eu tenho essa vontade louca de dizer “não me solta mais, fica aqui comigo.”, mas fico em silencio, porque sei que não tenho esse direito. Sabe eu ainda me esqueço de respirar, toda vez que te vejo. Eu sou essa parte errada, que não faz sentido e eu sei, deveria ser a melhor amiga que só apóia, mas nem isso eu tenho conseguido fazer. Desculpa ser assim pra você, ser essa metade que não se encaixa em lugar algum e mesmo assim te quer pra ela, como se tivesse direito de querer alguma coisa. Talvez o amor exista, e talvez eu sempre estive errada.


quarta-feira, 15 de maio de 2013

Se tiver que ser na bala, vai.


Como se a estrada que estava seguindo fizesse parte do seu corpo, ela foi. O vendo batia em seu rosto, e ela sentia mais que isso, era aquela liberdade que muitos queriam, era a estrada sendo vencida, como um sonho alcançado. Uma parada, um bar, um posto de gasolina, mas tudo continuava. O volante, o banco, o acelerador, era como se fizesse parte do carro, por tanto tempo que esteve lá. Via o sol, a chuva, as montanhas e o mar, e não era o bastante, ela queria viver aquilo, tomar conta do mundo. Uma curva, um caminho, uma placa. Não sabia para onde ir, só estava indo, e isso não era tudo. Como quem está sempre de partida, com as malas no bagageiro, pronta para um adeus. E ela ia, quem conseguiria impedir? Virou mais uma esquina, como quem vence a próxima barreira, chegava em seu destino, e logo virava ponto de partida. Essa era a vida, esse era o mundo que ela queria abraçar, e ela conseguia. Em um desses dias que o sol se punha no horizonte percebi, ela estava certa. 

sábado, 11 de maio de 2013

Quarta Parada


 Divagava uma cena que nunca iria acontecer. Nesse devaneio, encontrei uma história de vida sincera que eu sempre esperei ouvir.
Começara a ser indagada sobre a hipótese de ter uns trocados ali comigo. Sentada numa toalha xadrez sobre a grama, ofereci-lhe o que comer e a minha atenção. Dissera-me que era mais do que o suficiente. Foi então que sentou-se ao meu lado e não se deu ao luxo de se sentar sobre a toalha clichê de piquenique.
Nosso diálogo nasceu a partir da seguinte pergunta: “Como é que te ajudo?”. “Conta-me algo sobre a sua vida”. Ele se mostrou um tanto surpreso. Mas a verdade, ambos sabiam; ele, na rua, no frio, sozinho, vivia mais do que a moça que lhe imaginava. “Quero escrever sobre você”. “A moça escreve livro, é?”. “Não, não posso e nem sei como é que se faz. Só brinco que sei. E não se vende o que é sincero...”. Ele conhecia, entendia o mundo.
Ele parecia procurar a palavra certa para começar. Ajeitei-me como se ajeita quando se o ouve o anúncio de que o espetáculo vai começar. “Não sei quanto tempo faz, sabe moça, só sei que faz tempo. Eu era garoto, gostava de brincar na rua e ir atrás de pipa, não queria saber de estudar não, moça.”. E parou como se procurasse o passado em meio as nuvens. Perdeu-se num olhar. “Está aqui a muito tempo?” Perguntei, com esperança que a história não se perdesse. “Não, cheguei aqui há 2 anos. Morava lá na 28 de Maio, a ponte principal.” Sorriu e continuou. “Esteve sempre sozinho, foi?”. A minha curiosidade inocente nunca soube se controlar. “Eu já tive família um dia. Dessas famílias que ninguém deveria abandonar, mas a gente nunca sabe disso quando tem.” Ele se perdeu, deixou perder. E aquela dor, eu trouxe comigo, como souvenir de uma boa história.

- Com Júlia Recieri

Família


 Eu não gostava dela, mas tem gente que a gente acaba amando sem nem mesmo perceber. Porque é gente que amar é consequência. Uma consequência que quase não se nota, que se aceita, que é o melhor presente de uma vida. Você ama, um amor que parece estar contigo a sua vida toda.

 Menina magrela, assim como eu. De longe, já me aguardava de braços abertos para um abraço. Um desses abraços que se pede bis. Não havia recepção melhor que a dela. Ela irradia o que há de melhor. Doce, e não há ninguém no mundo como ela, que denotava simpleza, e que sabe ser. E dentro dela continha mil coisas gritando para sair, e ela deixava. Sem timbre ou ritmo - apenas deixava. Tagarela, tanto amada.

 Tomava-me pela mão e me levava consigo, e eu me deixava levar, eu queria ser levada por ela! E quem não queria, tolo era.
Mas, num desses finais de tarde, que deve-se dizer adeus quando se quer ficar, eu a vi, já um pouco distante, com sua portentosa mochila, na qual ela carregava o mundo, indo embora sem mim. Andava decidida, como alguém que havia escolhido um rumo. E no banco frio, eu só pensava em ir com ela.

Para a minha pequena Ohana, que eu tanto amo.



- Por Júlia Recieri



sexta-feira, 22 de março de 2013

Quando Acabar o Maluco Sou Eu


E se morresse?
E se tudo tivesse seu fim?
E se.

 Tenho angustia de saber que posso perder meu fôlego e não acordar pro amanha. Tenho ânsia pelo viver, à vontade de valer a pena meu existir, e isso também me tira o fôlego. Quero liberdade para voar e ter um mundo tão grande e não ter vivido ele, é injusto!

Então penso no conceito de felicidade, engraçado, não? Uma palavra carregar tanto peso e tanto querer. Mas, a felicidade é momentânea, vem e vai, dona de si mesma. Pode se conquista - lá todos os dias, e ela ingrata, te deixará sozinho na esquina mais próxima. Engraçado o conceito de pessoa feliz, não? A tão idealizada vida feliz que sonhamos na madrugada fria da nossa rotina quando não se tem nada. Creio talvez, a vida seja feita de momentos, e no final das contas o que lhe dirá se você teve uma vida feliz seja que os momentos felizes tenham sido maiores que os de tristeza. E no final das suas contas, o que teria sido sua vida?

Gosto do anoitecer, gosto da liberdade que ele nos trás enquanto podemos ver o sol se esconder aos poucos e colorindo o azul-laranja para escuro ofuscante. Me sinto livre com as estrelas que dão o ar de sua graça aos poucos. Gosto de saber que um dia não me arrependerei dos dias em que a dor nos ossos era grande, mas não maior que a vontade de voltar para a noite e continuar dançando. E danço, me agarro no escuro do céu e me deixo ser conduzida, e quem não deixaria? Aquele momento que o som entope seus ouvidos e mexe com o seu cérebro e você não tem mais controle sobre nada. Gosto disso, de perder o controle dos pés e conceder a honra de mais uma dança.

Não é difícil ser feliz, Zé. Vai lá, se agarra na esperança e no riso. A vida é engraçada, Zé, se parar para perceber. Mas é muito mais fácil ser triste.

E se o mundo acabasse hoje, de quantos momentos felizes sua vida teria sido feita?
E se.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Pro Dia Nascer Feliz


O telefone não toca e você não sabe qual o sentido do silencio quando o que se precisa são palavras de consolo. ''Você está bem?'' e talvez meu dia acabaria em lagrimas e eu te diria tudo, 'não, eu não estou bem'' mas ninguém entende a fragilidade de quem sorri o tempo todo e se faz de humano forte que não precisa de ninguém, mas eu preciso. Eu me mantive vazia e ninguém soube preencher o espaço. Porque de decepções o mundo está cheio e eu tenho colecionado todas elas. (...) Preciso de junho pra me sentir mais leve. Não quero mais o suor das noites sem cobertor enrolada só nos medos que eu mesma criei. Preciso de um cachorro e dos latidos de quem te entende pulando no seu colo. Preciso de mais açúcar para a vida parecer mais cinza e tempestuosa em uma cena romântica de cinema. Preciso de um abraço, daquele que talvez seja o pior abraço do mundo e mesmo assim, meu abraço preferido. Ando precisando demais de muitas coisas, enquanto ficar olhando para o teto parece melhor que agir. Sair da comodidade e ir voar com a vida? Não, obrigado. Ninguém precisa sair do seu mundinho de rotina e preocupação para ver que o mundo é melhor do que isso. Agora vamos continuar aqui e bater palmas pra quem tem coragem.

 Ser criada sozinha me fez depender de carinho para me sentir bem. Mendigo atenção e acho graça quando percebo que não preciso de afago para me manter em pé. Gostar demais das pessoas me fez perceber que eu gosto menos de mim, que vou me anulando por sorrisos, e encho o mundo com desculpas que ninguém se importa.

É preciso coragem para viver e o mundo está cheio de gente covarde. E toda essa covardia vai enferrujando as engrenagens, porque ninguém mais é de verdade num mundo em que ser de verdade também é preciso coragem.(...) Estive fria e sozinha por muito tempo, acreditando que o problema fosse eu, mas talvez o problema seja só o mundo, afinal. Um universo tão grande e ficar só na escuridão de um apartamento prece um absurdo! Preciso dos amores de junho, fevereiro quente já está me fazendo mal. 

terça-feira, 5 de março de 2013

O lado escuro da lua


 Minha insanidade grita, me enche, transborda e ainda sim me deixa vazia. A loucura está presente e não sei mais quem eu sou quando encontro meus olhos no espelho. De que lado estou? Quem é a louca que tenta comandar tudo em mim? Não sei, e tenho medo de não me encontrar mais. Mas quem saberia do que eu estou falando, quando nem eu mesma sei?

Quero calar com todas essas vozes que me fazem pensar o que não quero. Quero que todos os pensamentos que não são meus parem. É toda essa desconfiança, todos esses pensamentos que não deveriam existir. E talvez seja só porque eu amo as pessoas, e tenho medo de me magoar. E isso enlouquece. Se eu não controlo minha mente, como posso controlar a mim mesma? E se eu perder o controle e acabar louca e com medo de tudo?

São perguntas demais, e isso também me enlouquece. E eu entendo você Clarisse, mesmo com toda a melodia, eu sei a tristeza por traz da música, mesmo não tendo 14 anos.(...) Não sei do que eu preciso para estar no controle, e isso vai me descontrolando ainda mais. O mundo está cheio de pessoas mal incompreendidas, solitárias e problemáticas. Todos tem problemas, todos guardam sua complexidade em seu intimo, quem sou eu para não conseguir fazer isso também?

Quero a liberdade que me sufoca, quero o risco que me assusta, quero a vida que me condena. Quero voar, por favor, devolvam minhas asas.  

segunda-feira, 4 de março de 2013

O anjo mais velho

 Não sei quando começou, mas já tem tempo e faz doer. Minha cabeça está uma bagunça, não sei o que é, mas espero que não tenha voltado a ser como antes. Você reapareceu garoto, num piscar de olhos, e já está bagunçando tudo novamente. Mas eu não conseguiria te deixar ir embora dessa vez. Você tem tirado meu sono garoto, e me pergunto, se toda essa preocupação contigo tem motivo. Talvez não, só não quero que nada tire seu sorriso. Você me deixa confusa, garoto, e tem me feito falar sem pensar e sentir coisas que não quero. Vêm, me abraça forte e diz que tudo vai se resolver e que ficaremos bem. Eu só preciso que você continue me fazendo rir como sempre fez. Continue aqui, para abraços, carinho nas mãos ou só por estar. 

sexta-feira, 1 de março de 2013

Ela roubou meu caminhão


 Não tenho muito que dizer delas, apenas que as amo incondicionalmente. Lembro de toda a minha ilusão de rivalidade enquanto elas caminhavam no meu encalço com pequenas tentativas de furto. Como nunca notei as risadas que hoje me contagiam tanto? Não sei, mas queria ter as conhecido antes. (...) Elas me aconselham e me fazem pensar. E não me admira, quando percebo que elas sempre estão certas. Eu as admiro e não sei o que seria de mim sem elas. (...) São diferentes uma da outra, e são tão iguais ao mesmo tempo. Elas têm um brilho, individual de cada uma, que aproxima as pessoas, que as fazem querê-las por perto. Sei como é, e é diferente quando as conhecem de verdade, quando elas passam de garotas misteriosas que riem de tudo, às melhores companhias que se podem ter. Vejo o nosso futuro, adultas, velhas e loucas. E eu espero que continuemos juntas para sempre.  

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Café a dois


 Pois vá embora. Aproveita que suas malas ainda estão feitas, aproveita que o café ainda está quente, só vá embora, por favor. Eu sou o problema, querido, eu sou essa bagunça toda que você ainda não percebeu e que eu não consigo arrumar. Eu não sei ter relações humanas e isso me afasta das pessoas, eu estou sozinha e este é o motivo. Alguém se aproxima e quando percebo que pode dar certo, minha insegurança toma conta. “Estou bem assim” e me afasto. E sempre acabo triste e com medo de acabar sozinha no final. Minha carência se basta, querido, só preciso de um abraço e um elogio sincero, só preciso de um travesseiro e de uma cena romântica. E no final das contas eu não sei o que quero. Quero que você fique, mas tenho medo de ser só pela solidão que não se bastou. Quero que você resolva minhas crises, mas sei que isso é demais para qualquer um. Só preciso de tempo e espaço, e sei que você não pode esperar isso, alguém que não sabe aceitar e ser feliz. Eu estou sempre de partida, querido, gosto de mudanças, e tenho medo que em um desses caminhos eu te deixe para trás. Então vá embora, não se acostume com a minha loucura, ela faz mal até para mim. Só me deixa aqui, com as minha inseguranças de quem não consegue existir para ninguém, com as minhas duvidas que não geram contato nenhum. Você não me merece, querido, porque você já tem muitos problemas, muita gente envolvida, muito sentimento. Eu posso continuar aqui, e te ouvir, te aconselhar e morrer de preocupação. Me queira no seu abraço, só não me leve com você. Eu preciso de você, querido. E talvez seja só medo afinal, mas tentar deixa tudo mais difícil.  

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Asleep


Querido amigo
Sinceramente, não sei ao certo o que escrever. Não consegui dormir direito essa noite, e nos poucos minutos em que adormeci tive um sonho estranho. Não me lembro como foi, apenas sei que havia uma garota, e ela dançava incessantemente boas e velhas melodias de rock n' roll. Essa garota do sonho me fez recordar de uma que conheci há muito tempo atrás. Mas saiba que ela está presente ate hoje. Talvez mais presente que a maioria. Você adoraria conhecê-la, se pudesse. Tenho receio de descrevê-la. Não porque eu não saiba como, mas porque acho que não ha palavras suficientemente boas para isso. Ela é daquele tipo de pessoa que possui luz própria, entende? Aonde quer que ela vá, ela irradia a sua luz e ilumina a todos com sua presença. Ela é do tipo que, se vê-lo cair a primeira coisa que fará é estender sua mão e reergue-lo. E quando está feliz ela tem o habito de falar o tempo todo e só pára para recuperar o fôlego. Mas sabe, eu gostaria que ela acreditasse um pouco mais nela mesma. Ela vê tanta qualidade nos outros mas as vezes se nega de ver as dela. Será que sua própria luz a cega? Acho que não seja esse o caso, ela é boa demais para isso. Lembro-me de quando a vi, ela estava sentada, de costas para mim, e eu estava tão feliz por vê-la. Lembro-me de seus abraços sufocantes e sorriso sincero, do tipo que reflete nos olhos. Ela tem estado presente em minha vida desde o primeiro minuto em que entrou nela, e nunca mais desapareceu. Mesmo que esteja distante, eu venho acompanhado seu crescimento e sei o quanto amadureceu. E eu me orgulho disso. Ela, a garota dos sonhos. Que dança, sorri com os olhos, e fala bastante. Que tem o dom de usar as palavras e tocar seu coração. Ela, minha melhor amiga, e também minha irmã.
Com amor, L.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

25 - De volta pro futuro


 Estava lá enquanto os trens passavam, conheci-o. Estava envergonhada, talvez não tivesse notado. Não sabia direito o porquê, mas tu me encantou menino. Falei contigo, e tu era exatamente o que eu achava que poderia ser, mas hoje eu sei, és muito mais que aquilo. As coisas não foram como eu planejei, ajudei-o e desencantei, mas sei que talvez hoje, és muito melhor do que era para ser. Conversávamos e conversávamos, gostei de ti, menino, mas diferente de antes. Não sei direito quando, mas tu passaste a ser importante no meu dia a dia, aconselhava-te, me preocupava e ria, quando não aceitava minha preocupação. Tu me faz rir, menino, e se pudesse acabaria com suas dores para ser feliz sempre, e me deixar feliz com seu sorriso. Porque conheço teu coração, e sei o quão grande é, e como tu és incrível. Fique comigo, para abraços apertados e esmagadores ou quando não tiver mais caminho para nós. Só continue aqui. 

Sobre árvores e xícaras de café


 Minha cabeça está cheia, e fica pior quando tudo parece domingo e a chuva cai do lado de fora. Quando você se sente cansado, mas seus olhos continuam abertos, fazendo você pensar, e pensar. Não tive sono, só uma vontade insuportável de não existir até às 11h. Estive lendo cartas, das 6h às 20h e meu cérebro continua nelas. Charlie analisava pessoas e divagava sobre elas, se dispersava fácil e as coisas eram difíceis.  Eu entendo o Charlie, essas coisas acontecem comigo. E eu passei horas deitada enquanto ouvia a chuva e falava sobre árvores sem me sentir confusa enquanto tomava uma xícara de café e pensei em como eu me senti feliz antes, em como corremos da chuva e ela mesmo assim nos molhou e o quanto falávamos alto e riamos porque estávamos juntos e tudo parecia engraçado. Pensei em como havia tantas pessoas e em como as coisas foram iguais a um ano antes e sorri pela fotografia ter dado certo. E lembrei dos abraços que mataram saudades e o abraço que esperei por 7 anos e me fez ficar ansiosa na praça de alimentação. E você tem as pessoas certas do seu lado e não consegui parar de sorrir, e você não se sente sozinho. Charlie tinha razão, quando estou com eles eu sinto, nós somos o infinito.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Come On Eileen - She is infinite.


Eu a conheci assim, por acaso, como quem entra na sua vida sem pedir licença. Ela não pediu licença, arrastou uma cadeira, sentou ao meu lado, e ficou. Ficou por muito tempo, e ainda está lá. Ela me dá forças, irradia dela, mesmo sem ela dizer nada, mesmo sem ela saber. Ela é forte, mesmo que às vezes desmorone, mesmo que as vezes finja que não. O sorriso dela ilumina, esbanja segurança, mesmo que ela às vezes não acredite. Eu a vi amadurecer ao decorrer dos anos, ela cresceu e eu senti, mesmo sem ter acompanhado de perto, mesmo com os olhos distantes. E ela amadureceu e eu me orgulho dela, mais que de mim mesma. Ela, tão menor que eu, a esmagava e um abraço apertado, tentando expressar em como me sentia em vê-la. Ela não pediu licença, arrastou uma cadeira, sentou ao meu lado, e ficou. E eu a agradeço, eternamente.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Santa Maria

  Eu não estava lá, mas eu sinto. A música alta, as luzes, a bebida. A empolgação por estar com os amigos festejando, ou talvez aqueles que estiveram lá apenas por estar. A euforia da juventude. Juventude? Crianças sem culpa pelo destino. (...) Uma apresentação e tudo caiu pro terra. As luzes começaram a queimar. Gritos calados em meio ao caos. (...) Talvez eu estivesse lá, talvez alguém que eu ame estivesse, e isso faz doer, porque o desejo do ‘não estar’ e o arrependimento das famílias me atinge também.
 Dói pelos que não conseguiram cruzar a saída. Dói pelos que mal tiveram tempo de perceber. Pelos que tentaram. Pelos que sofrem lá fora. Duzentos e quarenta e cinco gritos calados, numa multidão enlouquecida pelas chamas.